Cap. 39 [ Mudanças no destino - Criatividade divina ]

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Quando Scariont saiu correndo ontem eu pensei em silenciá-lo eternamente e colocar fogo no resto do bosque, para não deixar vestígios, mas assim que me virei fiquei em estado de torpor, vi a maioria dos empregados olhando diretamente para mim, alguns desmaiaram, outros estavam paralisados, com a boca aberta, inclusive os empregados espiões de Eliot e de Cristian, então eu pensei: Estou fodida novamente.

Eliot não tem a pedra de mana, mas as provas estão bem aqui, além disso Scariont é um mago competente, Eliot não teria motivos para duvidar dele... mas que... novamente eu sou obrigada a me envolver nesses malditos jogos mentais que me forçam a encontrar uma solução em meio ao caos, na minha vida passada eu era o rato vermelho! Uma imperatriz! Eu deveria ter me livrado de todas as testemunhas e ter continuado com o plano de ameaçar o Eliot, raios, não daria certo.

O Scariont parecia tão desesperado ontem e eu passei a respeitá-lo muito, como funcionário ele é excelente! Além disso, o que eu faria com todos os corpos em plena luz do dia? Principalmente com os corpos dos espiões do príncipe e de Cristian, certamente surgiria um problema ainda pior! Mil vezes merda, não quero reiniciar o loop assim, ainda não estou encurralada a tal ponto.

Ninguém me procurou de madrugada e o motivo foi simples, os espiões de Eliot e Cristian estavam me vigiando e se vigiando ao mesmo tempo, se um deles se movesse o outro lado saberia.

No dia seguinte eu coloquei o vestido que tinha mais laços para receber Cristian e Eliot, que vieram pessoalmente no marquesado Normand me interrogar.

Pela deusa, porquê tem que ser aqui? Eles não param de olhar para o bosque que eu e a Keiko cortamos, mil vezes... nem um mestre da espada conseguiria fazer algo assim com o poder da sua mana!

Mesmo que eu pedisse um pouco de mana emprestada a Keiko, apenas para me passar por uma mestra temporária da espada, ainda seria impossível explicar tamanho poder de destruição, este tipo de coisa está em um nível divino!

Nível divino... di-vi-no hã?

A criatividade borbulha.

— É uma honra para o marquesado Normand receber a ilustre presença do príncipe herdeiro de Noir e de vossa excelência, duque Owen.

Pelo menos não estou sendo obrigada a prestar explicações diretamente ao rei no palácio principal.

— Senhorita Liliam Normand, filha do marquês Normand, pode nos explicar o que aconteceu aqui ontem? – Indagou o príncipe herdeiro.

Há muitos magos e cavaleiros ao redor do marquesado, fomos invadidos.

Oh, o Scariont também está aqui e ele parece muito assustado, até o papai e a Claire estão nos observando ao longe, bem, se os dois estão aqui juntos significa que Cristian interrompeu os planos de Eliot de alguma forma, o príncipe herdeiro jamais levaria esse assunto á público enquanto eu estivesse em posse da pedra de mana.

— Sim vossa alteza, eu recebi um oráculo da deusa ontem.

— Um oráculo? Explique-se senhorita Liliam. – Falou Eliot.

— O que um oráculo tem a ver com cortar um bosque inteiro com um único golpe Lili, não subestime a minha inteligência. – Indagou Cristian

— Eu estou falando a verdade duque Owen, vossa graça é um mestre da espada e a sua afinidade com mana está além da minha compreensão, consegue sentir algum resquício de mana circular o meu corpo?

Cristian se levanta e vem até a minha cadeira, ele se inclina e pega a minha mão, segurando-a gentilmente.

— Lili, eu a conheço desde criança, sei que a senhorita nunca teve afinidade com a mana, então nos explique o que aconteceu no marquesado ontem, seja honesta Lili.

Eliot está olhando fixamente para as nossas mãos como se quisesse usar um machado para separá-las, eu solto a mão de Cristian e me levanto da cadeira, é hora do espetáculo.

— Eu estava treinando ontem, assim como fiz nos últimos dias, foi quando senti algo estranho, de repente uma voz feminina começou a falar comigo, ela me transmitia uma sensação de pureza, escutando-a tive a certeza de que era uma divindade, aquela presença tocava meu ser e me fazia oscilar ao mesmo tempo, meu peito palpitava de emoção.

É hora de entonar minha voz e olhar diretamente para o pervertido do Eliot.

— Eu fiquei paralisada no início, mas depois me acalmei quando a deusa falou que tinha vindo por mim, ela me disse que havia uma serpente degenerada nas sombras, mas que eu ficasse tranquila pois ela estava me protegendo, ela também mandou uma mensagem para a serpente, a mensagem dizia: "Desfaz tua toca secreta pois ela invoca a minha fúria, a imagem da rosa vermelha é sagrada e se seguires cobiçando-a arrancarei tua presa e deceparei tua cabeça".

O Eliot engoliu seco agora?

— Então senti uma força poderosa sair da minha espada e quando dei por mim o bosque já tinha sido cortado, este feito deve ser o aviso da deusa... e quando ela estava me deixando pude saber de coisas que antes eu não sabia, imagens de uma guerra com o reino de Deviant em um futuro próximo, uma parede repleta de pinturas de mim e o nome de um homem que estava em cima de uma das árvores do...

— A família real de Noir solicitará a visita de um representante dos templos da deusa, para confirmar se Liliam Normand foi tocada por ela e validar seu oráculo, isso é tudo. - Interrompeu o príncipe herdeiro.

Hah, o Eliot levantou da cadeira, parece desconcertado.

— Sim vossa alteza...

Eu o reverencio e ele me lança um olhar entristecido

— Ficarei mais um pouco com a senhorita Normand alteza. – Cristian fala.

— ...

Eliot está indo embora com a comitiva agora, ele é esperto, não me deixou falar sobre o Scariont e a pedra de mana, parece que ele entendeu perfeitamente o recado, deve ter sido obrigado a vir aqui com Cristian, já que ambos são conscientes dos seus espiões.

Pelo menos é o que eu acho, não posso confiar no bom senso de um lunático como ele.

— Isso é verdade Lili?

— Sim Cristian, não tenho razões para mentir e nem a força para tal feito, e se tivesse... por qual motivo eu cortaria as árvores do meu próprio marquesado? E na frente dos empregados?

Falta de inteligência emocional?

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