Capítulo 18

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Presente

Os três estavam ajoelhados, de tanta dor, dentro do triângulo. Seus narizes sangravam, e eles estavam trêmulos, com os olhos vermelhos.

- Pelos Deuses! – Disse Helion assustado por tudo que acontecera. E olha que poucas coisas o assustavam, mas o que foram feitos com os três, na verdade com os quatro, ele nunca tinha visto em seus longos anos de magia. Helion viu até mais do que gostaria, e no momento, ele não poderia revelar, seria demais para Lucien e Gwyn, seria demais até pra ele mesmo...

Eles sabiam quem tinha feito isso, não precisavam de mais provas do que essa. Mas a questão é: Por que Beron faria isso?

- Acho que – disse Helion, tão cansado quanto os três. Eles já tinham separado suas mãos, e ainda estavam agachados e ofegantes – precisaremos beber.

Lucien ergueu seu rosto ao mesmo tempo que Gwyn, e era dor que se via nos olhos dos dois. Uma dor tão profunda, que nem Lucien, e nem ela conseguiam descrever. Era pior do que eles já tinham sentido na vida... E olha que Gwyn achava que romper a parceria tinha doido, mas nada se comparava com o que estava sentindo...nada. Ambos desviaram o olhar.

Helion deu a cada um, um lenço para enxugar os narizes que sangravam. Eles pegaram em um silêncio opressivo.

Eris se levantou com o que restava de sua dignidade, e acompanhou Helion na bebida. Lucien se levantou devagar, e em silêncio foi até a janela, ficando de costas para os três na sala.

Gwyn foi a última a se levantar, e quase desabou no chão, quando sentiu o toque de Helion em suas costas.

- Calma, Gwyn. Respire – Gwyn assentiu um tanto pálida, e foi levada ao sofá, com o apoio de Helion. Lucien que estava de costas, se voltou em direção a Gwyn, com preocupação em seu semblante, mas se recusando a se aproximar.

Helion acomodou Gwyn, e lhe estendeu o copo com gin. Ela pegou o copo com os dedos trêmulos, e bebeu de uma só vez.

Helion foi até Lucien, e também lhe estendeu o copo. Lucien pegou mecanicamente, mas parecia não estar ali, e sim preso no que acabara de acontecer.

O Grão-Senhor ficou esperando em silêncio eles recuperarem alguma cor, e depois de alguns minutos sem nenhum dos três falarem absolutamente nada, ele disse:

- Gwyn... – Gwyn o olhou, e Helion teve que se manter firme mediante o olhar perdido dela – Eu vi o seu nascimento. Você e sua irmã nasceram no rito do Calamnai, mas a diferença é que foi no reinado do pai de Tamlin. Sua mãe é uma...ninfa. O problema está em seu pai.

- Eu sei. Eu não consigo lembrar dele... – disse com uma voz rouca, como se tivesse gritado por horas. Mas era sua alma que gritava durante anos, e anos – Talvez o trabalho que fizeram em mim foi mais...arquitetado – Deuses! Como ela estava destruída...completamente destruída.

- Eu sinto muito. Por vocês três – disse Helion, lançando um olhar de tristeza para eles, principalmente para Lucien – Ninguém tem o direto de arrancar quem nós somos.

Lucien só olhava para o copo que já estava vazio em sua mão. Gwyn assentiu sem saber mais quem era, só pensando que queria suas amigas ali. Elas estavam fazendo muita falta, ( Gwyn tocou em sua pulseira) pelo menos ela poderia chorar no colo delas... Mas agora Gwyn estava sozinha, sozinha com sua vida virada do avesso.

Eris perguntou:

- O que faremos? Está na cara que meu pai planejou tudo isso.

Por mais que Helion quisesse matar ainda mais o desgraçado, eles tinham que ir com cautela. Ainda havia um mistério no que dizia respeito a Gwyn, que ele precisava resolver.

Corte em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora