Capítulo 13

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Acertei em cheio e sem intenções a lanchonete, conhecendo sem querer a senhora mãe do Daniel.

Uma senhora muito bonita e simpática, inclusive, passou alguns minutos conversando comigo e com o filho antes de voltar ao trabalho.

— Ela é uma graça — Falei observando a mulher discretamente.

— É, ela é ótima mesmo — Daniel disse um pouco sem graça — Mas, eu preciso te perguntar o porquê de você querer tanto sair comigo. Somos tão diferentes.

— Você mal chegou à cidade e já passou por muita coisa, me envergonho por não ter conseguido te ajudar naquele dia na praia ou então no jogo de futebol — O que não é mentira — Acho justo que você tenha uma oportunidade de mostrar que é alguém legal e se for como eu acho que é vamos fazer as coisas mudarem.

— Você é muito legal, Lizzy — Daniel sorriu — Posso te chamar de Liz?

Eu odeio Liz.

— Se eu puder te chamar de Dan.

Sorrimos juntos e recebemos nossos sundays.

Daniel me contou um pouco sobre como era sua vida antes de precisar se mudar pra cá e eu não tinha muito a contar então preferi mais ouvir do que falar.

O que eu ia dizer? Dizer que meus pais demoram a vir pra casa, que eles não ligam para saber se estamos bem e também não nos avisam quando virão ou por quanto tempo. Talvez eu devesse dizer que Tommy e eu nos viramos sozinhos desde que meu irmão completou 14 anos e foi nomeado o "homem da casa" sendo deixado responsável por mim.

Contar que minha família aparece para os grandes eventos e vende a imagem de família perfeita quanto na verdade é uma família dividida em duas partes.

Me assustei com o som de algo sendo batido contra o vidro do café.

— Droga — Daniel ficou tenso.

— Relaxa, não é com você dessa vez — Falei pegando minha mochila — É o idiota do meu irmão, vejo você amanhã?

— É, pode ser — Beijei a bochecha de Daniel antes de sair em passos apressados.

— Você só pode estar brincando comigo — Tommy perguntou sem paciência — Não me diga que gosta desse idiota.

— Não gosto.

— Então tá fazendo o que com ele?

— Você não me deixa ficar com os seus amigos, então eu resolvi apelar pros desafetos — Provoquei atravessando a rua para alcançar os outros.

— Você mentiu pra mim, disse que ia ao shopping.

— Você não é meu pai.

— Mas sou a única pessoa que notaria se você fosse sequestrada e desaparecesse, então não mente mesmo que vá fazer idiotices como sair com esse fracote.

— Tá bom, desculpa — Levantei minhas mãos me aproximando dos meninos — Bobby — Entrelacei meu braço ao dele — Pode me acompanhar até em casa?

— Vamos todos pra nossa casa — Tommy avisou não me deixando surpresa.

— Mas eu gosto da companhia dele, me deixa.

Segredos - Johnny LawrenceOnde histórias criam vida. Descubra agora