GATILHO

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Tudo o que eu queria era estar em casa, deitada no sofá, tomando um chá, e lendo um bom livro. Mas em vez disso, estava em pé, no meio de outra festa. Apesar da música alta, e das pessoas fedendo a bebida me irritarem, eu e Peter combinados que seria bom eu tentar me enturmar, já que depois da briga, ele mesmo deu uma afastada do grupo.

O mais difícil de tudo, foi mentir para Colin. Eu não queria envolve-lo nesse drama todo. Ao contrário dos demais, ele era meu ponto de paz, não queria que isso mudasse. Por isso, quando ele chegou hoje mais cedo em casa, com meu sorvete preferido em mãos, e uma vontade absurda de ficar comigo, senti um aperto no coração.

— O que está passando por essa cabecinha? — Perguntou, ao beija-la suavemente.
— Estou cansada. Não estão sendo dias fáceis.
— Por causa da investigação?
— Juntando isso, com os estudos, parece que estou ficado doida.
— Tudo vai se resolver. — Acariciou meus braços.
Era uma delícia ficar deitada, encostada nele.
— Acredito em você.
— Que bom! Não existe ninguém nesse mundo que te queira tão bem, quanto eu.
Me inclinei sobre ele e sorri.
— Você é muito importante para mim Colin Beker.
Ele sorriu, e suavemente se aproximou.

Com uma delicadeza que era típica dele, colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

— Eu te adoro Evie Smith.

Como se eu fosse um objeto sagrado, Colin me segurou e de repente colou seus lábios no meu.

Seu gosto doce e toque suave, fazia-me sentir querida. Ao arfar,  ele aproveitou para me invadir com sua língua. Deixei que me explorasse, e fiz o mesmo. Borboletas começaram a dançar no meu estômago. Era uma sensação totalmente diferente. Deslizei com cuidado a mão do seu joelho, até seu pescoço, passando pelos braços. Quando percebi estava deitada de costas no sofá, com o corpo de Colin sobre o meu. No entanto, meu celular resolveu tocar naquele instante.

Sem ter o que fazer, eu o afastei.
Seu rosto corou instantaneamente. Tentei disfarçar a tensão.
Ao olhar no visou do aparelho vi o nome de Peter brilhar.
— Colin, eu...
— Tudo bem. Eu peço desculpas, deixei me levar. É que, no outro dia você me beijou, e eu achei que não teria problema. 
- Se acalma. - Segurei sua mão, para afana-lo. - Eu sei que está tudo meio confuso agora, mas pode te fazer um pedido?
— Qual quer.
— Me deixa ficar sozinha?
— Eu te chateei ? - Sua expressão mudou de preocupado, para desesperado.
- De maneira nenhuma. - Me apressei em acalma-lo. -  Só preciso disso.
— Claro, tudo o que você precisar.
Acariciei seu rosto.
— Fica tranquilo, estamos bem.
— Ok!

Sem graça o levei até a porta, como de costume ele me deu um beijo na testa e se foi.

Eu era uma idiota. Deveria ter ficado lá com ele e investido no novo. Poderíamos ter nos aprofundado mais naqueles sentimentos, para entender o porque deles, nesse momento.  Todavia, aqui estava eu, parada perto de uma escada, vendo um povo se pegar, enquanto usava um vestido azul, emprestado da minha mãe, com os meus famosos coturnos de sempre. O cabelo feito um coque despojado, sem maquiagem, e sem vontade.

— Ajudaria se você sorrisse um pouco. — Surrou no meu ouvido.
— Achei que não viria, Peter Thompson.
Sem nem mesmo vê-lo, sabia estar sorrindo.
— Nunca perco uma festa Smith.
— Mas você... — Seja lá o que eu ia dizer, esqueci.
A minha frente estava um Peter perfeitamente vestido. Calças caqui, blusa polo branca, um Jordan da mesma cor, e os cabelos penteados de uma forma que pareciam bagunçados.

DOSE DUPLAOnde histórias criam vida. Descubra agora