traitor

Capítulo Três

So I drown it out like I always do
Dancing through our house with the ghost of you
And I chase it down, with a shot of truth
Dancing through our house with the ghost of you

Duas semanas depois do começo do trabalho na biblioteca, a estranheza inicial tinha praticamente se dissolvido. XiChen não ousaria dizer que as duas mulheres confiavam ou gostavam dele, mas era inegável que os três tinham encontrado um ritmo de trabalho que funcionava muito bem. Ao fim do segundo dia, eles já conseguiam realizar todo o processo sem muitas instruções, todos sabendo exatamente o que tinham que fazer.

Alguém que realmente gostava e confiava nele, no entanto, era o filho das duas, o pequeno Nie Quon. Ele era uma criança relativamente efusiva, mas sempre que ia na biblioteca após suas aulas, ficava quieto contanto que estivesse perto de Lan XiChen. Rapidamente, ele tranquilizou as mães de que aquilo não era um problema para ele e, para o espanto delas, a criança ficava bastante tranquila quando estava com o ômega, algo que, aparentemente, era raro.

Na maior parte do tempo, por mais que ele adorasse A-Quon, aquilo parecia rasgar seu coração de dentro para fora, o luto gritando emsua cabeça. Ao mesmo tempo, ele era incapaz de se negar ficar perto dele, visto que ele realmente gostava do pequeno e, desde sempre, ele havia se dado bem com crianças. XiChen era uma daquelas pessoas que carregava um certo encanto para elas, difícil de ser explicado, mas que chamava a atenção dos pequeninos.

Naquele momento, A-Quon estava sentado em seu colo, confortavelmente brincando com o longo cabelo de XiChen (algo que o pequenino costumava gostar bastante) enquanto o ômega estava debruçado sobre um dos livros. Ao lado deles, o casal estava escrevendo a tradução que o Lan dizia em voz alta. Como a criança em seu colo algumas vezes olhava para as letras, ele estava também acompanhando com o dedo sobre o que estava lendo. Isso poderia ajudar o pequeno a associar algumas palavras ao seu significado ou mesmo algumas letras.

O trabalho calmo foi interrompido pela porta sendo aberta bruscamente. Todos os presentes ergueram os olhos de uma vez para encarar Nie Huaisang entrando de forma apressada e claramente nervosa, além de arfante.

— Huaisang? — XiChen cortou o silêncio, olhando para o jovem ômega com a testa franzida, preocupação começando a cortar dentro de sua pele.

— XiChen-ge! XiChen-ge, aí está você! — Sua voz soou arfante conforme ele saiu correndo na direção do Lan. — XiChen-ge, você precisa vir comigo. É o Da-ge. Ele não está bem. Por favor, você precisa ajudar o Da-ge!

A frase do Nie mais jovem não dava muitos detalhes do que exatamente estava acontecendo, mas sua preocupação e o fato de que algo estava acontecendo com Nie MingJue já era mais do que o suficiente para alarmá-lo. Com cuidado, ele segurou Nie Quon e o retirou do seu colo para ficar de pé:

— Leve-me até ele!

O ômega mais velho olhou uma vez para o casal de betas apenas para que elas acenassem com a cabeça, indicando que entendiam que era algo urgente e ele devia ir. Sendo assim, seus passos apressados se juntaram aos de Huaisang conforme o mais novo guiava o caminho.

— Huaisang, o que está acontecendo?

— É o qi dele, eu acho. Ele está em uma daquelas crises. Já fazia muito tempo desde a última vez.

XiChen sentiu o coração dele falhar uma batida dentro do peito. A maldição do sabre, aquela que colhia os líderes dos clãs Nie em tenra idade, aquela que ele estudou dia e noite em Gusu para tentar deter. Desde que Nie MingJue contou à XiChen sobre isso, quando eles eram adolescentes, o ômega passou a se dedicar a estudar as músicas de purificação e exorcismo do clã Lan, dia e noite, até achar algo que pudesse manter aquilo sobre controle. Antes da guerra e de tudo que aconteceu, ele costumava tocar frequentemente para o alfa e parecia estar funcionando, na época.