Capítulo 35

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Depois daquela noite não consigo mais esquecer as cenas do acidente, entre todas as memórias que já recuperei essa foi a mais dolorida, e aquela voz, de onde veio? Quem era? Era como se

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Depois daquela noite não consigo mais esquecer as cenas do acidente, entre todas as memórias que já recuperei essa foi a mais dolorida, e aquela voz, de onde veio? Quem era? Era como se...

— Outra vez no mundo da lua Rosa? — Voltei ao mundo real quando a secretária de outro setor da gerência que fica no mesmo corredor onde trabalho falou. — Preciso que entregue esses papéis no último andar do prédio. Rápido, não temos tempo.

Enquanto ela me apressou, corri o mais rápido que pude para o elevador, a tempo de o encontrar com as portas quase fechando, e por pouco não conseguir entrar.

— Pensei que você iria entalar igual uma orca.

Encarei o sujeito que acaba de falar, de uma maneira nada elegante, que estou acima do peso. E para a minha surpresa é o mesmo sujeitinho do elevador ao qual Mark quase o expulsou a pontapé. O encarei com uma dúvida cruel, se o esfolava ou fritava para o cortar em banda.

— Desculpe, não me apresentei, sou o... — Não o deixei completar, acrescentado o nome que Mark sutilmente, camuflando para eu não escutar, porém não obteve sucesso, o nomeou após a sua saída do elevador.

— Ninguém.

— O quê? — No seu rosto formou-se uma grande interrogação.

— Exatamente o que você ouviu. O Ninguém da ouvidoria, o Ninguém que não é convidado para as festas surpresas, o Ninguém que trabalha há dez anos no mesmo setor sem uma promoção, o Ninguém que os colegas não lembram o nome, o Ninguém do segundo andar e o Ninguém que um dia sonha em ser alguém. Eu sei é triste. — Quando a porta do elevador abriu no meu andar desejado, sai a tempo de colocar a mão na porta para que não se fechasse e falei. — Esqueci... O Ninguém que pode ser demitido se continuar a chamar a namorada do filho do chefe de orca, mesmo eles sendo uns animais bem fofos.

Nessa hora não sei vocês, mas surgiu em mim uma segurança que nem imaginei que existia. E uma burrice tamanha, devo acrescentar. Ainda mais por ter inventado uma mentira relacionada ao namoro, algo que não existe. Porém, no entanto, todavia... Quando vi já estava falando sem hesitar, e o melhor de tudo, o cara ficou lá estupefato sem dirigir uma palavra até o elevador fechar. E para a minha infelicidade lembrei que soltei mais do que deveria, como a palavra namorada que não era para surgir dos meus lábios.

Sim, nesse momento pressinto o coração acelerar, a boca ficar seca e os lábios começarem a rachar, ao mesmo tempo que lembro o que Mark fará comigo quando descobrir que soltei em menos de uma semana algo que nem temos em concreto.

A palidez me envolveu, o suar frio começou ao mesmo tempo que as pernas tremeram, sinal de que uma grande atrocidade quanto a minha vida aconteceria. Mas não me arrependo, tinha que mostrar para aquele filhote de girino que não sou uma donzela indefesa, aqui existe uma guerreira em Ascensão, as pessoas só precisam saber disso.

Ao mesmo tempo que me encontro ainda petrificada no local. Um senhor me encara como se dissesse: quem deixou essa doida entrar no prédio? Tenho que dizer, após várias caretas grotescas que, provavelmente, fiz nesse meio tempo de pensamentos conturbados a mil minha feição não deve estar muito gata.

Ao Soar Das Doze BadaladasOnde histórias criam vida. Descubra agora