Cap. 05 [ Segunda vida - O alvo de Claire ]

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Eu suspiro, volto a realidade e reverencio Cristian formalmente, que me responde gesticulando.

Ah, eu sorri inconscientemente, não posso evitar pois estou aliviada, de fato, ele é excessivamente lindo, mas é apenas isso, graças a deusa bondosa eu me libertei desse homem.

Eu não acredito que cheguei a tremer só de pensar em falar com Cristian, que eu gaguejava e não conseguia sequer iniciar uma conversa com ele, eu tive que falar de maneira infantil por anos, apenas para poder conseguir trocar algumas palavras com Cristian, dez anos de autorreflexão realmente operam milagres.

— Você não respondeu as minhas cartas senhorita Liliam Normand, não somos mais noivos, mas ainda somos amigos de infância, praticamente crescemos juntos.

Hah, o que esse desgraçado acha? Que seremos amiguinhos e nos reuniremos para um chá de vez em quando? Você quer relembrar os tempos em que eu o perseguia? Ou quem sabe falar sobre uma das centenas de vezes que você me implorou para eu assinar a anulação?

— Acho que o duque entendeu algo errado.

— E o que foi que eu entendi errado, senhorita.

Os olhos dele passeiam pelo meu busto.

Espera, Cristian está olhando para os meus seios?! Tem algo muito errado aqui.

Eu olho para o meu decote e percebo que o vestido está desalinhado, eu me viro envergonhada, vermelha como um tomate, e ajeito o meu vestido rapidamente o puxando para cima, deve ter sido por causa da surra que eu dei no Conde Olavo.

— Duque Owen

Eu me viro novamente e percebo que Cristian está ainda mais próximo de mim, a cor azul está me cobrindo agora, ela paira imponente.

Foi assim, foi nesse azul que eu me perdi na minha vida passada, mas isso definitivamente não acontecerá de novo nesta vida!

— Vossa Graça... Duque Owen...

Eu me afasto enquanto falo.

— Nunca houve amizade, éramos apenas noivos e isso acabou há quatro meses atrás, não há mais nada entre nós, por favor não escreva mais cartas endereçadas a mim e evite qualquer contato no futuro.

Falo com confiança encarando os seus olhos, sequer titubeei nas palavras e percebi que ele se surpreendeu com isso.

— Tudo bem, como quiser.

— Agradeço por compreender minhas circunstâncias vossa excelência.

— Já que essa é a nossa última conversa me responda apenas duas perguntas, senhorita Normand.

Eu aceno com a cabeça concordando com a sua demanda.

— Por qual motivo assinou o meu pedido de anulação do contrato e por quê escreveu aquelas palavras?

— Aquelas palavras? Ah, o "Seja feliz pois eu também serei!"?

Eu sorri depois que percebi a ênfase que dei a parte final.

— As duas perguntas têm a mesma resposta, ou até mesmo se respondem.

Eu o encaro chegando mais perto, sem fugir dessa vez, e os narcisos que recebi em meu leito de morte brotam na minha mente.

— Eu nunca quis que você fosse infeliz Cristian, eu peço perdão pelo meu egoísmo, pelo meu amor frívolo...

— ...

— Me perdoe por te obrigar a se casar comigo... eu sempre achei que um dia... que conseguiria fazê-lo sentir amor por mim, mas eu estava enganada... eu fiz você infeliz e isso também me deixou infeliz.

Vermelho ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora