"O" MOMENTO

69 9 0
                                    



##############
+



O Céu anunciava uma tempestade. O clima estava tenebroso, e mudou de repente.
Pela janela da sala, observei o momento que as primeiras gotas caíram. 

Eu queria ter ido embora antes da chuva cair, pois as chances da estrada ficar sinuosa era tremenda. Meu celular, estava fora de área, e por isso teria que esperar. Por um segundo, lembrei das pinturas de Colin. Senti um arrepio percorrer meu corpo. 
Então, mãos grandes e suaves pousaram nos meus ombros. 
me endireitei. 

- Pensando no que ? - Perguntou, direto.
- No que esta por vir. 
- Mesmo?
- Sim! E você, o que estava fazendo?
- Estava no meu ateliê.
Me virei para encara-lo. 
- E o que estava fazendo lá? Pintando?
- Não. Fui conferir. 
Seus dedos contornaram os traços do meu rosto. 
- Eu te amo. - Confessou, de repente.
Sorri, e a cariciei seus braços. 
- Você é a pessoa que eu mais adoro no mundo. - Murmurei.
- Mas não me ama, não é?
Busquei seus olhos com os meus, e os sustentei. 
Engoli em seco. 
- Amo!
Ele riu. 
- Não ama. Nunca amou.
- Eu...
- Desde criança, você só me via como amigo. Já o Juan, você beijou.
Franzi a testa. 
- Você viu, no bosque?
- Vi, eu estava lá. 
- Aquilo nem foi um beijo. Foi um selinho.
- Contudo, foi nele, não em mim. Porque?
Ele me puxou para perto, apertando-me contra si.
- Não tem um motivo. Estávamos lá, e aconteceu.
- Assim como foi com o Peter Thompson? Só aconteceu?
Arqueei a sobrancelha. 
- Como você soube dele?
- Eu sei tudo sobre você , amor. - Me deu um beijo no topo da cabeça. 
- E não me contou que sabia ?
- A senhorita também não me contou que não era mais virgem. 
Abri a boca, sem querer.
Algo pareceu mudar nas suas expressões. 
Segurei meu rosto com as duas mãos. 
- Você perdeu a virgindade com o Peter ? Sem nem conhecer ele direito?
- Eu conhecia ele. 
Jogou a cabeça para trás dando uma gargalhada. 
- E eu achando que você era diferente da Ava. 
Tentei me desvencilhar dele. 
- Eu não pareço com a minha irmã. 
Fui segurada. 
- Está tudo bem. Agora você é minha. 
- Eu não sou de ninguém.

Colin, endureceu o corpo. 

- Sabe por quanto tempo eu te esperei? - Me encarou. - A gente transou aqui mesmo nessa sala. Eu te pedi em namoro. Fiz um quadro seu. 
Pisei no seu pé, e me afastei.

- Quer mesmo falar de quadros. 
- É agora que vai me contar que viu os que eu quebrei e joguei naquele saco?

Girei pela mesa, ficando do lado oposto. 

- Você pintou o seu irmão, criança, jogado no chão, com o pescoço quebrado, rodeado em um possa de sangue. - Minha voz falhou. 
- Foi meu jeito de colocar para fora a morte dele. 
- Ok! Agora me explica, como você exatamente como a Ava foi encontrada morta? - Deixei uma lágrima escorrer. - Como você sabia a cor do vestido? Os vidros no chão? - Dei um soco na mesa. - Como diabos, você sabia que ela estava no meu quarto? Até os detalhes dele você pintou. 
- Imaginei tudo. 
- Vai mentir para mim? Justo para o seu amor? - Tentei jogar com ele. 
Sua cabeça caiu levemente para o lado, e seus olhos desfocaram.
- Foi coincidência
Amoleci a voz, suavizando meus movimentos. 
- Pode confiar em mim. Entre Ava e você, prefiro você. - Menti.
Colin, olhou para um ponto nulo. 
- Ela era má, principalmente com você. - Deu de ombros. - Não gostava dela. 
- Então, resolveu machucá-la?
- Não. - Balançou a cabeça. - Lembra da última festa antes da faculdade?
- Lembro. O que tem?
- Vocês me convenceu a ir. E eu fui. - Riu. - Chegando lá, as duas estavam vestidas do mesmo jeito, se divertindo. Depois, em um certo momento, ela chegou e me beijou. 
- A Ava te beijou?
- Sim! Com muita vontade. Eu achei que era você. - Olhou para mim. - Fiquei tão feliz. 
- Mas não era eu.
- Depois eu descobri.
- Depois?
- De transar com ela. Eu transei com a Ava, naquela festa, chamando por você.
Uma luz acendeu na minha cabeça. 
" Então, quando Peter disse que eu sempre escolheria Colin, era por isso. Ele viu, e ouviu meu nome, e achou que eu o tinha traído. "
- É isso mesmo. O Peter nos viu entrando no quarto, e aposto que ficou ouvindo.
Engoli o choro. 
- Ela te contou?
- Não, eu acabei percebendo. Ela sim gostava de mim. - Caminhou até mim, que me afastei mais. - Sabia que sua irmã, confessou que sempre, desde pequena me amava?
Não sabia o que dizer, então fiquei só ouvindo.
- Esperei você me notar. E nada. Então, em determinado momento, resolvi ficar com a Ava. Afinal, ela parecia com você. Fisicamente, é claro. E isso me deixava satisfeito. 
- Desde que fosse segredo.
- Não poderia correr o risco de você saber, né?
- Porque a matou ?
- Ela queria contar para todo mundo sobre a gente. E já tinha uma pessoa que descobriu.
- Quem?
- Morgan, aquela sapatona. - Me fuzilou. - Sabia que a Lise é namorada dela? - Sorriu. - Deve ser por isso que ela se aproximou. Ela também foi um dos casos da Ava. 
- Meu deus! - Sustentei o peso do meu corpo na parede. 
-  O único jeito de ninguém saber, era calando ela para sempre.
-Mas ...- Minha voz sumiu, devido as choque. - Mas e a Morgan, ela não sabia?
Rindo, me encurralou. 
- Só que eu sabia que ela era sapatão. Não era conveniente para ela soltar meu segredo. Afinal, a família da Lise ia acabar com elas. 
- Não acredito que foi você.
- Ah! Foi melhor assim, ela era um peso para todos. 
Busquei canalizar minhas emoções, mas não consegui.
Comecei a deferis tapas no peito de Colin.
- DESGRAÇADO! COMO PODE?- Gritei. - VOCÊ ERA MEU AMIGO.
- Eu só fiz, o que foi preciso para poder ficar com você.
Sua frase me chamou a atenção. 
- O Juan não caiu da escada brincando, não é? 
Um sorriso enorme formou-se em seu rosto.
- Eu o empurrei. 
- NÃO! - chorei. - NÃO! NÃO! - Tapei meus ouvidos.
- Ele te beijou. Poderia acabar ficando com você - pegou na minha mão e me obrigou a encará-lo. - Eu tive que matá-lo. 
- ELE ERA SÓ UMA CRIANÇA. A GENTE ERA CRIANÇA, SEU DOENTE.
- Doente? - Riu descontroladamente, apertando meus pulsos. 
- Eu só te amo. 
- Sai de perto de mim. 
- Nunca. 

Um raio cortou o céu, e o barulho de um trovão fez as paredes da casa de madeira estremecer. 
Comecei a ser arrastada. Me debati, mas não pareceu fazer efeito. 
Gritei, mesmo sabendo que ninguém poderia me ouvir. Primeiro, porque estavamos isolados. Segundo, a chuva estava forte demais. que despertou a fúria de Colin, que me sacodiu. 
- Eu te amo! E você, me ama. Entendeu?
Cuspi na sua cara. 
Cerrando os dentes, travou o maxilar. 
- Você não tem escolho. Não mais. Eu até tentei de dar. 
Escada á cima, me obrigou a subiu. 

(...)



Todo aquele tempo, tentei entender o que tinha acontecido. 
Busquei pistas, e apontei culpados. Contudo, nunca imaginei que o assassino estava do meu lado. Sempre esteve. E o pior, é que ele era a pessoa que mais confiava no mundo. Justamente quem eu achei que nunca me machucaria, era capaz de machucar qualquer um. 
Por minha culpa, fui injusta, e agora, me sentia traída e culpada. 

(...)


Com medo, me contrai, quando Colin me jogou sobre a cama. 
Fechei os olhos com força, querendo que tudo aquilo acabasse. 
Minha vontade era de socá-lo, gritar, mas estava com medo.

Então, a porta do quarto foi á baixo, e um Peter todo molhado, e furioso foi para cima de Colin, que com a surpresa caiu no chão. Porém, logo se levantou. 
Socos, chutes, xingamentos, tudo estava acontecendo muito rápido. 
Em um piscar de piscar de olhos, Peter estava sendo sufocado por um travesseiro. 
Desesperada, e tomada por uma raiva descontrolada, pequei o vaso de flores, onde havia colocado os girassóis, e taquei na cabeça de Colin, que desmaiou com o impacto. 

- Peter! Você está bem?
Ofegante, se levantou.
- Você está bem? - Me conferiu com as mãos. 
O abracei com força, chorando.
- Me tira daqui, por favor!
- Eu prometo que está segura agora. - Pegou na minha mão. - Vamos!

Quando saímos da casa, policiais saíram de seus carros e nos encontrou. 
Depois, retiraram Colin da casa, levando-o para a delegacia. 

- Eu fui uma idiota. 
Carinhosamente, afanou minhas costas. 
- Está tudo bem agora. 
- Obrigada por vir me buscar.
Segurando meu rosto, sorriu.
- Eu te amo Evie Smith. Eu te buscaria em qualquer lugar. 

(...)

A verdade sempre aparece. É uma das regras fundamentais do tempo.
Algumas demoram mais, outras menos, mas sempre chega. 
Infelizmente, nem todas são boas. A grande maioria acaba nos destruindo, ou nos transformando. 

DOSE DUPLAOnde histórias criam vida. Descubra agora