Cap. 46 [ O olho do servo - Os banquetes do Mestre ]

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Estou olhando pra o chão, pelo menos tenho a certeza de que ele está vestindo calças, merda, não consigo olhar pra ele, devo estar muito vermelha agora, estou com muita vergonha para encará-lo.

— Me siga.

— Sim mestre.

Merda, esbarrei nas costas dele! Também, porquê foi parar tão de repente?!

— Me perdoe mestre, não tive a intenção.

— Está me provocando?

— Não! Eu não estou lhe provocando, foi o mestre quem parou de repente!

Merda, eu olhei nos olhos dele, ele tomou banho, está bem vestido agora, seu cabelo loiro está molhado e bagunçado, lembram os de Cristian. Não consigo desvendá-lo, não sei o que se passa na cabeça desse homem, seu olhar mudou, ele não está mais emotivo, ele é uma incógnita, assim como Cristian.

Chegamos em uma luxuosa sala de jantar com um baquete magnífico, posto em uma mesa adornada de pedras preciosas.

Isso! Estou com muita fome, preciso reunir forças primeiro, só assim poderei matá-lo!

Eu vou na direção da comida.

— Eu permiti que você comesse?

Ah não!

— Não mestre, mas estou com muita fome.

— Ponha-se no seu lugar, você não é digna de um único grão deste banquete.

Ah não!

Estou tão faminta que não reparei que só há uma cadeira, e ela está na cabeceira da mesa.

— Me sirva um pouco de vinho serva.

— Como ordenar mestre...

Meu corpo se moveu sozinho durante o jantar de Calíx, eu o servi do começo ao fim, o alimentei com as minhas próprias mãos, cortei sua carne e enchi o seu cálice várias vezes até ele ficar saciado.

— Terminei, me siga.

— Mas, mas, eu estou com muita fome mestre.

Merda, a mesa ainda está repleta e farta!

— Tsc.

Calíx caminhou até a mesa, pegou um pedaço qualquer de frango que ainda estava em seu prato com a ponta dos dedos e o jogou no chão.

— Coma.

— O quê?

Meu corpo se moveu até o pedaço de frango e comecei a devorá-lo, escutei Calix rir enquanto me observava comer seus restos.

— Não coma os ossos, é nojento.

Ah, por que eu sinto que essa merda só está começando? Ele matou todo mundo, tentou me torturar, depois quase me deflorou nessa vida e agora chegamos na parte em que ele me humilha? Hahaha! Esse filho da puta quer mesmo me atingir de alguma maneira, acha que eu vou ceder assim tão fácil?

— Mas os ossos parecem tão apetitosos mestre.

— Tsc.

Hah, não dizem que coragem é conhecer o medo e dominá-lo? Hum, talvez eu também possa chamar isso de estupidez.

Estou seguindo-o agora, estamos voltando aos aposentos da minha gaiola dourada sem grades, eu não tinha reparado, mas...

Merda, aqui é o quarto dele? Tem uma cama enorme aqui embaixo.

— Ai!

Ele me pegou pela cintura e pulou, estou presa no alto novamente, até parece que estou mesmo em cima de um prato dourado e essa merda está sendo segurada por uma única pilastra!

Pelo menos não está levitando no ar, oxalá esse prato caísse e eu morresse na queda, merda, se eu tivesse que escolher preferiria jogar a minha cabeça contra uma parede.

— Até amanhã serva.

Ele virou as costas e pulou.

Como esse pervertido consegue fazer isso? Cristian também ignorava a altura como se não fosse nada, merda, não consigo sequer olhar para baixo, impossível.

Estou no centro desse "prato" agora, estou tão cansada e faminta, faz muito frio aqui em cima e esse piso metálico é tão gelado...

— Bom dia escrava do dia.

Eu abro os olhos e dou de cara com ele.

— ...

— Me dê bom dia também escrava.

— Bom dia mestre.

— Lindo dia escrava.

— Lindo dia mestre... – Eu reviro meus olhos.

Fui carregada pela cintura e jogada na água gelada novamente.

Que porra! E ainda está nevando lá fora, pelo menos aqui eu posso beber água, tomar banho e fazer minhas necessidades diárias.

— Não tenho o dia todo, se apresse serva!

— Tsc

Outro banquete estava posto, cada detalhe na mesa era impecável, desde a disposição dos talheres a porcelana e prataria, estou servindo o café da manhã ao filho da puta do Calíx e não vi nenhuma empregada até agora, nem uma alma viva sequer, com certeza ele está usando magia para criar banquetes dessa magnitude.

Mesmo faminta estou sendo obrigada a servir comidas deliciosas a esse tirano.

Espero que morra engasgado! com certeza ele acertou na tortura dessa vez, o cheiro desse pão recém saído do forno está me fazendo salivar, a minha barriga roncou?

— Ai! O que está fazendo mestre?!

Calíx levantou da cadeira com os olhos arregalados e se ajoelhou aos meus pés, ele está grudado na minha perna, agarrando a minha coxa com as duas mãos.

— Me solta mestre, larga! Larga!

Que merda de louco você é?!

Eu agarrei os cabelos dele e estou puxando suas mechas loiras loucamente, mas a cabeça dele nem se move!

Merda, vou matar esse maldito pervertido agora!

— Você está sangrando Lili.

— Eu?!

Sinto a cura ser usada no meu corpo várias vezes.

— Estranho, você não para de sangrar.

Ah não!

— Me larga mestre! Isso não é um ferimento, é algo que acontece com as mulheres uma vez por mês! Nunca ouviu falar?!

Ví Calíx ficar vermelho.

Merda, não sei quem está mais envergonhado, se sou eu ou se é ele.

— Vá ao banheiro serva! Rápido!

Eu fui correndo ao banheiro assim como Calíx ordenou, mas entrei nele e saí rapidamente, estou procurando pela saída, ele não falou nada sobre não tentar fugir ou retornar para ele depois de ir no banheiro! 

Isso caralho! Uma chance e uma porta destrancada para a área externa! Adeus filho da puta! Que frio, está nevando muito e a neve está muito alta! Tenho que sair daqui e buscar uma forma de morrer sem me matar!

Estou correndo com todas as minhas forças, mas está ficando cada vez mais difícil de continuar, está congelando aqui fora, estou muito fraca, meu corpo está caindo, espero morrer logo.

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