Epílogo 2 - Lucien

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10 anos depois...

Lucien olhava para a carta em suas mãos como se ela o desafiasse. A carta era do seu irmão, Eris, que antes de morrer, pediu a Gwyn para que ele pegasse essa carta, junto com a carta do seu ...amor.

Lucien, depois de toda a destruição, foi logo resolver esse assunto, embora na época ele não tivesse muita cabeça pra isso... Mas quando ele chegou na casa de campo de Eris ( ele descobriu essa casa através da informação de seu valete), se surpreendeu como tudo ali era simples e harmônico... Lucien não conhecia esse lado do seu irmão...Ainda tinham marcas dele em alguns lugares...mas Lucien tentou não reparar muito...ele só queria encontrar as cartas, e sair logo daquele lugar... Não foi tão difícil achá-las. Elas estavam expostas no criado mudo, perto da cama... Parecia que Eris prevera o que lhe aconteceria... aquilo o arrepiou, e ele logo pegou os envelopes, com o emblema da família Vanserra. Uma estava endereçada e ele...e a outra ao...

- Devlon? – Lucien franziu o cenho...Ele se lembrava do macho vagamente...Era um dos lordes de guerra dos Illyrianos...Fazia sentido Eris ter o conhecido...havia uma época que ele vivia na Cidade Escavada. E às vezes ocorriam reuniões militares por lá...Podia ser, que em alguma dessas vezes, eles se encontraram...Mas...era algo surpreendente...Devlon parecia tão sério, igual seu irmão...Porém quando se trata de amor, quem era ele pra questionar alguma coisa? A vida de Lucien já estava confusa demais... De qualquer forma, Lucien precisava entregar carta ao dito cujo...

Não foi difícil localizá-lo. Obviamente, ele foi sozinho, e ninguém soube... Lucien sabia ser silencioso quando queria, anos de prática por assim dizer. Ele vigiou Devlon por um bom tempo, até o encontrar sozinho perto de uma casa que vendia coisas de Illyrianos. Lucien não queria saber, e não entendia muito bem sobre...só queria sair de lá rapidamente...Lucien o abordou, e Devlon ficou surpreso ao vê-lo ali...Mas mais surpreso ficou Lucien por ver nos olhos do outro, uma mistura tristeza a reconhecimento. Lucien não falou muito porque o momento era constrangedor...Somente explicou que tinha que vê-lo, porque o último desejo do seu irmão era entregar essa carta pra ele. Devlon a guardou, e lhe agradeceu seriamente, embora seus olhos o traíssem.

Sem conseguir olhar na cara do amor de seu irmão, que parecia tão destroçado quanto ele mesmo, Lucien se foi o mais rápido possível... E depois que chegou em casa, ele guardou aquela carta na gaveta da escrivaninha de seu escritório, e não a tirou de lá desde então.

Ele sempre falava pra si mesmo que no dia seguinte ele leria, com a desculpa que estava muito ocupado. Então se passou 1 mês, 6 meses, 1 ano, 5 anos...e agora 10 anos. E ele ainda não lera. Mas hoje, em especial por ser seu aniversário, prometeu a si mesmo que leria a carta. Mesmo que acabasse com ele. Mesmo que o destruísse, ele tinha que ler. Devia isso a Eris.

Lucien rompeu o lacre do papel amarelado, e com o pulso acelerado, respirou fundo, abriu a carta, e começou a ler:

Irmão,

Sei que se essa carta chegou a você, é porque fui uma dessa pra melhor, ou pra pior. Sei que não fui um irmão exemplo pra você, mas tentei não te influenciar com minha personalidade um tanto...inconstante. Por isso me mantinha afastado de você, mas nunca ausente. Você sempre foi uma das únicas pessoas que amei, e você sabe que foram poucas... Por isso quando você me culpou pela morte de seu primeiro amor, aquilo me doeu muito. Mas deixei que doesse, deixei que você fosse, era melhor do que te ver, e ter que encarar os seus olhos, e saber que fracassei com você...

Lembra quando pulávamos entre os galhos das árvores, e você achou que conseguiria voar, e por isso resolveu pular da árvore? Eu quase morri quando você pulou e se machucou. ( igual ocorrera com minha irmã...sempre tão parecidos...) Fui ao teu encontro, e quando vi que não quebrou nada, lhe dei um tapa na cabeça, mas queria ter dado em mim mesmo, por não ter impedido a tempo. Foi essa mesma sensação, só que mil vezes pior quando vi o que Beron fez. Por isso, a partir daquele momento resolvi me vingar dele. E ele com certeza descobriu, se você estiver lendo essa carta...E a única coisa que posso me apegar, é a esperança de que minha vingança foi concluída, através de você. Dito isso, posso ficar em paz, porque sei que você tomou o trono daquele maldito. Eu sempre soube que era pra você assumir essa Corte, mas sabia que você jamais faria isso. Por isso assumiria em seu lugar, embora eu nunca o quisesse... Eu queria ser livre, pra amar quem eu amo...Infelizmente nada é como nós queremos...

Corte em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora