Segredos - Johnny Lawrence

Capítulo 8

As garotas que estavam conosco pareciam viver em um outro mundo.

Como aquele "passeio" poderia render tantos sorrisos e risadas se não saímos do lugar?

Durante a animação da vinda uma parte de mim se iludiu achando que iríamos em algum lugar além do tiro ao alvo.

Eles ocupavam praticamente todas as armas, tirando a arma do garoto de cabelos cumpridos que tenho quase certeza que está tentando se enturmar de alguma forma.

Sinto vontade de avisar que para entrar nessa turma ele precisa primeiro entrar para o cobra kai.

— A gente pode tomar um sorvete agora?— Perguntei alto para que pudesse ser ouvida, mas todos tinham mais o que se preocupar.

— Eu posso ir com você, Lizzy — O cabeludinho que eu não sei o nome se ofereceu.

— Cara — Meu irmão se envolveu antes que eu pudesse dizer algo — Se quiser mesmo andar com a gente precisa respeitar a regra.

Revirei os olhos apoiando meu braço sobre o ombro de Jimmy lamentando por ter perdido o paquera antes que ele pudesse ser meu paquera.

— Regra?— O garoto perguntou.

Tommy segurou sua arma e a apontou no alvo a sua frente, assim que disparou o alvo caiu e então ele sorriu para o garoto.

— Cobra Kai não fica com a minha irmã.

Alguém fica? Se é cobra kai não dá por ser amigo dele, se não for cobra kai são fracassados.

Eu sinceramente preciso arrumar meus próprios amigos assim podendo ter liberdade.

Se bem que fazer amigos leva tempo, esforço, as pessoas vão precisar confiar e gostar de mim. Quanta burocracia, as coisas vão continuar como estão pelo visto.

— Está me dizendo que por querer ser amigo de vocês e agora também treinar karatê eu não posso ser afim da sua irmã que é linda?— O garoto perguntou confuso — Para mim isso não faz sentido.

Ouvi a resposta de relance enquanto meus olhos pararam sobre um garoto que andava por ali meio perdido, Daniel.

Aproximei meus lábios do ouvido de Jimmy.

— Vou comprar um sorvete e já volto — Avisei sabendo que ele entenderia, não exatamente que eu iria atrás de Daniel, mas Jimmy entenderia que alguém precisaria inventar mais uma desculpa se essa ida demorasse muito.

Passei por trás da barraca e andei distraída até esbarrar mais uma vez no Larrusso.

— A gente precisa parar de se encontrar assim — Falei descontraída.

— Já é quase o nosso lance — Daniel disse tranquilo.

— Você parece meio perdido — Comentei.

— Acho que me perdi da Ali — Ele sorriu abertamente, o meu se fechou um pouco, claro que ela também está aqui.

— Tenho certeza que ela está por aqui — Eu não tinha muito o que falar.

— Jaqueta legal — Ele elogiou.

— Valeu — Ajeitei os cabelos lisos sobre meus ombros — Quer dar uma volta?— Ele está acompanhado— Pra ver se encontramos a sua garota.

Comecei a andar sabendo que ele me acompanhava.

— Ela não é a minha garota — Falou envergonhado — Parece? Ela te disse algo?

Esperei ele me alcançar e passei um dos meus braços por seu ombro mantendo seu corpo magricela perto do meu, encostei minha cabeça em seu ombro enquanto andávamos.

— Você não sabe disfarçar bem — Falei — Fica todo bobinho perto dela.

— Eu fico bobinho? Você está me zuando.

Virei o rosto o encarando e dei risada achando graça de seu rosto envergonhado.

— Um pouquinho — Fiz um sinal diminutivo com minha mão "livre".

— Um pouquinho o que?— Paremos de andar e Daniel se virou de uma vez, tirei meu braço de seus ombros e acenei para ela com um sorriso.

Ali Mills está segurando um grande algodão doce e não parece feliz.

— Que bom que encontramos você — Falei me aproximando dela, tirei uma lasca do seu doce colocando entre meus lábios e sorrindo sem mostrar os dentes — Eu estava prestes a dizer ao Dan quanto ele está fofo essa noite.

— Por que?— Ali perguntou estranha.

— Você não acha que ele está fofo?— Perguntei fazendo ela me encarar com raiva.

— Acho que a gente precisa ir — Ali disse após alguns segundos olhando para Daniel ela começou a andar na mesma direção que veio.

Encarei as costas dela até vê-lo correr como um cachorrinho atrás do osso para alcançar a garota.

Por um segundo senti vontade de ter um cachorrinho, mas passou em seguida.

— Me impressiona fofo ter sido o melhor apelido que conseguiu dar a ele — Johnny disse parando ao meu lado.

— Não gosto de apelidos idiotas — Expliquei — Já plantei a discórdia, quando vai começar a fazer a sua parte?

— Cada coisa no seu tempo, Liz — Virei um pouco o rosto podendo ver seu rosto sério encarando o "casal" que discutia pouco adiante.