traitor

Capítulo Dezoito

I can't save us, my Atlantis, we fall
We built this town on shaky ground
I can't save us, my Atlantis, oh, no
We built it up to pull it down

Recanto das Nuvens, cerca de dois anos e seis meses atrás

Wen Xu fez uma visita ao Recanto das Nuvens apenas quando já havia um mês desde o parto de Lan JingYi. Ele ainda não tinha conhecido a criança e Lan XiChen estava se sentindo ainda mais inseguro uma vez que um bebê mudaria ainda mais a dinâmica que eles já possuíam e ele precisaria reaprender o que fazer para manter o seu plano e tentar proteger uma criança inocente da fúria de um alfa que poderia ser muito destrutivo.

Ele estava segurando o bebê nos braços com cuidado quando Wen Xu passou pela porta do Hanshi. O cheiro do alfa, depois de tanto tempo sem sua presença, fez a cabeça do ômega doer imediatamente, mas ele ignorou isso, se levantando de onde estava para receber o outro homem.

Wen Xu mal olhou para o seu rosto, os olhos totalmente focados no pacotinho que ele carregava nos braços. Um sorriso mal contido atravessou o rosto do alfa e ele deu alguns passos, mãos estendidas na direção do filhote. Lan XiChen não percebeu e só notou que o rosnado que ultrapassou o cômodo era dele quando sentiu a dor dos seus dentes cerrados e os olhos surpresos de Wen Xu.

Ele tinha rosnado para o alfa que tinha tentado tirar seu filho dos braços e foi muito surpreendente porque não tinha imaginado aquela reação para si mesmo. Era um claro instinto de proteção que ele estava descobrindo que tinha em relação à A-Yi.

— Desculpe. — O ômega acrescentou imediatamente, olhos arregalados, temendo que o homem considerasse uma afronta, o que tinha grandes chances de acontecer.

— Sem problemas. — Wen Xu apenas riu, parecendo divertido com a cena. — Você está defendendo sua cria, quem sou eu pra ir contra? Eu não deveria ter sido tão brusco, você ainda está com todos esses feromônios... posso pegá-lo, querido ômega?

Lan XiChen se moveu contra sua vontade na direção do homem para deslizar o filho para o colo do outro. Foi mais difícil do que ele imaginou, precisando lutar o tempo todo contra o instinto de se fechar ao redor de A-Yi e levá-lo para longe do outro homem. Causou um incômodo quase doloroso vê-lo no colo de Wen Xu e ele se demorou arrumando os braços do mais alto do jeito certo até ter que deixá-los.

Os olhos do Lan estavam afiados no homem, mas Wen Xu apenas olhou para o bebê por vários minutos. Lan JingYi estava encarando de volta com os olhos curiosos, mas, felizmente, ele não chorou, apenas moveu as perninhas em pequenos chutes. Com um mês de vida, XiChen sabia que o bebê podia ser exigente, mas não era nada tímido e não tendia a estranhar pessoas novas, o que era um alívio porque ele ainda não sabia como seria a reação de Wen Xu quando o bebê começasse a chorar. Poderia ser desastroso se A-Yi chorasse no momento que fosse pego no colo pelo Wen.

— Ele se parece com você. — Wen Xu finalmente falou, minutos depois, começando a se mover pelo Hanshi, balançando a criança mais suavemente do que XiChen achava que ele conseguia. — Garoto esperto, preferiu puxar ao seu Baba, hã? Você está certo, você está certo, ele é muito bonito, eu também teria feito isso se fosse você.

Lan XiChen achava que ainda era muito cedo para dizer com quem A-Yi se parecia. Ele tinha apenas um mês e tinha deixado de parecer uma uva amassada há apenas alguns dias. Suas feições ainda estava se formando, mas realmente parecia estar caminhando para parecer mais com XiChen do que com Wen Xu. Isso era bom. O ômega não queria olhar para uma pequena cópia de Wen Xu toda vez que pegasse a criança no colo.

— Ele tem suas orelhas. — XiChen apontou porque, de fato, o formato era muito parecido, se é que isso fazia algum sentido.

— Ah... Ah! É verdade! Alguma coisa! — Wen Xu riu, acariciando a curva da orelha de JingYi que resmungou de desconforto. — Me desculpa, não consegui vir antes. Queria ter vindo antes, ele já tem o que...? Um mês?