Capítulo 39

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Sinto o meu coração arder e meu interior clamar como se tentasse se libertar

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Sinto o meu coração arder e meu interior clamar como se tentasse se libertar. Os braços de Mark envolvem o meu corpo, quente e profundo. Me fazendo ter a certeza de que ele tem algo para dizer, mas até o momento apenas o palpitar dos nossos corações acelerados é audível.

Sinto como se essa não fosse a realidade que deveria viver. Como se tudo não passasse de mera fantasia, será que sou real? Será que tudo que estou vivendo é real, ou é apenas fruto da minha imaginação turbada?

Meus olhos se enchem de lágrimas, como se a angústia que estava sentindo por anos, ou meses, não sei. Estivesse perto de explodir, como se a dor que sinto não fosse o suficiente. É como se você quisesse lembrar de quem é, mas algo o impedisse. Não tenho um passado, será que devo ter um futuro? Perguntas e mais questionamentos estão em minha mente, a ponto de taparem a minha visão por completo.

— O que houve? Por que de repente seus olhos se encheram de lágrimas? — Mark acariciou suavemente, para logo cortar esse contato e me abraçar.

— Não sei. — Me apressei em corresponder o seu gesto. — Não consigo me lembrar, por quê?

— Como assim? — Nos afastou milimetricamente, para que ele pudesse encarar o meu rosto.

— há quase dois anos sofri um acidente que me deixou em coma por seis meses, e como única consequência pelo trauma que sofri tive uma amnésia retrógrada. Todas as funcionalidades que compõem o meu conhecimento sobre o mundo não se esvaíram da minha mente, porém as minhas memórias se transformaram em uma peneira. Elas aparecem quando bem entendem e no momento que isso acontece, causam uma grande confusão na minha mente. Quando saí do hospital pensei que teria uma família, amigos... Mas apenas encontrei o nada. O nada que me machuca e me faz lembrar todo dia que não tenho ninguém, que nem ao menos uma alma viva do meu passado se lembrou de mim. — Sentir lágrimas escorrerem pelo meu rosto, enquanto Mark me encarava sem demonstrar reação. — É como se eu estivesse morta para todos. — A súbita realidade me atingiu. — Não existir é melhor do que não ser lembrada. — Ao pensar nessa frase, não imaginei que ela escaparia dos meus lábios com tanta dor, descrevendo por completo o meu momento atual. — O meu relógio parou na meia-noite, mas ao contrário da Cinderela o príncipe não veio me procurar e muito menos tive uma família invejosa para impedir o meu final feliz. — Meu sorriso foi melancólico, imaginando a minha triste realidade. Que evidência, catastrófica.

— Então, como você sabe que o príncipe não veio ao seu encontro? — Durante as minhas últimas frases de lamentação o meu olhar desceu para o chão encarando o sapatênis azul de Mark, mas após a sua fala a minha mirada encontrou a sua, enquanto continha um brilho de mistério em seus olhos. Como se eu não estivesse em um mundo normal, tendo mais segredos do que a minha compreensão.

— Ele veio? — Ainda embriagado pelo seu olhar não compreendi a sua fala anterior, me causando uma dúvida palpável, para assim, palavras confabularam dos meus lábios.

Ao Soar Das Doze BadaladasOnde histórias criam vida. Descubra agora