CAPÍTULO 06

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Eu era uma idiota

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Eu era uma idiota. Não uma idiota normal, mas uma idiota em um sentido estratosférico.

A foto de perfil de Mabel era dela tocando guitarra em algum show. Seus cabelos estavam soltos e o sorriso fácil em seus lábios. A guitarra preta a tiracolo era totalmente dela, quer dizer, combinava com ela. Sabe quando você vê algo em alguém e pensa: "Caramba, se não fosse assim não seria ela?"

Pois é,era assim com a Mabel e sua guitarra inseparável. A mensagem dela ficou flutuando e eu demorei mais tempo que o necessário para responder. Quer dizer, o que falar?

Pensei em ser sincera e dizer que eu menti, ou melhor omiti que não havia entendido também, mas isso acabaria gerando outras perguntas que envolveriam sentimentos e que eu realmente não queria tocar no momento.

Para a Mabel eu era só uma colega de turma, diferente do que ela era para mim. Porra, eu parecia uma psicopata.

Por fim, afastei toda essa bagunça e enviei uma figurinha do rosto de um gato vestido com saia. Foi estúpido, eu sei, mas ela enviou outra de um cara gargalhando e logo depois disse que havia salvado a figurinha. Respondi com uma menininha fazendo joinha. Mabel visualizou e acabou por aí.

Estava realmente dando um passo imenso e na próxima esquina eu poderia jogar tudo em um abismo. Entretanto, na outra ponta dessa loucura havia uma provável solução, mas que trazia em si outros tantos sentimentos.

Eu cresci a duas casas de distância da casa de Cecília e entre nós duas, do outro lado da rua morava o Vinícius. O meu vizinho era uns três anos mais velho do que nós duas, mas foi o principal influenciador das minhas aventuras skatistas, que influenciaram a Cecília e acabou nos levando até Analu. Durante os quase quinze anos que morei pertinho dele, Vini acabou se tornando um irmão que eu nunca tive. Sério, ele era o cara que me dava conselhos escolares e quando comecei a ter desejo por certas garotas na escola, ele, junto com es menines, foram os que mais me ajudaram a me entender.

Nunca ia conseguir esquecer dessas coisas, mas quando precisei dele alguns meses atrás, Vini acabou fazendo exatamente o que eu não queria que ele fizesse, mas sim o que eu precisava.
Eu estava literalmente no fundo do poço. Sabia disso e não queria ele contando tudo para a minha mãe, tanto que foi para ele que eu liguei quando estava naquele bar nos arredores da cidade, colocando quase o meu intestino pra fora.

Sei que pode parecer o certo, afinal eu ainda sou de menor e tudo o que acontece comigo influencia a minha mãe, mas depois que Dona Carolina soube o que estava rolando, tudo se tornou um grande inferno. Nossa relação nunca foi boa e ficou ainda pior depois do "empurrãozinho" do Vinícius.

Acabei discutindo com ele, cortando todos os nossos laços e semanas depois ele recebeu a notícia de que havia entrado para a Marinha, e aos vinte anos acabou se mudando para Pernambuco, levando na sua mala todos os nossos anos de amizade.

— Não acredito que você fez isso! — Luís murmurou ao meu lado.

Desviei o olhar de Charles Chaplin projetado no quadro, para a surpresa estampada no seu tom acastanhado. Luís estava quase caindo da cadeira só para dar a mim o seu estado de choque.

⚢| Eternas Canções dos Anos 90Onde histórias criam vida. Descubra agora