A noite e a madrugada foram intensas. Vassa ficou febril, e tanto Lucien, Helion e Gwyn tiveram que ficar de guarda até o amanhecer, cuidando dela, e lhe forçando as medicações que Helion prescreveu, mesmo quando Vassa lutava para não aceitar.
Quando o sol já beirava no horizonte, Lucien e Gwyn estavam sentados no sofá da sala ao lado, com olheiras ao redor dos olhos, e mortos de sono. Eles chegaram a cochilar no sofá, e até mesmo deu tempo de tomarem banho. O que foi bom, pois os despertaram um pouco.
Eles comeram seu café da manhã, e tiveram que tomar café inúmeras vezes, enquanto esperavam, pra não dormirem novamente. Helion disse que eles tinham que esperar ele fazer suas últimas análises com Vassa. Ela já havia despertado, e ele não queria ninguém perto dela, a não ser ele.
- Estou preocupado... – disse Lucien – Helion está demorando demais. E Jurian nem ao menos desceu pra vê-la.
Gwyn inclinou a cabeça no ombro dele, e bocejou.
- Eu também estou preocupada. Espero que Helion não demore...
- Você tem que dormir. Eu posso ficar aqui sozinho.
- Não mesmo. Primeiro que preciso ver como Vassa está...E segundo, ruivinho – ele sorriu – não vou te deixar, não importa o quanto implore.
- Eu nem pensei em implorar.
Ela levantou seu rosto pra ele, e antes dela responder, Helion entrou e disse:
- Ela quer ver vocês.
Quando os dois chegaram na sala, Jurian já estava lá.
Lucien e Gwyn entraram cautelosamente, até Helion dizer em sussurro:
- Tentei expulsar ele, mas Jurian não saí daqui.
- E qual o problema nisso? – Perguntou Lucien.
- É que ele está a estressando. E ela não pode se estressar.
Lucien quase sorriu, se eles estavam brigando, era porque ela estava muito bem. Porém ele logo estagnou quando chegou perto de Vassa, e percebeu...
- Lucien? – Ela perguntou ainda incerta.
Vassa estava cega.
.........................................................................................................................................................
Lucien não conseguiu responder. Jurian se voltou pra janela, se contendo pra não blasfemar todos os Deuses existentes da face da terra.
Foi Gwyn que quebrou o silêncio opressivo.
- Vassa...Estou tão...feliz que esteja viva.
Vassa não tinha foco no olhar, seus olhos estavam mortos. Mas de uma forma curiosa, ela parecia ver mais do que quando enxergava. Ela estava...radiante.
- Gwyn, se aproxime de mim, eu não mordo – Vassa estava sentada em uma poltrona de couro.
Gwyn se aproximou hesitante de Vassa. E se ajoelhou.
Vassa estendeu a mão em seu rosto. Gwyn sorriu, um tanto emotiva.
- Posso te abraçar? – Perguntou Vassa, e Gwyn logo a abraçou.
Helion olhava a situação muito satisfeito.
- Espero que esteja bem... – disse Gwyn quando se desvencilhou do abraço.
- Estou muito feliz por estar livre! Tenho muito que agradecer a todos vocês por essa dádiva.
Gwyn assentiu, e apesar de sentir um certo pesar em saber que Vassa agora era cega, o sentimento não era tão forte quanto vê-la tão feliz e viva.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Corte em Chamas
FanfictionSinopse "A melodia era como uma chama viva. Uma chama calma que aos poucos a consumia, e a incinerava de dentro pra fora. Impossível se afastar, impossível deixar de se queimar." Gwyneth Berdara, Lucien Vanserra, ambos com destinos traçados pela Mãe...