Corte em Chamas

Capítulo 9

Eles haviam chegado em um restaurante gourmet. E Lucien ainda não tinha soltado a mão dela. Gwyn não queria se sentir tão afetada pelo toque...mas sentiu.

- Eu já vim aqui uma vez. – Ele entrou com ela em seu enlaço – Gosto das sopas que oferecem nesse lugar. E hoje está frio. Então, achei que seria uma boa escolha...se você quiser, é claro.

- Por mim tudo bem. – Apesar de Gwyn não estar com fome, ela se obrigaria a comer. Igual estava se obrigando, desde que Cassian a vigiava, sem descanso, sua alimentação.

Eles foram para uma mesa mais isolada. Lucien soltou a mão dela, e puxou a cadeira pra Gwyn se sentar.

- Que cavalheiro. – Disse ela.

- Uma de muitas qualidades minhas – falou zombeteiro, e ela riu, enquanto ele se sentava diante dela.

Gwyn falou algo que a deixou curiosa.

- Pensei que não sentisse frio. Por ser da...Corte Outonal.

Lucien cruzou os braços.

- Isso é bem raro de acontecer. Mas as vezes finjo que sinto. – Ela sorriu –  Você... é de onde?

Gwyn pigarreou.

- De Sangravah.

-  Nasceu lá?

- Não. Na verdade... – Gwyn tentou não se remexer – Minha irmã e eu nascemos em um rito do Calanmai.

Lucien apoiou seus braços na mesa.

- É mesmo?

- Sim... Mas nunca conheci meu pai. E minha mãe...bem é complicado. – Lucien tamborilou os dedos na mesa, e aquilo a deixou um tanto nervosa, mas reuniu coragem para perguntar – Eu sei que você estava lá, porque morava com o ...Tamlin – Não pela primeira vez, ela quis perguntar para Lucien sobre isso, mas nunca teve coragem, e nem tinha tanta intimidade como agora – Então...você sabe... quem poderia ser?

- Você tem quantos anos?

- 30 anos.

- Que nova... – disse ele surpreso, e ela assentiu um tanto tímida.

Lucien a fitou em silêncio por alguns instantes, deixando-a desconfortável.

- Eu não sei... – disse pesaroso – Foi bem no reinado de Amarantha. Tamlin, dificilmente não comparecia a esse rito. Mas durante 50 anos, teve algumas vezes que ele falhou. Só que eu não me lembro quem poderia ter sido, muitos machos vão pra esse rito...Eu sinto muito Gwyn, por não lembrar. – Mas ele faria de tudo pra descobrir, talvez fosse a chave desse mistério.

- Tudo bem... –  ela disse, tentando não parecer frustrada – às vezes é melhor não saber.

A garçonete veio de encontro a eles.

- Boa tarde. O que gostariam de pedir?

Lucien pediu, e Gwyn só concordou. Ela nunca havia experimentado nada mesmo daquele lugar. Quando a garçonete se afastou, Lucien vendo o semblante desanimando de Gwyn tentou mudar de assunto.

- Eu tenho uma coisa pra você.

- Têm? – Ela franziu o cenho quando viu que ele estava tirando do casaco um... livro.

- Espero que goste – disse Lucien, empurrando o livro sobre a mesa.

Gwyn surpresa, perguntou a ele, antes de pegar o livro.

- Mas, por que?

- Considere uma recompensa por ter vindo aqui, me ajudar.

- Eu... – ela ficou sem palavras por um instante – Não precisava ter gastado comigo.