ANJO CAÍDO

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Como de costume, Colin e eu estávamos juntos, sentados na sala, comendo pipoca, debatendo sobre o último livro que havíamos lido: A GAROTA DO LAGO. Desde sempre, tínhamos mania de ler o mesmo livro para depois conversar sobre ele. Esses pequenos, e satisfatórios momentos, me trazia paz e calma. O que de fato, estava precisando.

Após driblar uma festa chata, furtar um diário, e me envolver com o cara errado, enfim agora eu sabia de coisas relevantes. Para a minha surpresa, bem como para a de Peter, realmente continha informações importantes naquelas folhas. Além da confirmação do caso da minha irmã com o técnico, com o professor de literatura, (o que explicava as grosserias proferidas dele em relação a mim) e com outros caras irrelevantes, também havia a data e o local onde Ava teria feito o aborto. Inclusive quem a acompanhou na ocasião, foi Rebeca. Em relação ao pai da criança, ou ao atual companheiro, ou companheira, não encontramos nada, ao que parece, nem a melhor amiga obtinha conhecimento de quem era. A informação que Dean também sabia da gravidez foi somada às nossas descobertas. Todavia, o quebra cabeça ainda não continha peças suficientes.

Quando voltei para casa, de madrugada ainda, pensei em mil possibilidades, e por conta disso, não consegui dormir direito. Eu estava cada vez mais envolvida na vida da minha irmã. Aos poucos, suas mentiras e segredos, estavam me sugando novamente para a posição que sempre ocupei. A de sombra. Contudo, eu decidi por fazer isso, e iria até o fim.

— Evie! Você não está me ouvido.
— Perdão. — Disse saindo de dentro dos meus pensamentos. — Eu me distrai.
— Com o quê? Ou quem? — Sorri, constrangida.
— Com a minha própria vida.
— Certeza?
— Porque essa entonação de desconfiança? — Franzi a testa.
Ele segurou minhas mãos suavemente entre as dele.
— É que, às vezes parece que você não esta vivendo a sua vida. Toda hora pensando na sua irmã. Isso não é saudável.
— Eu estou tentando.
— Me desculpa, mas... não parece. — Senti seus lábios tocarem minhas mãos em um beijo casto— Eu sei como é difícil perder um irmão. Dói, te faz meditar e querer respostas. Mas, você não pode viver em torno disso. Deixa que a polícia faça seu trabalho, nesse caso. E fica só com as lembranças boas.
— Eu sei que você tem razão, mas...

Segurou meu rosto bem perto do dele.

— Me deixa te ajudar?
— Mais? Só de te ter do meu lado, me sinto melhor.

Ele abriu um sorriso enorme, pegou minha mão, se virou, e as passou sobre suas costelas.

— Estão todas aqui?
Franzi a testa.
— O quê?
— Minhas costelas. Está faltando alguma?

Passei a mão pelas laterais do seu corpo.

— Acho que você ficou maluco. Está achando que perdeu uma costela?
Colin soltou uma gargalhada.

— Só achei que Deus tivesse tirado uma costela minha quando fez você.
Embora soubesse ser uma brincadeira, suas palavras me fizeram derreter por dentro.
— Becker, você é muito fofo, sabia?
Ele piscou.
— Só com você.
Beijei a palma da sua mão, e sorri.
— Prometo que vou tentar deixar um de lado a morte da minha irmã. — Menti descaradamente.— Entenda que eu não quero que se esqueça, só não gostaria que fizesse da morte dela, sua vida.
— Ok! — Exclamei sabendo que ele estava certo, mas que eu não levaria em conta.
— Então, posso te fazer um convite, com a certeza de receber um sim?
— Pode.
— Vem passar o feriado, da outra semana, comigo, na casa de campo. 
— A que era da sua vó?
— isso.
— Eu topo.
— Jura?

DOSE DUPLAOnde histórias criam vida. Descubra agora