CAPÍTULO 23

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( 🎶 Charlie Brown Jr. - Pontes Indestrutíveis)

Gesso era a pior coisa do mundo

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Gesso era a pior coisa do mundo. Aquela coisa branca coçava, irritava e me deixava longe da coisa que eu mais gostava de fazer: Andar de skate.

De acordo com a enfermeira do postinho, eu ficaria de molho em casa, andando de muleta por uns vinte dias, o que significava que eu não conseguiria fazer as últimas provas, muito menos ir para a escola nas duas últimas semanas antes das férias, sendo obrigada a ficar presa nas dependências da minha casa. Isso poderia soar deprimente. Ficar deitada na cama encarando o nada enquanto meus pensamentos criavam raízes internas em mim, entretanto em parte isso era muito bom, assim eu não precisaria ver a cara de ninguém, nem lidar com cochichos pelos corredores.

Seriam basicamente vinte dias de uma distância obrigatória e necessária.

— O show hoje foi cancelado.

A informação de Luís não desviou a minha atenção do rabisco de Analu no gesso. Minhe amigue parecia rabiscar uma espécie de ET skatista na região próxima a minha panturrilha.

— Quer dizer, o trio ternura ficou falando que a Mabel e a Camille haviam discutido sobre alguma coisa.

Queria não sentir mais nada, mas só a menção do nome da guitarrista, foi suficiente para revirar a boca do estômago.

Desviei a atenção para os olhos castanhos de Luís sentado no tapete do meu quarto e ele estava louco por uma palavra minha.

Como Carolina só entraria de férias no final da semana, minha prima Dandara ficou com a difícil tarefa de encarar o diretor Sérgio. Ela chegou ali falando que as minhas notas nos testes não foram nem tão ruins, nem tão boas e que o diretor resolveu que iria utilizar alguns dias das minhas férias para que eu fizesse as provas.

Sinceramente, eu jogaria tudo para o alto só para não entrar naquele colégio de novo.

— Legal. — resmunguei fingindo desinteresse e tendo para mim três pares de olhos surpresos.

— Legal, Nicole!? — Ceci retrucou com o cenho franzido.

Ela e Luís estavam no chão sobre o tapete e eu sentada na cama, com o gesso esticado na direção de Analu, ajoelhade no tapete e apoiade no colchão.

— O que eu tenho pra falar? — dei de ombros. — Mabel falou na minha cara que não sentia nada por mim, então foda-se tudo isso. — Analisei o desenho, só para não encarar minhes amigues.

— Então é isso, acabou?

Nalu me encarou, parecendo nem um pouco satisfeite com aquela resposta.

Acho que no fundo nem eu estava, entretanto aquilo só me fazia mal, e alimentar um sentimento existente só em mim era ruim demais.

— É. — concordei com a cabeça.

Elus haviam aparecido lá em casa naquele Sábado para me fazer companhia, jogar conversa fora, falar sobre qualquer coisa, mas era surreal a capacidade das coisas do coração sempre ocuparem espaço entre nós.

⚢| Eternas Canções dos Anos 90Onde histórias criam vida. Descubra agora