Capítulo Dezenove

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I do what it takes to make this right

But we got to stop before the regret
After the war is won
There's always the next one
I'll do what it takes to make this right

Uma vez dentro da floresta, XiChen não se permitiu gritar para chamar a atenção das crianças porque isso poderia atrair outras criaturas indesejadas. Apesar de não ter mais acesso ao seu núcleo dourado, ele já havia participado de inúmeras caçadas noturnas ao longo da vida e sua experiência era algo que contava ao seu favor. Ele esperava que essa experiência fosse o suficiente para encontrar as crianças e mantê-las bem até que ou eles conseguissem deixar a floresta ou até que a ajuda que ele havia pedido chegasse.

Sua esperança inicial havia sido de que as crianças não estivessem indo muito longe nas folhagens. Se estivessem perto, seria mais fácil apenas encontrá-los e saírem dali. Essas esperanças caíram por terra assim que ele passou a acompanhar os rastros de pequenos passinhos na terra e percebeu que eles avançavam em alta velocidade. Para o bem e para o mal, as crianças não estavam preocupadas com os seus rastros, de forma que, ao menos, XiChen conseguia acompanhar. Isso também significava que, se o homem estava conseguindo seguir os rastros, outras criaturas também poderiam.

As folhas amassadas e terra remexida era fácil de acompanhar, mas o cultivador ainda optou por fazê-lo devagar, com cuidado onde pisava e seguindo dentro das plantas maiores que escondiam o seu corpo quase que por completo. A cada passo que ele dava mais adentro, ele sentia sua nuca arrepiando. Com ou sem núcleo, seu corpo havia sido treinado para se sentir assim perto de presenças malignas e havia muitas naquele lugar.

Ele não conseguia parar de pensar que, há poucos anos, aquele tipo de lugar jamais o deixaria tão acuado. É claro que, mesmo no seu auge, Lan XiChen nunca se permitiu ser descuidado. Confiança demais havia ferido muitos homens e ele sempre soube como dosá-la. Ainda assim, com o seu núcleo dourado e habilidade, havia poucas coisas que poderiam realmente feri-lo com facilidade. Naquele momento, todavia, ele tinha plena consciência da sua ausência de força real na situação e um descuido poderia ser fatal tanto para ele quanto para as crianças.

Prestando atenção nos arredores, ele focou em, antes de mais nada, encontrar onde estariam os três pequenos. Eles deviam estar correndo o que faria com que chegassem a lugares de mais difícil acesso. O ômega torceu, de todo o coração, para que não estivessem brincando de esconde-esconde porque isso tornaria encontrá-los ainda mais difícil.

Com o coração batendo forte dentro do peito, ele avançou na direção dos rastros. O arrepio em sua nuca aumentou de forma que ele levou os dedos à pele ali, massageando para aliviar o incômodo enquanto ficava ainda mais atento ao que estava ao seu arredor. Assim, quando o primeiro barulho surgiu, ele conseguiu captar facilmente e se esconder atrás de uma das árvores que lhe davam essa vantagem.

Sem nem mesmo respirar, ele moveu o mínimo do seu rosto e o coração gelou dentro do peito com a visão não de um, mas de três yaos grandes caminhando em conjunto. O som do rosnado fez com que seu corpo congelasse. Os três pareciam, até o momento, ignorantes quanto à sua presença e ele devia isso à pouca energia espiritual que corria pelas suas veias. Se tivesse mais, ele provavelmente teria brilhado como fogos de artifício.

Ele não se permitiu respirar, nem se mover, mesmo que por um milímetro. Sua posição abaixada estava fazendo com que seus joelhos doessem mais rápido do que deveriam, mas ele ignorou a dor em prol de se fazer ficar o mais invisível possível. Se ele fosse notado, sabia que dificilmente conseguiria fugir ou sobreviver a um ataque.

Com o coração na boca, ele notou que, atrás da visão dos seres malignos, ele reconheceu uma cabecinha quase que totalmente escondida atrás da folhagem. Nie Su. A garotinha parecia mortificada pelo medo, mas havia sido esperta o suficiente para também se esconder quando percebeu os yaos. Até o momento, ela também não tinha sido notada, mas XiChen não sabia o quanto ela conseguiria ficar imóvel com a quantidade de medo que devia estar sentindo.

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