Ulin

Os seres humanos são tão odiosos

Capítulo 2

Havia se passado alguns dias desde quando acordei nessa mansão. Durante esse tempo, me mantive no quarto afastando qualquer humano que tentasse se aproximar. Além disso, também tentei várias e várias vezes fugir mas todas foram sem sucesso.

Eles não me impediam de sair desse cômodo, assim como eu recebia tudo do bom e do melhor. Também nunca tentaram nada, o tal do Jeon Jungkook, meu suposto dono, não parecia interessado em me usar já que nunca mais deu as caras para mim. Isso era algo que me intrigava bastante.

Porque me comprou então? Não entendo... mas também não confio, talvez esteja tentando me enganar me tratando assim para depois me usar. Deve ser algo assim com certeza. Afinal, humanos funcionam assim...

Eu os odeio com todas as minhas forças.

Minha atenção foi tomada pela porta sendo aberta e revelando uma empregada que nunca tinha visto. Todos os dias alguém vinha deixar minhas refeições e sempre eram pessoas diferentes dos outros dias. Talvez depois de ter contato comigo simplesmente desistiam de vir novamente por terem medo.

Bom, tanto faz. Isso era até ótimo. Espero que morram de medo de mim.

— O-o mestre pediu para que hoje o senhor se alimentasse...— falou completamente receosa e encolhida com medo. Parecia aterrorizada assim como as outras também ficavam.

Sobre o que ela havia dito, havia se passado alguns dias e eu nem mesmo toquei nas refeições que traziam. Sentia muita fome e meu corpo estava muito fraco, chegando ao ponto de mal conseguir levantar. Mas mesmo assim, não comeria a comida trazida por humanos...

Não sou um bichinho de estimação para ser comprado, mantido preso e ser alimentado por outros. Odeio essa sensação. Odeio estar abaixo de um humano. Não vou permitir que as coisas saiam como ele quer.

— De jeito nenhum vou comer a sua comida nojenta.— falei entre dentes, lançando todo o meu ódio na mulher que estremeceu.— Diga ao seu mestre pra ele ir tomar no cu e morrer logo.

Isso a assustou completamente e assim ela correu para fora do quarto, enquanto eu suspirei. Quantos dias terei que aguentar isso? Como posso fugir? Quando poderei ter uma vida digna e tranquila?

Senti uma enorme tristeza e abaixei a cabeça. Não quero mais ser usado...

Sentindo meu corpo cansado, acabo por me deitar na cama na qual já estava sentado. Não iria comer a refeição, então tentaria dormir para esquecer a fome que era muita.

Podia estar sofrendo assim por optar em não comer, mas manteria meu orgulho não importa o que.

As coisas não serão do seu jeito, Jeon Jungkook.

[...]

Acordei, sentindo meu corpo mais descansado. Mas também fiquei muito frustrado ao sentir a fome vir com tudo. Meu estômago implorava por comida, mas eu não comeria coisas oferecidas por aquele cara.

Abri os olhos e me espreguicei na cama. Pensei no que faria, porque todos os dias era extremamente entediante ficar no quarto e além disso, agonizava sentindo fome. Estava sendo um extremo inferno aqui, mas claro que não era pior que a cela em que vivia antes. Aqui pelo menos tinha um quarto limpo e uma cama.

Sentei-me na cama como sempre ficava o dia inteiro, mas quando fiz isso fiquei em choque ao notar a presença de alguém que não havia sentido antes. Alguém que nunca imaginaria aparecer assim repentinamente.

— Jeon Jungkook?— indaguei surpreso e logo saltei da cama, ficando em pé e assumindo uma postura alerta.

O que esse maldito está fazendo aqui?