INVESTIGANDO

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Meus dias na clina psiquiatra foram difíceis.
Às vezes eu acreditava fielmente que minha irmã estava lá, comigo. Outras, eu acordava e caia na realidade, e entendia estar sozinha.

O choque de tê-la encontrado morta, no meu quarto misturou meus sentimentos, meus sentidos, emoções, bem como, a perspectiva do que era certo e errado.

Fui medicada, investigada, ouvida, e aconselhada.

Contudo, algo estava diferente. Costumeiramente eu apagava, e esquecia de parte do que vivia.
Meu psiquiatra disse ser normal, um efeito clínico do trauma que eu passei.
Voltei, resiliente, confiante, e cega por justiça.

Nunca vou esquecer a cena que eu vi quando abri a porta.
Ava jogada no chão, com os olhos abertos em um ponto fixo. O Sangue espalhado pelo vestido branco, o cabelo bagunçado, a garganta marcada, os braços roxos, os vidros espalhados. Em um minuto, estava na igreja com meus pais, no outro, ajoelhada, ao lado do corpo da minha irmã sem vida.

Quando voltei para a faculdade me deparei com a sensação de ser a única pessoa capaz de sentir verdadeiramente, a falta da Ava. Isso intensificou minha buscar por um culpado. Contudo, no decorrer, do caminho, me encontrei perdida, com a mente despreparada, um emocional abalado, e desacreditada.

Agora, com meu conjunto de moletom de capuz preto, andava pelo corredor tentando não ser vista. Após uma denúncia, fui chamada para depor. Passaram a me apontar como uma possível culpada pela morte da minha própria irmã. A fofoca se espalhou rápido, até mais do que a demissão dos professores nojentos, e dos amigos próximos que estiveram com ela, ou esconderam coisas.

— Você está linda, assim toda camuflada. — Sussurrou Colin, no meu ouvido.
Sorri.
— Não quero, dar vasão a mais fofocas.
— Sabe que isso é impossível né?
— Obrigada pela motivação.
Passou os braços pelos meus ombros.
— Você não deve nada para ninguém. Relaxa, deixem que falem.
O encarei.
— Eles não estão falando sobre qualquer assunto. Alguns acham que eu posso ser a assassina da minha irmã. Ou pior, que eu sou ela.
Colin olhou dentro dos meus olhos.
— Vai dar tudo certo. — Estendeu as mãos, e entrelaçou nossos dedos. — Eu estou com você, como sempre, para te proteger.
— Obrigada.
— Sem problemas. Agora, tira isso. — Puxou o capuz para baixo, alinhando meu cabelo bagunçado.
Dei um, tapa de leve em seu ombro, rindo.
— Você é impossível Colin Becker.
Nós nos abraçamos.
Peter passou por nós, nos encarando.

Havia dias que não nos falávamos, nem trocávamos mensagem. Com a tutoria chegado ao fim, não nos encontramos mais. Quando nossos olhos se encontraram, vi um vazio tão grande instalado ali, que meu estômago se contorceu.


(...)


As aulas pareceram não ter fim. Alguns olhares me incomodaram, a matéria não entrou na minha cabeça, e uma aflição me tomou. Quando o sinal bateu, me despedi de Colin e fui me sentar no pátio central. Escolhi um banquinho bem localizado, e fiquei ali, olhando as folhas caírem, respirando, e expirando.

— Se sentindo bem?
— Dean? O que faz aqui?
— Oi! Eu estou bem, e você? — Sorriu. — Estou bem também! — Brincou.
Ri, baixinho.
— Desculpa.
— Sem problemas, deve estar com muita coisa na cabeça.
— É verdade. E gostaria de te perguntar uma coisa, aproveitando a oportunidade.
Ele se sentou ao meu lado, e cruzou as pernas.
— Diga!
— Como era sua relação com a Ava?
— Boa. Ela me ajudou a entrar no time, e, em simultâneo, com a música.
— Ela usou isso contra você alguma vez?
Ele olhou para o nada, e pensou rapidamente.
— Talvez.
— Ela fazia muito isso, não é?
— Era o jeito dela se sentir segura.
Algo no tom da sua voz, me vez acender.
— Costuma ir para as festas?
— Claro!
— Philips é seu parceiro. Costumam fazer festas juntos, certo?
— O que quer saber Evie?
Respirei junto, e tentei parecer descontraída.
— Nada, na verdade. Só desanuviando a mente. E a Ava adora a vossa festa.
— Valeu.
— Costuma ser só na fraternidade?
— Sim! É o melhor lugar. — Sorriu. — Na próxima, eu ti, convido, já que naquela, você ficou pouco.
— Não prometo nada, mas... Ok!
— Vou nessa. — Pousou a mão no meu ombro. — Nós nos vemos. Fica bem.
O segui com os olhos até, perdê-lo de vista.
De todos, ele era o mais simpático.
Mas, por quê?

DOSE DUPLAOnde histórias criam vida. Descubra agora