Cap. 07 [ Segunda vida - Olá Noir! ]

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Eu coloco o capuz novamente.

Tenho que ir embora rápido!

— Está tudo bem agora, aceitarei seus agradecimentos se aceitarem isso.

Coloco um pequeno saco com algumas moedas de ouro na mão da mulher.

— Se-senhorita, eu não posso aceitar!

— Não se preocupe com isso, apenas aceite a minha sinceridade, eu tenho que ir agora...

— Mas...

Eu me viro e vou embora com passos apressados, uma multidão está se formando e alguém pode ter me reconhecido.

Mesmo que seja impossível de acreditar que uma nobre está vagando sozinha pela rua baixa e pelejando contra bandidos...

Plebeus não tem acesso as informações da nobreza do reino de Noir, mas sabem que a característica principal do nosso marquesado são os incomuns olhos vermelhos, além disso os guardas estão chegando.

Ferraria Valente, hah! Finalmente te encontrei!

É um lugar pequeno, de fato, porta de madeira e uma placa antiga, eu abro a porta e vejo um senhor com a barba queimada atrás de um balcão de madeira envernizada, e nas paredes há muitas armas penduradas, provavelmente forjadas por ele.

— Bom dia senhor, estou à procura de uma certa espada.

— Tsc, é só escolher.

Hã? Esse velho rabugento estalou a língua para mim? Eu dei um generoso bom dia e ele sequer olhou na minha cara?! Dane-se, vou procurar logo a minha Noir e ir embora desta pocilga!

Ouço um barulho estridente de algo caindo atrás de mim, viro para olhar e vejo uma espada com a bainha empoeirada no chão, ela realmente estava na parede em cima da porta, ah, eu me abaixo e a pego do chão delicadamente.

— Olá Noir, que saudade companheira, faz um tempo que eu não lhe vejo! Vamos pra casa com a mamãe!

Na minha primeira vida eu conversava constantemente com essa espada, é, eu acho que ainda sou louca, não posso mais viver sem ela.

Você nunca me abandonou, sempre esteve ao meu lado, até quando dei meu último suspiro você estava lá...

— A bainha está colada, ela não sai, é apenas decoração sem valor. – Falou o ancião em desprezo.

— Eu a quero, me venda.

O velho barbudo estalou a língua novamente.

— Dez moedas de prata.

No livro-registro do ducado Owen esse mesmo velho rabugento tinha dado Noir para Cristian, e provavelmente o fez com um sorriso desdentado no rosto.

Você não gosta de mim? Eu também não gosto de você!

Eu abro o meu saco extra e coloco uma moeda de ouro em cima do balcão de madeira.

— Fique com o troco.

— Grato pela sua bondade nobre dama! Espere, eu...

Ele fala algumas coisas irritantes, mas eu não dou atenção, viro às costas e vou embora, estou louca para manejá-la novamente, eu fazia isso escondida na minha vida passada, enquanto conversava com ela.

O conservadorismo desse reino me irrita, as mulheres de Noir não podem se tornar cavaleiras ou lutar nas guerras, poucas nobres praticam a esgrima como passatempo e geralmente o fazem em segredo, uma mulher segurando uma espada em Noir é um atentado contra a feminilidade, um disparate, uma piada.

Os outros reinos desse continente têm culturas distintas e as mulheres são mais audazes, existem poucas mestras da espada, mas elas participaram ativamente nas guerras, e essas guerreiras que provaram sua força nos campos de batalha, abriram espaço para as outras mulheres serem livres nos reinos do continente ocidental, cavaleiras, mercenárias, espadachins, ao contrário de Noir, que ainda se prende a raízes machistas, só quando o meu lindo príncipe Eliot ascendeu ao trono as coisas começaram a mudar.

A carruagem Normand estava me esperando no mesmo lugar afastado onde me deixou, eu subo e vou na direção do marquesado, quando chego em casa vejo Claire na entrada do portão principal, ela está com um sorriso radiante nos lábios.

Ela está assim por causa de um convite do príncipe herdeiro que acabou de chegar, uma preciosa carta dourada me convidava para um chá com ele amanhã pela manhã no palácio Winter, seu palácio pessoal!

Ah, eu estou muito animada!

O dia terminou rápido e eu estou ansiosa para encontrar o príncipe Eliot novamente! Pela tarde eu treinei esgrima sozinha com a Noir, eu chamo a espada lendária assim, sonho com seu brilho desde que a retirei da bainha.

É intrigante, Cristian sempre conseguiu retirá-la da bainha desde o primeiro momento, mas eu só fui capaz de fazer isso, na minha vida passada, depois de ficar conversando com ela durante uns cinco anos, e isso foi alguns anos depois de vencermos a guerra contra Deviant.

O que foi isso?!

Escutei um barulho, eu estou acordada, mas ainda continuo com os olhos fechados, é madrugada e eu tenho certeza de que tem alguém no meu quarto.

Merda, eu deixei a Noir no meu guarda-roupa, merda, merda mil vezes, deve ser um assassino, mas isso nunca aconteceu na minha vida passada! Tenho que fazer alguma coisa, vou lutar pela minha vida!

Eu abro os olhos e vejo um rosto próximo ao meu, eu me assusto e lhe desfiro um soco certeiro no queixo!

— Cristian? Merda, Cris-Cristian? É você? O que está fazendo no meu quarto?!

Cristian está com a mão no rosto, ele parece bem chateado e surpreso com o meu soco.

— Você sempre foi tão forte Lili?

— Sim, sempre fui.

Eu respondo com um sorrisinho, espera, esse não é o ponto aqui.

— O que está fazendo no meu quarto de madrugada Cristian, eu disse ao duque para nunca mais entrar em contato.

Isso é muito mais do que simplesmente entrar em contato! Cristian invadiu o meu quarto!

Eu ainda estou sentada na cama, mas me levanto porquê Cristian está em pé ao lado da minha cama.

— Você está bem? Parece estar ficando vermelho... Kya!

Eu cruzo meus braços e abraço meus seios!

Cristian estava olhando para os meus seios e estou usando uma camisola muito fina hoje, dessa vez ele viu tudo, com certeza ele viu!

— Fique longe do príncipe herdeiro! Está me escutando Lili?! Me obedeça por agora, depois explicarei tudo!

Cristian está querendo sair pela minha janela? Mas estamos no primeiro andar!

— Cuidado, é muito alto Cristian!

Ele pulou e quando vi Cristian novamente ele já estava lá embaixo, ileso e corado, lindo e excessivamente brilhante com a luz da lua refletindo nos seus cabelos prateados, céus, príncipe herdeiro, príncipe herdeiro, príncipe herdeiro!

Ele sussurrou alguma coisa, mas não deu para escutar.

O que demônios aconteceu aqui agora? Não vou pensar sobre isso, Cristian não vai conseguir me enlouquecer! Vou dormir! Meu príncipe musculoso me aguarda amanhã para um chá maravilhoso! Não vou dar ouvidos a Cristian, dessa vez serei feliz com certeza!

É de manhã e eu já estou no palácio Winter saboreando um chá de flores raro, o aroma dele é divino, o gazebo em que estamos foi todo decorado com rosas... vermelhas... e rubis que lembram meus olhos, do meu lado direito está o príncipe herdeiro Eliot, perfeito, e ao meu lado esquerdo está Cristian.

Desastre, o que raios Cristian está fazendo aqui?! Céus, pare de me encarar desta forma! 

Vermelho ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora