Capítulo 6

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NARRADORA

Carla estava completamente paralisada. Seu coração batia acelerado mas as palavras pareciam ter fugido de sua boca. Não costumava se encontrar em situações como aquela já que sua aversão ao toque masculino era suficiente para que nenhum homem se desse ao trabalho de tentar se aproximar dela. Todos eram exatamente iguais, mas de uma forma surpreendente ali estava Arthur fazendo um convite que com certeza seria negado. Diaz havia aprendido a sobreviver com o medo, e por mais que o bombeiro começasse a despertar uma sensação diferente dentro de si, Carla não sabia como agir. A loira era especialista em fugir, e por mais que uma pequena voz em seu coração lhe dissesse para aceitar o pedido de Picoli, o medo de arriscar era mil vezes maior. 

E se ele não fosse quem parecia ser? 

E se no fundo Arthur fosse uma extensão do monstro que há anos atrás a fez sofrer? 

E se as intenções do bombeiro fossem as piores? 

Milhares de perguntas se formavam na cabeça de Carla, e por mais que nenhuma delas fosse verdade, naquele momento a dúvida parecia ser o suficiente para fazê-la se afastar. Picoli aguardava a resposta cheio de expectativa. Queria realmente conhecer mais da professora e por mais que soubesse que Carla não era como as outras mulheres, estava pronto para investir na loira. Um pequeno sorriso nervoso enfeitava os lábios do jovem, mas logo o mesmo se desfaz no exato momento em que Diaz finalmente consegue se pronunciar.

- D-Desculpe...e-eu não posso...não consigo fazer i-isso!

- Por quê? Eu fiz algo que te incomod..

Carla interrompe.

- É-É complicado...Só fica longe de mim...vai ser melhor para você assim!

Carla murmura nervosamente e antes que Arthur pudesse falar algo a jovem vira as costas e vai embora. O bombeiro estava completamente confuso, queria saber o que havia feito de errado e como conseguiria se aproximar de alguém que claramente queria manter distância. Aquela era a primeira vez em que tinha um convite seu negado por uma mulher, mas para ele seu orgulho não importava. A recusa de Carla havia servido para aumentar sua curiosidade e seu interesse. Sabia que seria difícil, e embora quisesse correr até a loira, iria respeitar a decisão da mesma. Arthur jamais faria algo sem o consentimento de Diaz, mas sem sombra de dúvidas não estava disposto a desistir da professora tão rápido assim.

DIA SEGUINTE

- E foi isso...Eu a convidei para sair e ela não aceitou! 

Arthur termina de contar tudo o que havia acontecido no dia anterior para Ronan, não demorando a ver o amigo soltar o equipamento que organizava para lhe encarar com os olhos arregalados.

- Ela disse "não"?

- Bom...ela fugiu! Será que eu fui rápido demais? 

Picoli murmura pensativo enquanto continuava a checar o motor do caminhão de bombeiros. O loiro havia passado a noite inteira pensando em uma forma de conseguir se aproximar de Carla no tempo certo, mas a recusa da professora havia servido para lhe confirmar mais uma vez que ela era diferente de todas as mulheres que já havia conhecido.

- Acredito que só ela possa responder essa pergunta. Mas e você, o que vai fazer?

- Esperar!

- O quê? Como vai conquista-la desse jeito? 

Ronan questiona confuso, não demorando a ver Arthur respirar fundo.

- Sabe, você tinha razão quando disse que a Carla seria um desafio para mim. Ela não é como as outras, e ontem enquanto eu esperava ela me responder eu juro que vi medo em seus olhos. Talvez ela esteja certa em negar o meu pedido, afinal acabamos de nos conhecer, mas...sua reação fez com que eu quisesse conquistar sua confiança e fazê-la se sentir segura ao meu lado. Por isso eu vou ser paciente e vou dar a ela o espaço que ela precisa. Vou fazer tudo o que for necessário, só não vou desistir! 

O loiro afirma seguro de sua decisão, não demorando a sentir Ronan apertar seu ombro em sinal de apoio.

DIAS DEPOIS

CARLA

Aceno ao ver o último grupo de pessoas que ajudava na reconstrução da escola se despedir, e vendo que a noite já havia caído, entro no meu carro e começo a dirigir. Pouco mais de uma semana havia se passado desde o dia em que fui convidada para sair, e como eu já esperava, Arthur não havia voltado a aparecer. Eu estava certa quando pensei que ele era igual a todos os outros, mas diferente do que eu esperava, uma parte de mim gostaria que eu tivesse errado pela primeira vez. Algo nele chamava a minha atenção, mas ao mesmo em que queria descobrir o motivo daquilo, também sentia medo do que iria encontrar. Tudo ainda era confuso demais para mim, e pela primeira vez eu começava a pensar se afastar um homem de mim havia sido realmente uma boa decisão. Continuo a me concentrar no caminho que percorria até ter meus pensamentos direcionados a um fato peculiar que tem acontecido ultimamente. As obras para a reconstrução da escola continuam a todo o vapor, mas há algo tirando meu sono e despertando minha curiosidade. Todas as noites paramos com uma parte da reforma pela metade, mas quando volto para escola durante a manhã tudo o que precisávamos terminar já se encontrava pronto. Eu havia tentado pensar em diversas explicações para isso, mas é como se alguém usasse a madrugada para reformar a escola sem que ninguém visse. Desperto dos meus pensamentos ao sentir o carro chacoalhar de repente e parar em um movimento brusco logo em seguida. Sem entender o que havia acontecido desço do automóvel e suspiro em frustração ao ver uma fumaça densa começar a sair do capô. Ouço um trovão no céu romper com o silêncio da rua deserta e rapidamente pego o celular na intenção de chamar ajuda. A cada segundo que se passava o tempo parecia anunciar a grande chuva que viria a seguir, e após diversas tentativas frustadas fecho os olhos ao ver o aparelho em minhas mãos descarregar. Sinto as primeiras gotas de água começarem a cair, mas antes que pudesse entrar no carro novamente sinto meu corpo paralisar e meu coração falhar uma batida ao finalmente perceber que não estava sozinha naquela rua deserta.

Ei, delícia! O que uma moça bonita 
como você faz na rua sozinha à essa 
hora?

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O que será que vai acontecer no próximo capítulo?
Continuo com 40 comentários!!
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(2/2)

Fire - CarthurOnde histórias criam vida. Descubra agora