Cap. 31 [ Rato vermelho - O lado dele nessa vida ]

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Tudo começou com Liliam Normand Casper, esse era o nome da mulher que fui obrigado a ficar noivo graças aos meus pais e um maldito contrato de casamento entre famílias. Lili era uma criança irritante, ela sempre estava dentro de um vestido cheio de laços, me perseguindo a onde quer que eu fosse e fazendo coisas estranhas, que me causavam calafrios, entre outras coisas...

Quando me tornei um duque comecei a enviar incontáveis pedidos de anulação para o seu marquesado, mas nunca obtive resposta, até o envelope dourado chegar ao ducado Owen, era a autorização do rei permitindo a anulação do nosso contrato de casamento, ela finalmente assinou os papeis e eu estava livre!

Entretanto a minha felicidade durou pouco tempo, Lili tinha desaparecido do marquesado Normand, e o relatório dos meus espiões era claro, Lili não deixou rastros. Eu não dei atenção a isso nas primeiras semanas, ela com certeza estava querendo chamar a minha atenção, mais cedo ou mais tarde Lili bateria na porta do ducado, arrependida e pedindo perdão, ou ameaçando a própria vida para se casar comigo, como ela sempre fazia.

Mas os meses se passaram e foi o marquês Normand quem bateu na minha porta, ele estava apático e visivelmente debilitado, pensei que fosse desmoronar na minha frente quando o vi, e assim foi, ele se ajoelhou diante de mim, implorando ajuda para encontrá-la, e foi assim que eu dei início a minha busca por Liliam Normand Casper, a filha do marquês e minha ex-noiva, que desapareceu sem deixar vestígios logo após assinar o meu pedido de anulação e enviar ao rei.

Estou há mais de dois anos procurando por ela, eu espero apenas encontrar seus ossos jogados em algum poço profundo, devo estar sendo influenciado pelos pesadelos que tenho com Lili, ela sempre está em um lugar frio e escuro, e esses pesadelos têm me atormentado todas as noites.

Cheguei à conclusão de que ela tinha cometido suicídio, mas algo dentro de mim não me deixa parar de procurá-la, encontrar Lili se transformou em uma obsessão, um desejo doentio inexplicável.

Faz pouco tempo que eu comecei a sonhar com ela, depois dos pesadelos, ela estava diferente, vivendo em uma terra distante, seu olhar tinha mudado, ela estava feliz sem mim, eu tinha virado apenas uma lembrança, uma parte de um passado, que simplesmente passou.

Eu a procurei por cada centímetro de Noir, varri suas florestas, cidades e vilarejos com meus cavaleiros, até começar a procurá-la no fundo de cada abismo, de cada poço do reino, de cada lago e de cada pântano, mas Lili nunca estava lá, e isso me instigava cada vez mais.

No meio da minha busca obsessiva a guerra contra o reino de Deviant estourou e estou na linha de frente, eu sou um mestre da espada, o duque de Noir, um general, vou esmagar os meus inimigos, arrancar seus corações com os meus dedos e mastigar suas entranhas.

No campo de batalha fui hipnotizado pela cor vermelha, uma mulher de cabelos curtos e vermelhos como fogo caminhava em direção ao nosso exército liderando os inimigos, ela era tão pequena, quase a confundi com uma criança... se não fosse pelo seu corpo feminino marcante... ela usava um traje vermelho e usava uma máscara de rato, que também era da cor vermelha, a máscara deixava seus lábios rubros de fora e apenas a sua espada era negra, ela emitia uma mana intensa, era tanto rancor reunido que eu estagnei diante dela.

Os homens a chamavam de "rato vermelho", ela despedaçava os cavaleiros de Noir com tanta facilidade e indiferença que eu achei que não fosse humana. Os olhos vermelhos daquele demônio se assemelhavam a lamparinas e ela sorria sempre que separava as cabeças dos nossos corpos, era uma carniceira sanguinária, a personificação do ceifador no campo de batalha, nós estávamos lutando contra ela, não contra Deviant, ela era o mal que precisava ser erradicado desse mundo ou o destruiria completamente, estávamos em guerra contra ela.

Eu era o brinquedo do rato vermelho, uma batalha após a outra, ela era o predador e eu sua presa. Aquele demônio me olhava sempre que retalhava um cavaleiro do meu esquadrão e sorria, e toda vez que isso acontecia meu sangue fervia querendo estraçalhá-la, mas eu não conseguia chegar perto dela, o rato vermelho sempre escapava das minhas mãos.

A moral dos cavaleiros estava a ponto de colapsar, assim como a minha, mas na última batalha, a batalha decisiva que definiria o destino do reino e quem sabe desse mundo, a minha espada finalmente conseguiu alcança-la e nós brandimos as espadas, a diferença de poder era esmagadora, o rato vermelho oprimiu um mestre da espada como um inseto insignificante.

Eu quase congelei quando Sir. Cassius apareceu no meio do nosso confronto e a espada negra foi em direção a sua garganta, era impossível chegar a tempo ou detê-la, a minha mão ainda estava no ar tentando alcançá-los, mas a morte de Cassius era inevitável, a ponta quase o tocava .

Foi quando algo inesperado aconteceu, o rato vermelho parou, ele não ceifou Cassius e estava sorrindo para ele, era um sorriso afável, até mesmo afetuoso, milagrosamente ainda existia um resquício de humanidade naquele ser, foi momentâneo, mas estava ali, enterrado no lugar mais profundo e escuro, ela era humana e nós não estávamos lutando contra um ser demoníaco.

O reino de Noir foi derrotado pelo rato vermelho no curto período de seis meses, eu, Cristian Owen, duque do reino de Noir, fui completamente destruído por aquela mulher, humilhado, arruinado.

Deviant invadiu Noir e assassinou toda a família real e eu fui preso no calabouço do castelo principal com Sir. Cassius, estávamos acorrentados quando ouvimos os guardas cochicharem que o rato vermelho também assassinou toda a família real de Deviant e era a nova imperatriz dos dois países. Ela unificou as terras de Noir e Deviant, e o novo reino da imperatriz vermelha se ergueu, ela o chamou de "Keiko".

Quem iria pará-la? Ela é o anjo da morte, um ser controverso e incompreensível, que já tinha destruído completamente o meu espírito, eu já não era mais um orgulhoso duque ou um mestre da espada, agora sou apenas mais um homem que perdeu tudo.

As correntes que me prendem são especiais, foram feitas exclusivamente para conter um mestre da espada, ela suprime a minha mana e com elas eu não passo de um humano comum.

Eu nunca ouvi falar de uma coisa assim, suprimir a mana de um mestre da espada dessa forma, está além do meu conhecimento, além disso há outra coisa intrigante, elas são estranhamente confortáveis.

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