UMA NOVA VIDA

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Vivi a semana mais longa e incomoda, que um ser humano poderia ter.
A escola estava tão perturbada, quanto eu.
Ava fazia falta. Sua presença denominava o lugar de cada um. Sem ela estava tudo uma bagunça. Todos pareciam perdidos. Por outro lado, buscavam em mim, uma ancora.
Da noite para o dia, o interesse pela minha pessoa aumentou. Sempre me rodeavam, tentavam puxar assunto, ou algo do tipo.

Queria que o fim de semana não acabasse nunca.

— Ei! Como você está hoje? — perguntou Colin, afastando-me do meu devaneio. — Melhor ou pior?
— Acho que igual. Mas, louca por um abraço. — Confessei, exausta.
— Considere feito. — Disse abraçando-me apertado.
Respirei seu perfume, sentindo-me calma.
— Queria tanto ficar assim o dia todo. — Sussurrei.
— Eu também. Senti sua falta. — sussurrou no meu ouvido. — Poderia ter te ajudado.
— Eu sei. Mas eu precisava ficar sozinha.
— Eu entendo, sei mais do que ninguém disso.

Colin sempre foi um pessoa compreensível, disposto a me ouvir, a me apoiar e a se arriscar. Nunca, desde que nos conhecemos, ainda crianças, deixou de estar comigo. Ver em seus olhos o mesmo brilho de outrora, trouxe um pouco de paz para meus turbulentos sentimentos.

— Quer dar uma volta? — Segurou delicadamente minha mão. — Vamos fugir, conversar, ir ao cinema. Que tal?
— Colin Baker, quer matar aula? — Debochei. — Nunca pensei ver esse dia chegar.
Sua risada preencheu meu coração.
— São coisas, que só faço por você.
Suspirei fundo.
— Acho melhor não. Estou atrasada, e preciso correr atrás das matérias.
— E depois?
— Seria incrível. Contudo, Preciso ficar. Vou ter reforço.
— Posso ficar com você, e te auxiliar.
Acariciei seu rosto.
— Obrigada, mas não precisa. Já deram um jeito
— Como quiser. Podemos nos ver de noite então?
— Claro.
— A propósito, sinto falta de ser seu vizinho. — Declarou, nostálgico
— Eu também. Só que não tinha como ficar naquela casa, depois de tudo.
— Eu sei. — Pousou a mão nas minhas costas. — Todavia, aposto que ser vizinha de Peter Thompson, não é tão divertido, quando era ser a minha colega de janela.
— Sem dúvidas! Acredita que nesse tempo, vi ele duas vezes? Peter namorou minha irmã por muito tempo, entretanto, nosso contato sempre foi limitado.
— Ele foi no velório? Não reparei.
— Sim, só que não ficou muito tempo. Já os pais dele, foram muito atenciosos. A casa que estamos morando foi por indicação deles.
— O senhor e a senhora Thompson são amigos dos seus pais?
— Eram conhecidos. Mas agora, se veem bastante, são bem próximos.
— Mesmo assim o Peter não aparece?
Soltei uma risadinha baixa.
— Esporadicamente. Mas não na janela!
— Ainda bem! Porque esse lance é só nosso.
Estalei um beijo na sua bochecha.
— Ser sua vizinha, realmente, era muito melhor.

Após me despedir do meu amigo, comecei a andar pelos corredores como de costume, agarrada aos meus livros, com os óculos de grau no rosto, os cabelos amarrados em um coque bagunçado, com meu tênis all star vermelho, surrado, calças jeans rasgada nos joelhos, e um, blusa larga.

— E aí, Evie! — Gritava alguém do outro lado do corredor.
— Olha lá, é a Evie. — cochichavam a minha frente.
Agora era sempre assim!

Depois do fim das aulas, segui para meu tutorado.
Andei tão rápido pelos corredores, que poderia parecer estar correndo. Tanto, que quando cheguei na segurança da sala de aula, soltei todo ar que segurava.

— Evie Smith?

Ao erguer a cabeça, encontrei o professor Arthur Clark me encarando. Parecia feliz, e, em simultâneo, triste.

DOSE DUPLAOnde histórias criam vida. Descubra agora