ENCAICHE

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O esplendor do sol, irradiava o dia com seus raios dourados, nos agraciando assim, com um clima, leve, amplo, revigorante e calmo. Para aproveitar ao máximo desse presente, acordamos cedo. Seguimos ao vilarejo mais próximo, para comprar algumas coisas. Depois, voltamos, fizemos um piquenique, e nadamos no riacho, enquanto falávamos de tudo, e nada.

Pela primeira vez, em tempos, consegui deixar os problemas para trás.
O ódio, o rancor, o senso de justiça, a dor, o amor, tudo foi deixado de lado.
A risada de Colin me fazia sorrir, e querer aquilo todos os dias.

Após um banho relaxante, vesti um vestido. Presente esse, do meu "amigo" que disse, que amaria me ver nele. Apesar de não curtir esse tipo de peça, não posso dizer que odiei. Ele era longo, de frente única, com uma tira que amarava no pescoço.
Descendo para ao andar de baixo, passei pelo ateliê.
A porta esta entreaberta, a luz apagada.

Por um momento, pensei se Colin ainda pintava. Desde criança não via um quadro seu. Quando a família dele parou de ir para lá, por conta de Juan, ele ainda tentou pintar, mas disse que não era o mesmo. A curiosidade, me fez dar um passo para frente.

— Onde a senhorita pensa que vai?
Dei um pulo para trás, colocando a mão sobre o coração.
— Pelo amor de Deus! Quase me mata do coração.
— Desculpa. Não queria te assustar.
Sorri.
— Tudo bem!
— Você ia entrar?
Franzi a testa.
— Tem problema?
— É que eu não gosto que vejam meus quadros.
— Desde quando?
— Desde quando eu volto sempre aqui para pintar.
— Você vem para cá pintar?
— Sempre que preciso extravasar. Por isso, algumas coisas, saem deias demais.
— Não pode ser verdade.
Segurou minhas mãos, e as acariciou.
— Por favor! Deixa elas ai.
Revirei os olhos.
— Se é assim que você quer.
Depositou um beijo na parte interna do meu pulso.
— Obrigado. Vamos jantar?
Apenas concordei com a cabeça.

(...)

— Esse filme foi horrível, Evie!
— Ei, não fala assim. Eu amei.
Revirando os olhos, riu.
— Claro que amou, o protagonista é gato.
Foi minha vez de rir.
— Vou ter que concordar.
— Na minha cara, ainda por cima.
Sorri.
— Tenho uma presente para você. — Disse de repente, sumindo da minha vista.
De volta, me entregou um buquê de girassóis.
— Elas são lindas.
— Não tanto quanto você, é claro. Mas, como são suas preferidas. — Deu de ombros. — Quero que você tenha tudo que ama, do meu lado.

Os olhos dele queimavam de desejo, e então, como se algo tivesse sido ligado dentro dele, me puxou pela nuca de encontro a sua boca. O amante gentil, de antes, não existia mais. No lugar, havia um homem dominado pela paixão. Suas mãos estavam por todos os lugares. E antes que eu me desse conta, meu vestido já tinha sido tirado, e tudo mais que cobria minha pele. Eu estava nua, e era algo que parecia muito estranho, e, ao mesmo tempo, certo.

A passos lentos, seguimos até o sofá. O móvel era estreito, porém, não parecia ter importância quando Colin se despiu, e se posicionou em cima de mim, massageando meus seios com toques circulares. O contato pele com pele, dava uma sensação boa. Ele estava mais rígido, lutando para se controlar.

Nunca contei para ele que tinha perdido a virgindade, será estar com essa expectativa?

Enquanto pensava, deslizou uma mão por entre nós dois e me tocou. Arqueei as costas em resposta, elevando-me. Colin enfiou um dedo dentro de mim, e sorriu ao sentir minha entrega.
Me contorci por baixo dele.

— Isso é muito... — Minha voz saiu rouca.
— Bom? — Sugeriu.
Assenti.
Ele aproveitou, inclinou o corpo e esticou o braço para pegar uma camisinha no bolso da sua calça. Logo após vesti-la, sorriu.
— Você vai sempre querer mais. — Prometeu. — Meus planos são te deixar bem acostumada com isso.
Joguei a cabeça para trás. Aquilo era uma loucura.
— Ah! Ah!
Colin beijou meu pescoço e apertou minha perna. Abri os lábios, e ele me invadiu.
Bem devagar, começou a me penetrar. Revirei os olhos, e senti quando se aprofundou.
Começou avançar com força, entrando e saindo em um ritmo frenético. Nossos movimentos se encaixaram.

— Ahhhhh! — Gemi alto, com uma estoca mais intensa.
Meu corpo estava entrando em erupção, levando-me a chegar no clímax.
Não demorou muito, Colin fez o mesmo.
Carinhosamente, ele deu um beijo na lateral da minha cabeça, e adormeceu.

(...)

Abri os olhos, e me deparei com um Colin sereno. Mesmo com o peso do seu corpo, dificultando respirar, gostei da sensação. Tentei me desvencilhar, sem acordá-lo.
Ele deveria estar muito cansado, pois nem se mexeu.
Já de pé, peguei sua camiseta jogada e vesti.
Subi as escadas, rumo ao banheiro para tomar um banho.
No caminho, fiz uma parada, no ateliê.
Abri a porta devagar.Meus olhos encheram de lágrimas, assim que entrei.

O único quadro exposto, era justamente um com o meu rosto.

Os detalhes, a precisão, e o sentimento que ele transmitia, me emocionou.

Passei o dedo sobre a tela, admirando-a. Então, me bateu uma curiosidade imensa de saber o que havia nos outros quadros. Fui revelando aos poucos cada um deles, até chegar em um saco preto. A ponta de uma tela, estava saindo para fora, mas pelo que parecia, havia duas dentro dela, porém, quebradas. Desfiz o nó, e puxei as peças. Usando o chão como mesa, fui encaixando, até ter a imagem de ambas.

Ao ouvir um barulho, vindo do andar de baixo, corri para esconder os pedaços da tela.
Meu coração estava palpitando.
Sai correndo, e entrei no banheiro.

(...)

É engraçado como demora, mas tudo se encaixa em algum momento.

(...)

Deitei na cama e fitei o teto.
Fechei os olhos e me concentrei.
Em todos esses anos, Colin sempre esteve do meu lado.
Ele nunca saiu de onde esta. E eu nunca havia percebido.

Assim como meus pensamentos, estavam profundos, senti o lado direito do colchão se movimentar. Logo braços quentes rodearam minha cintura, e uma lufada de ar salpicou a pele exposta do meu pescoço.

— Não resisti. — Confessou, dando um beijo na minha nuca.
— Você está bem?
— Agora melhor.
Pousei as mãos sobre as dele.
— O que aconteceu hoje, na sala, foi muito bom.
— Mágico, eu diria.
Me virei, ficando de frente á ele.
— Posso fazer uma pergunta?
— Todas quiser.
— Você gosta de mim, desde crianças?
— Sim!
— Deveria ter me contato.
— Nunca achei que teria chances.
— Por quê?
Ele ficou em silêncio.
— Isso não importa mais. Agora estamos juntos, né?
— Juntos?
— Namorando.
— Colin, como se sentiu quando Juan morreu?
— Que mudança brusca de conversa.
— Desculpa! Se não quiser falar, tudo bem. Eu só queria saber se é parecido com o que eu sinto.
Entrelaçou nossos dedos.
— Fiquei muito triste.
— Simples assim?
— Não é simples ficar triste.
— Claro que não. — Tentei consertar. — Mas, eu, por exemplo, fiquei desnorteada, com raiva, enjoada, saudosa, nostálgica. Uma mistura de sentimentos.
— Entendo. Você sempre foi sensível.
— Acha mesmo?
— Claro. Tipo, até esperar para ter a primeira vez, você esperou. Não é toda garota que faz isso.
Contornei seu rosto com os dedos.
— Colin, eu não era virgem.
— Não? — Perguntou, surpreso.
— Não.
Senti seu corpo endurecer.
— Ah!
— Isso te incomoda?
— Claro que não. É que você nunca me contou.
— Era uma coisa muito de garota, para compartilhar. Entende?
— Entendo.
— Ok!
— Ok!

Colin adormeceu rapidamente, eu nem sequer sabia se conseguiria.

DOSE DUPLAOnde histórias criam vida. Descubra agora