Capítulo 33

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Me encarei no espelho, cabiam duas de mim no moletom e o cabelo estava preso em um coque. A cada dia eu pareço mais acabada enfiada nesse quarto lamentando ser uma otária.

Eu estava feia como nunca estive, com olheiras e com o rosto amassado pela pressão constante do travesseiro.

Mas saber que a minha virgindade foi divulgada em um lugar cheio de garotos, apostada e muito provavelmente cobrada me faz querer chorar novamente. Me sinto fraca, usada, nojenta e descartável.

Talvez seja por isso que Jimmy não brigou por mim como eu esperava que ele fosse fazer, ele apenas apanhou do meu irmão e se foi, sem telefonemas ou explicações.

Como se tudo o que aconteceu antes daquela noite não fosse o suficiente para fazê-lo ficar.

— Até quando?— Me perguntei apoiando meus braços sobre os joelhos para encarar mais de perto meu rosto — Até quando você vai deixar que te abalem? Elizabeth, Lizzy para os mais próximos, não pode se deixar abalar — A idiota agora de aconselha em terceiro pessoa.

Isso claro porque não tenho uma amizade sequer para fazer isso, talvez porque eu tenha escolhido viver nas sombras do meu irmão durante toda a minha vida ou então por que não sou descartável apenas para os garotos.

— Otária — Me xinguei em voz alta antes de me levantar e deixar meu quarto para trás atravessando o corredor para o banheiro.

Não se passavam das 06:00 horas quando liguei o chuveiro e tomei um banho demorado levando um tempo para hidratar os cabelos, depilar as pernas e passar alguns sabonetes franceses. Eles não tomam banho, mas sabem caprichar na essência.

Vestindo meu roupão rosa voltei ao meu quarto onde enrolei algumas mechas de meu cabelo loiro com grampos, fiz uma maquiagem leve dando destaque aos meus cílios e espalhei um brilho labial com glitter por meus lábios, sorri, eu senti falta do cheiro doce de cereja.

Tirei muitas peças do meu armário de roupas antes de escolher o short jeans alto e o top branco de mangas cumpridas, além de por um milagre trocar meus saltos por um par de tênis.

Dei algumas voltas em frente ao espelho, a jaqueta do cobra Kai cairia perfeitamente sobre essa roupa, mas aquela academia de luta não me representa.

— Bom dia — Tommy me cumprimentou sem jeito ainda com o olho cheio de remela e com a calça de moletom que usa pra dormir.

— Bom dia — Cumprimento fechando a porta do meu quarto e trancando por fora.

— Ainda tá cedo, eu vou tomar um banho e a gente já sai.

Neguei.

— Eu vou andando.

— Vamos pro mesmo lugar.

— Bom, papai quis mimar você com carro e moto, então eu andarei a pé.

Dei as costas para ele, começando a caminhar tranquilamente pelo corredor.

— Betty, é longe, não seja teimosa.

Me virei ajeitando meus óculos escuros sobre meus cabelos loiros.

— Cuide dos seus próprios problemas, eu faço o que eu quero.

— Você ainda está nervosa, tudo bem, eu entendo.

Neguei.

— Você não entende, não foi a sua virgindade apostada e acobertada enquanto todos viviam normalmente a vida. Somos irmãos, eu não queria, mas amo você, mesmo assim isso não quer dizer que quero estar com você.

Segredos - Johnny LawrenceOnde histórias criam vida. Descubra agora