traitor

Prólogo

Era difícil saber as emoções de Lan WangJi. Por trás do seu rosto sempre estoico, poderia se esconder qualquer coisa. A Segunda Jade de Lan era conhecida por ser difícil de ler, quase impossível. Somente algumas pessoas seletas conseguiam saber o que se passava pela sua mente porque, em geral, sua expressão corporal era neutra e seu tom de voz sempre o mesmo, além das poucas palavras que costumavam deixar sua boca.

No entanto, naquele momento, era possível perceber que o atual Líder da Seita Lan não estava em um humor flexível. Mesmo por trás do seu rosto estoico, a maneira como ele estava falando e se portando deixava claro que sua decisão já estava tomada e ele não estava disposto a ceder:

— Meu irmão já foi punido pela seita Lan. Ele está em isolamento. Não há necessidade de retirá-lo de onde ele já encontrou punição.

Os líderes das outras seitas que estavam sentados ao redor do salão pareciam, entretanto, descontentes com a veemência de Hanguang-jun. Entretanto, perante seus olhos tão dignos e altivos, o silêncio pairou e todos se entreolharam, perguntando-se quem seria aquele com coragem o suficiente para discordar de Lan WangJi. O silêncio demorou por tanto tempo que Lan Zhan pretendia dar a reunião como encerrada quando Jin GuangShan tomou a palavra:

— Líder da Seita Lan, compreendemos que Lan XiChen já tenha sido punido, concordamos e honramos a punição escolhida pela seita Lan. Não trazemos nenhum tipo de reclamação quanto à punição. Entretanto, dado todos os acontecimentos da guerra, peço que humildemente compreenda que Lan XiChen é o cultivador com maior poder espiritual de sua geração e isso gera inquietação em todos nós, afinal, alguém com tamanho poder que nos traiu durante a guerra... o que pode fazer se não houver vigia constante?

— O Líder da Seita Jin não acredita que a seita Lan seja capaz o suficiente para cuidar de sua vigia? — Lan WangJi disse em seu tom de voz sempre inalterável.

Jin GuangShan parou com a boca aberta, claramente sendo pego em sua frase e se deparando com o risco de ofender a seita Lan. O homem parou por um momento na sua frase e Lan Zhan não desviou seu olhar dele, esperando pela resposta. Lan WangJi tentou conter a irritação que apareceu como uma dor maior atrás de seus olhos quando o homem de dourado olhou para Wei WuXian como se esperasse que ele falasse por Lan Zhan, como se esperasse que ele o limitasse.

Os olhos dourados do alfa encararam Wei WuXian que estava do outro lado da sala, ao lado do irmão marcial. O alfa lúpus o encarou de volta e uma onda de afeto atravessou a ligação de alma dos dois, preenchendo Lan WangJi com a tranquilidade que ele precisava. Sendo assim, ele já esperava o apoio quando Wei Ying disse, em seu tom que sempre carregava um misto de altivez e desafio:

— A Seita Lan é uma das maiores seitas de todo o mundo do cultivo. O que leva os senhores aqui presentes a acreditar que eles não são capazes de vigiar Zewu-jun?

Lan WangJi sentiu o carinho preencher seu coração e a dor atrás dos seus olhos ficar um pouco mais branda. O apoio do seu parceiro era muito importante, mas também significou muito para a Segunda Jade ouviu Wei WuXian usando o termo "Zewu-jun" para se referir ao seu irmão, respeitoso e quase reverente. Desde a guerra, quase ninguém mais usava o título de Lan XiChen e, quando usavam, era em forma de deboche e ironia que fazia o interior do alfa retorcer.

Wei Ying não fazia ideia do que tinha acontecido, mas ele sabia que Lan Zhan ainda defendia seu irmão e era o suficiente para o lúpus defendê-lo também. Esse tipo de confiança significava muito para o atual Líder da Seita Lan, especialmente vindo do homem que ele o amava. Lembrava-o dos muitos motivos pelos quais ele o amava, pelos quais era orgulhoso pela marca que carregava a vista de todos em seu pescoço.

— A seita Lan se responsabiliza pelo meu irmão. — Lan Wangji reiterou, sua voz claramente firme.

Lan Qiren, ao seu lado, assentiu com a cabeça deixando claro que estava de acordo com o sobrinho. Mais uma vez o silêncio se espalhou pelo salão e Lan Zhan sentiu que poderia vencer aquela batalha ou, pelo menos, conseguir adiá-la. Ele sabia, claro como água em sua mente, que não deixaria levarem seu irmão e sabia que tinha o apoio de seu tio e de grande parte de sua seita nisso.