Ulin

Fim da caça

Capítulo 24

Já era noite daquele dia. Como prometido a Hoseok, Jungkook não soube de nada do ocorrido da tarde, nem mesmo que havia sido convidado para o chá da princesa. Hoseok preferiu omitir tudo com medo da reação dele, embora não acho que seria tão brusca como ele falava.

Estava muito esgotado, meu corpo estava bem cansado e talvez a energia tivesse sido sugada por causa do tanto que precisei absorver o veneno, e também porque aquela reunião social foi muito desgastante. De todo jeito, o que mais queria agora era distância desses humanos malditos.

Por isso enquanto Hoseok não tava na tenda e resolvia algumas questões com o Duque, vim para fora e procurei um lugar mais afastado. O que encontrei foi uma árvore longe das tendas e por ser longe das luzes, dava para ver perfeitamente o céu estrelado.

A grama estava agradável, então me deitei. A brisa refrescante fazia me sentir ainda mais confortável. E aquela visão das estrelas só deixava tudo melhor. Naquele momento parecia até que existia apenas eu no mundo e isso de alguma forma me relaxou.

E pensar que antes de ser comprado por Jungkook nem mesmo teria a chance de ver esse céu. Sempre estive acorrentado, sendo movido de cela em cela, mudando constantemente de dono. Como um escravo não passava de mercadoria e um objeto não precisa ver o céu. Por isso, apesar de tudo o que aconteceu durante meu tempo como propriedade do Duque, nada se comparou a antes. Comparado aos outros, Jungkook é um anjo. Então deveria ser grato de poder estar fazendo tantas coisas como posso hoje em dia.

Mesmo assim, por mais que ele seja diferente, os outros não são, exemplo disso é a maldita princesa que até mesmo me envenenou hoje. Humanos são tão egoístas e arrogantes. Urgh, eles são simplesmente desagradáveis e odiosos. Se os humanos simplesmente desaparecessem tudo seria melhor...

Bom, mas não adianta desejar o impossível. Tudo o que posso fazer é depois matar todos aqueles que me humilharam como aquela princesinha idiota. Nossa, só de imaginar esmagar ela me sinto bem melhor. Tudo o que eu quero é destruir aquele sorrisinho e acabar com a vidinha que ela acha ser perfeita.

Seria incrível...

Agora, parando para pensar, se tentasse fugir nesse mesmo instante dificilmente alguém conseguiria me alcançar, embora o Jeon tenha dito que eu não conseguiria fugir dele. De todo jeito, me pergunto se é um esforço que valha a pena. Eu não sei onde está a aldeia dos Ulins atualmente e Jungkook me prometeu ajudar a achar. Com a ajuda dele talvez seja mais fácil, então fugir agora talvez não seja algo vantajoso.

Querendo ou não, preciso dele...

Suspirei, fechando os olhos. Tomara que não demore muito pra achar a aldeia. Quero estar com aqueles que são como eu e não ser mais discriminado, sendo tratado como uma aberração...

Perdido em meus pensamentos, continuei deitado observando o céu noturno enquanto me sentia confortável sobre a grama. No entanto, aquele momento estava bom demais para continuar sem nenhum interrupção.

Talvez por estar disperso não notei a aproximação, só realmente percebi quando escutei a voz e uma luz repentina.

— Quem está aí?— uma voz grossa masculina se fez presente.

Rapidamente me levantei, sentando na grama, e olhei em direção a luz. Eram dois guardas com uniformes da guarda real com lanternas mágicas e que provavelmente faziam a patrulha.

Eles se aproximaram e acho que não tinham me visto com clareza antes, mas assim que chegaram mais perto ficaram surpresos. Acho que já me conheciam. Minhas suspeitas foram ainda mais concretas quando desistiram da pergunta, virando-se e indo embora, sem qualquer resposta minha.