Nicole tem uma paixão e ela se chama Mabel Fernandez. A guitarrista da banda mais falada da cidade, despertou sentimentos no coração fatigado da skatista e agora, cheia de passado conturbado, Nicole criará coragem para se permitir amar quem te ama d...
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O início do circuito de street park era a parte mais insana. Quer dizer, eu não estava com medo, aliás o único lugar onde eu não sentia qualquer medo ou receio era na pista, com os dois pés sobre o shape. E naquela extensão pista, desci a mini rampa e tomei impulso, erguendo o shape para realizar um fifty-fifty sobre o corrimão. Atingi o chão e arrisquei um Ollie sobre um funbox no meio do caminho, terminando do outro lado, no fim do circuito, pisei no tail, trazendo o shape para os dedos.
Naquele Domingo à tarde, o Clube Vagalume disponibilizou todo o circuito de street park e a sua imensa Bowl para todos os skatistas da cidade. Não é como se o clube ficasse sempre fechado, mas o Ben preferia manter o espaço seletivo, na tentativa de conservar aquele lugar.
Olhei para trás, vendo Nalu arrasar no Gazelle Flip sobre o funbox, antes de subir e descer pelas pequenas ondulações até mim.
— Arrasou. — Bati na sua palma, compartilhando sorrisos com elu.
Aquele espaço estava cheio, pulsando barulho de rodinha e alguma música eletrônica. Era como se realmente toda a galera da praça tivesse combinado para ir ali, afinal quem se negaria a arriscar manobras no Clube? A única coisa ruim naquilo era a ausência de Cecília. Nossa amiga acabou ficando todo o fim de semana na casa do pai e além de ter perdido os filmes de O Senhor dos Anéis na nossa sessão do dia anterior, ela também estava perdendo aquele momento incrível.
Eu e Nalu saímos do circuito, atravessando os bancos da arquibancada até o grupinho composto por Lana, Darlan, Joca e o tal Gui.
— Por que que eu não consigo fazer aquele giro? — Darlan olhou para trás, gesticulando com os indicadores enquanto mantinha aquelas íris castanhas claras em Analu.
Minhe amigue deu de ombros sentando atrás dele enquanto buscava pela garrafinha na mochila.
— Já disse pra você prestar atenção no movimento dos pés. — retrucou por cima da música recebendo um suspirar dele.
Darlan negou com a cabeça, voltando a atenção para o vai e vem de skates na pista.
— Quer?
Tomei a garrafinha para os meus dedos, ocupando o espaço vazio ao seu lado. O tempo não era um dos melhores, mas debaixo das tranças soltas e da camiseta preta, eu parecia derreter de calor. Na verdade devia estar em casa estudando para o início das provas no dia seguinte, assim como o Luís disse que ia fazer naquele fim de semana, mas isso realmente não combinava comigo.
— Caralho! — Devolvi a garrafa para Analu, observando o olhar surpreso de Joca. — Olha isso! — Primeiro ele quase afundou o celular na cara do Darlan, sentado ao seu lado, que na hora, compartilhou do mesmo sentimento que ele.
