Presente
Os três estavam ajoelhados, de tanta dor, dentro do triângulo. Seus narizes sangravam, e eles estavam trêmulos, com os olhos vermelhos.
- Pelos Deuses! – Disse Helion assustado por tudo que acontecera. E olha que poucas coisas o assustavam, mas o que foram feitos com os três, na verdade com os quatro, ele nunca tinha visto em seus longos anos de magia. Helion viu até mais do que gostaria, e no momento, ele não poderia revelar, seria demais para Lucien e Gwyn, seria demais até pra ele mesmo...
Eles sabiam quem tinha feito isso, não precisavam de mais provas do que essa. Mas a questão é: Por que Beron faria isso?
- Acho que – disse Helion, tão cansado quanto os três. Eles já tinham separado suas mãos, e ainda estavam agachados e ofegantes – precisaremos beber.
Lucien ergueu seu rosto ao mesmo tempo que Gwyn, e era dor que se via nos olhos dos dois. Uma dor tão profunda, que nem Lucien, e nem ela conseguiam descrever. Era pior do que eles já tinham sentido na vida... E olha que Gwyn achava que romper a parceria tinha doido, mas nada se comparava com o que estava sentindo...nada. Ambos desviaram o olhar.
Helion deu a cada um, um lenço para enxugar os narizes que sangravam. Eles pegaram em um silêncio opressivo.
Eris se levantou com o que restava de sua dignidade, e acompanhou Helion na bebida. Lucien se levantou devagar, e em silêncio foi até a janela, ficando de costas para os três na sala.
Gwyn foi a última a se levantar, e quase desabou no chão, quando sentiu o toque de Helion em suas costas.
- Calma, Gwyn. Respire – Gwyn assentiu um tanto pálida, e foi levada ao sofá, com o apoio de Helion. Lucien que estava de costas, se voltou em direção a Gwyn, com preocupação em seu semblante, mas se recusando a se aproximar.
Helion acomodou Gwyn, e lhe estendeu o copo com gin. Ela pegou o copo com os dedos trêmulos, e bebeu de uma só vez.
Helion foi até Lucien, e também lhe estendeu o copo. Lucien pegou mecanicamente, mas parecia não estar ali, e sim preso no que acabara de acontecer.
O Grão-Senhor ficou esperando em silêncio eles recuperarem alguma cor, e depois de alguns minutos sem nenhum dos três falarem absolutamente nada, ele disse:
- Gwyn... – Gwyn o olhou, e Helion teve que se manter firme mediante o olhar perdido dela – Eu vi o seu nascimento. Você e sua irmã nasceram no rito do Calamnai, mas a diferença é que foi no reinado do pai de Tamlin. Sua mãe é uma...ninfa. O problema está em seu pai.
- Eu sei. Eu não consigo lembrar dele... – disse com uma voz rouca, como se tivesse gritado por horas. Mas era sua alma que gritava durante anos, e anos – Talvez o trabalho que fizeram em mim foi mais...arquitetado – Deuses! Como ela estava destruída...completamente destruída.
- Eu sinto muito. Por vocês três – disse Helion, lançando um olhar de tristeza para eles, principalmente para Lucien – Ninguém tem o direto de arrancar quem nós somos.
Lucien só olhava para o copo que já estava vazio em sua mão. Gwyn assentiu sem saber mais quem era, só pensando que queria suas amigas ali. Elas estavam fazendo muita falta, ( Gwyn tocou em sua pulseira) pelo menos ela poderia chorar no colo delas... Mas agora Gwyn estava sozinha, sozinha com sua vida virada do avesso.
Eris perguntou:
- O que faremos? Está na cara que meu pai planejou tudo isso.
Por mais que Helion quisesse matar ainda mais o desgraçado, eles tinham que ir com cautela. Ainda havia um mistério no que dizia respeito a Gwyn, que ele precisava resolver.
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Corte em Chamas
FanfictionSinopse "A melodia era como uma chama viva. Uma chama calma que aos poucos a consumia, e a incinerava de dentro pra fora. Impossível se afastar, impossível deixar de se queimar." Gwyneth Berdara, Lucien Vanserra, ambos com destinos traçados pela Mãe...