PRÓLOGO

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A cabeça dela estava apoiada em uma pequena pilha de vidros avermelhados, devido ao sangue que escorria. Os olhos azuis estavam fixos á parede, não piscavam, nem mesmo quanto moscas corriam sobre suas pupilas. Já não habitava luz, nem vida neles, só escuridão.

A iluminação que vinha da lua, salpicava o chão. Os braços estavam roxos em várias partes, e o vestido branco, antes impecável, via-se todo manchado.

Ajoelhada junto á ela, obviamente sem vida, meu mundo começou a girar.

Delicadamente, acariciei seu cabelo emaranhado e o rosto pálido. Com dedos trêmulos trilhei a linha de sua face, tão parecida á minha. Então, abracei seu corpo frio, enquanto meus pais choravam compulsivamente atrás de mim. Para ser sincera, nem sequer percebi o momento em que eles se aproximaram.

Algum tempo depois, a polícia e os peritos criminais chegaram. Ambos tiveram muito trabalho para me afastar. Quando conseguiram, numeraram, fotografaram, examinaram e finalmente levaram o corpo.

Foi tudo muito rápido.

Tentei falar, ou ao menos esboçar qualquer tipo de som, mas nada saia, eu simplesmente congelei. Era como se eu não estivesse mais dentro de mim. O ar não chegava aos meus pulmões, senti meus olhos arderem. Á fim de passar a mão no local, busquei estender os braços, mas notei que não tinha forças.

Com a mente pouco clara, nenhum pensamento se sobressaiu, a não ser, por uma única lembrança que surgiu de repente. Eu e ela sentadas naquele mesmo quarto, conversando sobre o futuro.

DOSE DUPLAOnde histórias criam vida. Descubra agora