Cap. 59 [ Dejavú da morte - Cometendo os mesmos erros ]

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Os dias passam rápido e quatro meses voaram, a minha rotina foi muito simples, me encontrar com Calíx e tentar ser feliz, ou qualquer outra coisa parecida com isso. Fiz muitas compras com Claire e Calíx e eles se dão estranhamente bem, fomos a restaurantes, boutiques, joalherias, também retomei o meu treinamento e por incrível que pareça ninguém me espionava nas árvores do marquesado, eu não sei o que Calíx está fazendo com Eliot no palácio do rei, mas ele com certeza conseguiu afastá-lo de mim nessa vida!

Estou tentando buscar prazer nas pequenas coisas, mas a Keiko invade os meus pensamentos a todo momento, sinto profundamente a sua ausência, como se estivesse faltando um pedaço do meu próprio corpo, um buraco no meu coração impossível de ser preenchido, estou incompleta agora e sempre busco Calíx para ficar próxima a ela, eu imagino meu anjinho dormindo docemente quando estou perto dele e isso me tranquiliza.

Eu escuto alguém bater na porta, as três batidas na porta de Claire são inconfundíveis.

- Entre Claire.

- Mais uma carta do ducado Owen.

Claire entra segurando uma bandeja de prata com um envelope azul em cima dela, sim, com certeza é do ducado.

- Não vai abrir senhorita?

Eu continuo comendo o parfait de morango.

- Não perderei o meu tempo.

Cristian quer se encontrar comigo pessoalmente, mas ele não revela o que realmente deseja nas cartas, não sei se ele está querendo me pedir desculpas ou se ele quer mais informações a respeito de Calíx, e para o meu espanto ele não invadiu meu quarto novamente nesses quatro meses, pelo contrário, está sendo cortês me enviando seus envelopes azuis, mesmo assim eu não estou pronta para ouvir suas acusações com fundamentos, merda, com um milhão de fundamentos, ainda estou elaborando uma explicação boa o suficiente para Cristian não enlouquecer.

- Uma hora você terá que encontra-lo senhorita.

Isso soa tão familiar.

- O que faço com o resto das cartas que estão na caixa senhorita?

- Por favor jogue-as fora Claire.

Estou recebendo muitos convites por causa da minha relação com Calíx, estamos saindo bastante pelas ruas da capital e os nobres querem se aproximar de mim para chegar até o filho da deusa.

- Calíx é mesmo popular, toda a nobreza está indo a loucura por causa dele.

- Oh senhorita, o representante do templo é o alvo, você é a flecha.

Merda, minha cabeça doeu, eu já não escutei Claire falar isso?

Claire sorriu retirando do meu guarda-roupa um lindo vestido tomara-que-caia cor de vinho, ele era no formato de sereia e valorizava o meu busto, cintura e quadril, era sexy e elegante ao mesmo tempo, eu reconheço esse vestido! Ficou tão lindo em mim!

Um dia depois o baile imperial chegou, combinei com Calíx de encontrá-lo lá, se ele me acompanhasse hoje papai certamente pularia no pescoço dele, também estou pensando em Cristian, quero falar pessoalmente com ele, não posso prolongar mais a nossa conversa, eu o amo e não quero perdê-lo por causa de um mal-entendido, tenho que tentar ser feliz pela Keiko e Cristian faz parte da minha felicidade.

Logo subimos na carruagem e ela seguiu em direção ao palácio principal, chegamos na entrada do salão de banquetes em poucas horas, nos anunciaram e as portas se abriram.

- Anuncio a chegada do Marquês Normand e de sua filha Liliam Normand.

Oh céus, eu estou incrivelmente linda, nem preciso de um espelho para constatar isso, na verdade eu nem precisaria de olhos para perceber tamanha comoção com a minha chegada...

- Aquela deusa é a senhorita Liliam Normand?

- Hã? Não pode ser!

- Tão encantadora...

- Ela está deslumbrante!

Ah sim, sou eu mesma! Obrigada Claire, você é a minha fada madrinha da beleza!

Eu desço as escadas do salão com elegância.

- Lili!

Eu escuto uma voz dissimulada e estridente.

- Senhorita Rebeca Ginger...

Eu lanço o meu sorriso hipócrita para ela.

- Eu sinto pela sua ruptura Lili, é uma lástima para o seu marquesado, mas você ainda tem muito tempo para conseguir outro noivo.

Dessa vez não existem damas atrás de Rebeca para rirem de mim com o comentário venenoso dela, toda a nobreza de Noir estava focada em obter o meu favor por causa de Calíx e nenhuma jovem dama daquele salão ousaria me insultar, exceto por Rebeca Ginger, é claro, mesmo sem apoio ela continuava igualzinha, não sei se isso é bom ou ruim.

- Oh! Obrigada pelas suas palavras de preocupação Beca! Você é uma amiga tão valorosa!

Eu me aproximo dela com um sorriso teatral e lhe dou um abraço.

- Ria em quanto pode Beca, eu conheço seu futuro e ele é sombrio, você será vendida para um velho decrepito e morrerá sozinha, uma viúva fria que abrirá as pernas em troca de qualquer calor humano, você vai murchar nos bailes até finalmente desaparecer como a coisa insignificante que você é.

Eu sussurrei essas palavras para Beca e ela deixou seu leque cair, parecia petrificada com as minhas palavras, mas eu continuo sorrindo como se eu não tivesse falado nada.

- Tenho que ir agora Beca, é sempre refrescante revê-la!

Eu viro as costas para Rebeca e piso em seu leque intencionalmente antes de chegar até uma das varandas.

- Oh...

Assim que entrei vi Cristian se escondendo nas cortinas da varanda ao lado, então era mesmo ali que ele estava o tempo todo, quando matei Calíx beijando-o com o laluna perdi o amor de Cristian exatamente nesse lugar.

Meus olhos foram atraídos pela lua novamente, isso quer dizer que...

Merda, eu me escondo entre as cortinas.

- Senhorita Normand? Senhorita? Estranho... pensei tê-la visto entrar aqui.

É a voz da aranha atrevida do Conde Olavo, graças a deusa bondosa que eu consegui evita-lo dessa vez, seria bom dar uns bons chutes nele novamente, mas ter que passar por tudo aquilo de novo não é nada tentador.

Alguém abre as cortinas onde estou me escondendo e prende meus olhos na cor azul.

- Cristian...

Vermelho ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora