Capítulo 1

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Não, ele não queria.

Na verdade, ele nunca quis...

Por que a Mãe ou qualquer Deus fez isso como ele? Lucien não sabia dizer.

A única verdade concreta da sua existência era que Elain Archeron seria sua parceira pela eternidade e além dela. E isso, era o pior castigo que ele poderia receber...

Desde que o laço foi manifestado há anos atrás, naquele dia fatídico no castelo do Rei Hybern onde viu as irmãs da Feyre serem violadas de forma brutal e incontestável, ele sentiu como se seu coração estive sendo despedaçado em brasas...Ele viu aqueles olhos amedrontados, lutando por uma vida que nunca mais iria ter... Lucien ainda vê esses mesmos olhos quando a encontra, e a culpa o corrói por dentro.

Apesar de ele ter desistindo de tudo para estar com ela, para tentar conquistá-la... Não importava o que fizesse, não importava o quanto se esforçasse, quanto mais ele tentava, mais ela se afastava...e Lucien já estava cansado... Cansado de tentar... E começou a pensar que talvez, talvez o risco de desistir era melhor do que esse veneno que o estava consumindo dia e noite desse laço de parceria questionável...

Um papel apareceu na cara dele, o chamando atenção:

- Senhor?

Lucien piscou várias vezes, até se lembrar de onde estava.

- Perdão. Eu vim pegar um livro da história sobre... submundos.

A sacerdotisa escreveu:

- Sim. O senhor já disse isso. Vá ao quinto andar, lá você encontrará o que procura.

Havia um mistério nas palavras da sacerdotisa que prontamente Lucien resolveu ignorar. Ele tinha muitas coisas pra pensar e muito o que fazer.

- Obrigado.

Lucien tentava achar esse maldito livro em todos os lugares que conhecia, mas parecia que só existia em um único lugar...Na Corte Noturna...Claro, aquilo já não devia ser novidade pra ele.

Ele virou à direita, andou por um corredor com a luz fraca, e parou subitamente ao ouvir uma voz no quinto andar.

Era uma melodia triste, e eloquente. Dava certa angustia ouvir, mas ao mesmo tempo, uma fascinação.

Ele se aproximou devagar para saber a origem da voz, até que... A ouvir cantar. Era uma jovem sacerdotisa, que ele nunca tinha visto. De costas o cabelo dela era ruivo, mas não dava pra saber qual tom, já que as luzes da biblioteca estavam parcialmente fracas.

Ela pareceu ouvir um movimento, porque se virou de súbito, e deixou os livros caírem de suas mãos.

Lucien logo a acudiu, já de joelhos, dizendo:

- Perdão. Eu não queria te assustar.

- Não, tudo bem – disse ela tentando reorganizar uma pilha imensa de livros – Eu que estava distraída demais.

Ele parou para olhá-la , ambos ainda de joelhos.

- Nós já nos conhecemos? – O rosto dela parecia tão...familiar...

Ela, pela primeira vez, pousou os olhos nele.

- Acho que não... E obrigada pela ajuda só que...você está desorganizando tudo. – Disse com um meio sorriso. Mas Lucien não conseguia desviar dos olhos dela, eram de um azul tão vivo, que ele sentia que poderia tocar o mar só de olhar pra eles. Ela percebeu a intensidade de como ele a olhava, e abaixou os olhos rapidamente. Ele logo se recompôs, dizendo:

-Só me explica como se faz, e eu ajudo.

Ela voltou a encará-lo.

- Você é um visitante. Não posso lhe pedir uma coisa dessas.

Corte em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora