Capítulo 17

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Se antes Helion havia percebido que não teria paz quando resolveu ajudar Lucien e seus amigos, agora ele sentia que jamais a alcançaria...não depois do que soube. Ele achava que já tinha visto de tudo em seus milênios de vida, e que estava preparado para o que viesse, mas ele não estava preparado pra isso...para saber que tinha um filho. Porque agora Helion não tinha dúvidas que Lucien era seu filho, e não só por causa do relógio que Lucien tinha mostrando pra ele, que Helion deu a mãe de Lucien quando ambos ainda eram amantes, mas após ficar a madrugada inteira sem dormir, pegando todos os registros, e todas as informações de Lucien, através do seu pequeno Oráculo, ele teve a comprovação da verdade.

E era inegável que os dois eram bastante semelhantes. A questão era o por que ele não tinha se dado conta disso antes? Era só juntar dois mais dois pra saber que Lucien era seu filho, e não só pela aparência, ou pelo caráter, que era bem diferente de seus outros irmãos, mas por causa da separação dele com...Éstia.

Helion se afundou ainda mais em sua piscina particular.

Helion achava que apesar de sua separação conturbada com a mãe de Lucien, sua parceira ( deve salientar isso), ele jamais desconfiou que o motivo real poderia ser seu filho. Ele lembrava do olhar vazio e de indiferença que ela lhe lançou, enquanto seu coração era quebrado em mil pedaços. Helion prometeu a si mesmo que a esqueceria, que nunca mais deixaria ninguém ter esse poder sobre ele, nem mesmo um laço de parceria. E mesmo quando raramente a via, não dirigia seu olhar para ela, apesar de sempre perceber que Éstia era apenas uma sombra do que foi, ele não se permitia se compadecer dela, porque se compadecesse, queria dizer que ele tinha sentimentos, que ela ainda o afetava, e que o laço ainda existia entre eles, e isso, ele não podia permitir. Não podia permitir sentir dor por algo que nunca teria. Por isso seguiu em frente, e se permitiu ter paixões ao longo de sua vida. E fora bom, e ainda era bom poder ficar com feéricos sem comprometer o seu coração, apesar de que nem todos os amantes compreendiam esse lado dele... De qualquer forma, Helion vivia uma vida de rei, (depois de Amarantha obviamente) governando sua Corte sem se prender a ninguém, sem ter compromisso ou responsabilidade afetiva com ninguém, há não ser com o povo de sua Corte. E agora... – Helion emergiu das águas – agora ele tinha mais do que uma responsabilidade afetiva. Ele tinha um herdeiro, sangue do seu sangue. Helion até começou a se assustar com o poder da paternidade na vida de um macho. Os sentimentos dele estavam tão oscilantes, indo de alegria a raiva, que ele mal se reconhecia.

Mas o sentimento que mais prevalecia era de tristeza profunda...pois só de imaginar o que Lucien vivera sem ele por perto, ou o que eles poderiam ter vivido juntos, como uma verdadeira família...já o deixava frustrado além do suportável.

Helion só desejou ser pai uma única vez em sua vida, que era com sua parceira. Porque por Éstia e seu filho, Helion teria largado tudo. Por eles, ele teria feito de tudo, teria renunciado a si mesmo... Mas agora Lucien tinha um pai, mesmo não podendo ainda saber da verdade, Lucien era seu filho, e ninguém nunca mais o faria mal. Não enquanto ele vivesse.

Helion saiu da piscina, com o sol queimando seu corpo, e pegou a toalha com uma raiva mortal, passando a toalha por seus cabelos pretos que iam para além do pescoço.

Éstia parecia capaz de sempre destruir seu coração. Mas ela pagaria. Ela lhe devia, e agora ele cobraria.

Quanto a Beron – Helion sorriu, enquanto prendia a toalha no quadril – Ele o mataria nem que fosse a última coisa que fizesse. Helion mataria por ter maltratado seu filho, por ter destruído a vida de Lucien, por ter destruído a vida de Éstia, e por ter destruído a sua vida.

A batalha dos dois era só questão de tempo, e a vingança parecia estar mais perto do que ele imaginava...

Helion entrou no seu quarto, e já havia uma bandeja com algumas frutas, panquecas, e uma xícara de café em sua cama. Ele pegou a xícara e bebeu em um gole só, quando Demitre bateu na porta.

Corte em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora