Corte em Chamas

Capítulo 20

Os raios de sol adentravam o quarto, despertando um novo amanhecer. As cortinas balançavam com a movimentação dos ventos, trazendo cheiro de linhaça, sândalo e lavanda invadindo todo o ambiente.

Gwyn estava se sentindo muito aconchegada. Ainda com os olhos fechados, ela começou a despertar, sentindo uma respiração em sua nuca. Gwyn percebeu que ela estava envolvida nos braços de Lucien, que cobriam a sua barriga. De alguma forma, no meio da noite, eles haviam dormido de conchinha. E Gwyn não queria despertar totalmente, era tão bom sentir ele perto de si, como se a vida deles sempre fosse assim, despertando juntos, na mesma cama, e com o mesmo cheiro.

Ela tentou não se movimentar, mas parece que não funcionou, porque ele pareceu despertar com algum movimento que ela fez.

- Bom dia. – Disse ele com voz rouca, beijando sua nuca, que a fez se arrepiar.

Gwyn abriu seus olhos tão azuis quanto o mar, e lentamente se virou pra ele, e sorriu.

- Bom dia.

- Você está bem? – Perguntou ainda preocupado.

- Nunca estive melhor. – O que era verdade. Gwyn nunca dormiu tão bem desde antes de tudo acontecer... – e faz tempo que não dormia tão bem.

Ele sorriu, e passou os dedos pela bochecha de Gwyn.

- Fazia tempo que eu também não dormia tão bem.

Gwyn não se aguentou, e pousou os dedos na cicatriz do rosto de Lucien. Lucien suspirou de prazer, fechando os olhos para o toque dela.

-Sei que não é convencional – disse ela – mas sempre achei um charme essa sua cicatriz.

- É mesmo? – Ele a fitou malicioso – E eu sempre amei as suas sardas.

- Eu não tenho tantas assim...

- Eu posso te provar que você tem...E muitas não estão em seu rosto.

Gwyn corou. Lucien deu um meio sorriso atrevido, mas logo ficou sério.

- Gwyn...eu preciso te contar uma coisa.

- O que?

Lucien se sentou na cama, e Gwyn fez o mesmo. Ele mordeu o lábio inferior, antes de dizer:

- Eu não quero que você ache que estou brincando com você de alguma forma. Por ter uma...parceira.

- Ah ... Eu nunca pensei isso de você – mas Gwyn entendia o que ele estava tentando dizer.

- Eu quero dizer Gwyn que... – ele parecia um tanto ansioso – antes de te reencontrar – ele pegou a mão dela, e começou a fazer carinho com os dedos em sua palma. O toque a fez estremecer – Eu já pensava em desistir da parceria.

Gwyn arregalou os olhos de surpresa.

- É eu sei... – ele sorriu, sem humor – Sei que sempre insisti com ela. E que todos viram isso... Mas nesses últimos meses, apesar de uns...deslizes – ele não quis entrar em detalhes – eu me dei conta que queria sair desse sentimento que sempre me dominava...ao vê-la – Lucien suspirou – Essa situação se prolongou demais, e agora percebo que isso não está fazendo bem a mim, e acho que nem a ela... – ele pareceu um tanto distante – Eu acho que sempre soube que ela nunca me quis...só não queria admitir essa verdade. Mas depois de você – ele a encarou – eu consegui ver que eu também nunca a quis, não da forma ou da mesma intensidade que eu quero você.

Gwyn não sabia nem o que dizer. Estava completamente surpresa.

- Por isso irei pedir a Elain – Lucien continuava acariciar a palma da mão dela – que me liberte da parceria.