A PRIMEIRA VEZ

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Desde pequeno ouvi meu nome soar como uma promessa. Peter Thompson, no caso eu, seria alguém importante. Não importava a categoria que ocupasse. As expectativas da minha família eram grandes demais. Por isso, ao ingressar no ensino médio me esforcei ao máximo para me encontrar. E foi no futebol americano que isso aconteceu. Após descobrir minha aptidão, comecei a me preparar para crescer na área. Todo jogo, se tornava uma vitrine para conseguir uma bolsa de estudos com o esporte. No final eu consegui. Teria que ir para cidade grande para realizar meu sonho, mais tinha apoio. Meu melhor amigo, e irmã Charles também seguia o mesmo caminho, o que não poderia ter me deixado mais feliz. Sendo ele o garoto problema, os pais o mandaram para o interior para morar com a vó, agora, ao se formar e ir para a faculdade, com a chance de jogar como titular no time principal, os pais o aceitaram de volta.
Com permissão dos meus pais, fui com ele, até os próprios se mudarem.

Para fazer uma análise de território, seguimos para cidade um pouco antes das férias acabar. Meu objetivo era conhecer pessoas novas, e me enturmar antes das aulas começar. Mas, ao contrário de Charles, que obtinha desenvoltura, e já conhecia algumas pessoas, eu era mais reservado.

Assim que cheguei, me encantei pelo píer. Um dia, resolvi andar por ali, sem rumo, só para ter um tempo para mim.
 Foi quando a vi pela primeira vez.

Ela parecia perdida em pensamentos, parada, olhando a infinidade de água a sua frente.
Seus movimentos eram sutis, como mexer nos óculos, para ajeita-lo, ou colocar os cabelos atrás da orelha. Em suas mãos havia um all star surrado, e sua calças rasgada nos joelhos, estavam dobradas. Algo me fascinou de imediato. Por isso, não pensei duas vezes, antes de abordá-la.

— Daria qualquer coisa para saber no que está pensando.
Seus olhos azuis, me encaram assim que terminei de falar.
Sorri, ao pensei que poderia me afogar neles, sem problemas.
— O custo pode ser grande. — Respondeu, espirituosa.
— Sou um rapaz obstinado, e disposto a ter o que quer. Sendo assim, não será um problema.
Devagar, se virou, ficando de frente.
— E o que você quer?
— Te conhecer.
Com o indicador, empurrou os óculos para cima.
— Por quê, alguém como você, gostaria de me conhecer?
Arqueei a sobrancelha.
— Alguém como eu?
— Atlético, bonito, aparentemente inteligente, e novo por aqui.
Meu sorriso se alargou.
— Me acha bonito?
— Pode parecer, mas não sou cega.
Ri, sem conseguir me conter.
— Meu nome é Peter. E é um prazer imensurável conhecê-la. — Me curvei, segurei sua mão, e depositei um beijo suave nela.
Foi a vez dela sorrir.
— Me chamo Evie.
A encarei hipnotizado.
— Me diz, por favor, Evie, que você não tem namorado.
— E, porque eu diria isso, Peter?
Mordi o lábio inferior.
— Acredita em amor a primeira vista?
Ela me olhou de cima á baixo.
— Não, e você?
— Passei a acreditar hoje.

Ambos demos risada e iniciamos uma conversar mais íntima.

Os dias passaram voando.
Foi fácil me apegar. Ao seu lado me sentia leve. Sua presença sacodia meu mundo tão planejado, e eu adorava isso. Sua acidez, perspicácia, inteligência e beleza dava-me um sentido novo. Por essa razão, depois do primeiro encontro, sempre que possível fugia com ela para aquele lugar. O nosso lugar. 

Era como se nos conhecêssemos a vida toda. 

(...)

Certo dia, lhe ofereci uma carona. As ruas desertas, e o tempo escuro, nos dava sinais certos, de que poderia chover a qualquer momento. Achei uma boa ideia, ser cavalheiro.

DOSE DUPLAOnde histórias criam vida. Descubra agora