Capítulo 17

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— DANIEL — Gritei bem alto, atraindo sua atenção para o meu meio da pista — Isso é um chuveiro?— Perguntei sorrindo animada com sua criativa fantasia.

— Gostou? Tenho meu próprio box — Daniel fez graça dando uma voltinha desajeitada.

— Sim, é muito criativa — Observei os detalhes — Parece mesmo de verdade.

— Você está linda — O elogio me pegou de surpresa me fazendo desviar os olhos da cortina estampada para seu rosto — Pensei que agora fosse um bom momento pra dizer isso caso ninguém tenha dito, o que eu acho muito difícil já que você está realmente linda nessa fantasia, não que você não seja — Ele passou a dizer coisas sem sentido em um ato clássico de nervosismo.

— Obrigada — Sorri sem jeito, Daniel retribui por um segundo antes de desviar seus olhos dos meus.

Eu reparei bem quando suas pupilas dilatam e um brilho tomou conta do seu rosto, Ali Mills tem um efeito muito parecido com Daniel LaRusso e Johnny Lawrence.

— Deveria ir até ela — Não resisti em dizer — Tenho certeza que essa fina cortina pode dar um momento a sós para vocês dois — Brinquei.

— Não sei, ela está com as amigas — Daniel deu de ombros — Vai parecer que eu sou ridículo se eu for até lá.

— Vai parecer que você não se importa se não for.

— Não quero deixar você sozinha no nosso primeiro baile juntos, somos amigos, Liz.

— Eu vou precisar ir encontrar o meu irmão de qualquer jeito — Mentira, eu nem sei onde o Tommy está e não me interesso em saber — Vai lá, eu vou ficar bem.

Se Johnny me ouve falando isso, com certeza eu teria problemas, o nosso acordo é bem específico e eu devo apenas focar em deixar o Daniel e a Ali afastados.

— Ela tá olhando pra cá — Daniel suspirou — Volto pra ficar com você daqui a pouco.

Assenti vendo-o se afastar.

Me encolhi um pouco esfregando meus braços me sentindo muito sozinha, sorri quando fui abraçada de lado.

— Tá fumando o que pra vir me abraçar?— Perguntei ao Tommy o empurrando para longe.

— Uma muito boa — Sorriu — Eu só vim ver se você está legal, mas pelo visto não deveria. Vou procurar pelo Johnny, os bonitos estão por aqui, pode ficar perto deles se estiver sozinha.

— Vou encontrar meus amigos.

— Que amigos?

— O LaRusso.

Tommy tocou minha testa com o dedo indicador fazendo minha cabeça tombar.

— Não fale idiotices e vá procurar o Bobby.

— Vou dançar — Falei me afastando dele.

— Dance perto do Bobby, pedi pra ele ficar de olho em você.

Levantei minha mão mostrando meu dedo do meio.

Estava dançando junto com Ali e suas amigas  quando um chuveiro passou correndo diante de meus olhos ao ser perseguido por esqueletos.

— Acho que alguém batizou essa bebida — Falei olhando o fundo do copo após acreditar estar alucinando.

— Deveríamos ir ver o que está acontecendo — Ali disse preocupada — São muitos contra apenas um, não sabemos o quanto eles podem machucar o Daniel se conseguirem pegá-lo.

— Você fala como se fossem uns valentões covardes — Tentei defender meu irmão e os amigos.

— Não poderíamos ter usado palavras que os descrevem mais — O tom usado por Susan me fez encolher desconfortável.

— Anda, vamos — Ali como uma perfeita líder, tomou a frente sendo seguida por suas amigas.

Pensei por alguns minutos antes de percorrer o mesmo caminho que elas.

Demoramos até chegar onde estavam, talvez nossos saltos tenham prolongado a caminhada.

— Jimmy?— Chamei em voz alta o garoto que estava apoiado no muro encolhido, aparentemente com dor, me aproximei esfregando minha mão em suas costas — Você tá bem?

— Você viu o Dutch? Ele foi buscar o carro e ainda não voltou.

Neguei.

Os gritos raivosos da Ali do outro lado da rua.

— Respire fundo, eu já volto — Sorri para ele antes de me afastar.

Atravessei a rua podendo ver Johnny cabisbaixo enquanto levava uma bronca, sentados no chão próximos a ele estavam Bobby e Tommy.

A anos eu não via meu irmão chorar e a sensação de também querer chorar era a mesma de quando éramos crianças.

Bobby se arrastou para o lado quando me viu aproximar, Tommy secou o rosto ajeitando a postura.

— O que aconteceu?— Perguntei confusa.

— Aconteceu o que eu disse que aconteceria, eles o cercaram e agiram como verdadeiros covardes atacando um garoto que não tem nada haver com esse mundo de karatê que eles vivem. Poderiam ter machucado ele de verdade — Ali estava com tanta raiva que seu rosto estava vermelho.

— O Tommy pode estar com o braço quebrado e o que você consegue dizer é que estávamos erramos? Esse é o seu problema, você escolhe um lado e não vê os erros dele.

— Erros dele? Se o tal senhor não tivesse se envolvido, vocês teriam parado? Me diz Johnny.

Me sentei no chão ao lado do meu irmão e dei um sorriso sem mostrar os dentes.

— Eu odeio você — Ali disse quando Dutch estacionou próximo a nós — Tenho nojo das suas atitudes e espero que você mude se não quiser causar repulsa em todos que se aproximam.

Johnny estava de cabeça baixa quando as garotas se afastaram, voltando pelo mesmo caminho que viemos.

Me levantei usando minhas forças para puxar Tommy pelo braço bom junto comigo.

— A gente vai pro hospital — Avisei ao Dutch — Todos nós.

Jimmy ajudou Tommy a entrar no veículo, Bobby estava cabisbaixo e Dutch estava com raiva xingando baixo enquanto apertava com força o volante.

— Liz — Johnny me chamou.

— Elizabeth — O corrigi.

— Não posso ir com vocês, preciso muito falar com ela.

Neguei.

— Você envolveu o meu irmão nisso, envolveu todos nós nessa sua obsessão e pra que? Pra ter um minuto de atenção? Ali tem razão, você é de dar nojo Johnny Lawrence.

— Você não entende.

— Não quero, os verdadeiros amigos do meu irmão estão naquele carro dispostos a passar na noite em uma cadeira desconfortável de hospital pra garantir que ele tenha um bom atendimento sem questionar e você a pessoa pelo qual ele se arrisca só consegui pensar em se desculpar com uma garota.

— É o que você pensa sobre mim?

— É o que todos pensam — Me afastei — Mas que se dane.

Me afastei entrando no banco de trás do carro logo em seguida.

— Ele não vem?— Dutch disse encarando o loiro que olhava para o carro de longe.

— Alguém precisa ajeitar essa bagunça, ele encontra a gente depois — Menti.

Menti porque eu sabia que doeria em cada um daqueles garotos saber que Johnny Lawrence não é um amigo tão bom quanto os que tem.

Segredos - Johnny LawrenceOnde histórias criam vida. Descubra agora