NARRADORA
O coração de Carla batia de forma frenética enquanto as palavras pareciam ter fugido de sua boca. Uma luta intensa acontecia dentro de si, e saber qual escolha tomar parecia ser impossível naquele momento. Os olhos de ambos permaneciam conectados enquanto Arthur aguardava ansiosamente pela resposta de Diaz. O bombeiro sabia que seria difícil conseguir derrubar as muralhas que Carla havia erguido, mas tudo o que precisava era de uma chance para tentar mostrar à loira que nunca seria capaz de machuca-la. Era evidente que Picoli estava se apaixonando, e por mais que aquele fosse somente o início do sentimento que começaria a nutrir por Carla, há cada segundo que se passava a necessidade de cuidar da jovem aumentava. Arthur não entendia aquele sentimento, mas queria proteger Diaz de todo o mal existente no mundo, e quem sabe um dia conseguir livra-la do fardo que seu trauma lhe fazia carregar. Tudo o que o bombeiro queria era poder se aproximar de Carla e conhecê-la de verdade ao mesmo tempo em que descobria a intensidade do sentimento que crescia em seu coração. As mãos da jovem suavam e as borboletas em seu estômago pareciam voar livremente dentro de si. Nunca havia sentido algo como aquilo antes, e mais uma vez o medo que tinha do desconhecido falou mais alto, a fazendo finalmente conseguir reagir aos olhos pacientes que a encaravam.
- D-Desculpe...e-eu preciso pensar!
Carla sussurra com a voz falha, e antes mesmo que Arthur pudesse reagir a jovem entrega o colar nas mãos do bombeiro e foge para longe. Respeitando o espaço da loira, Picoli respira fundo e a observa partir. Sua maior vontade naquele momento era de correr atrás da mulher que aos poucos tomava conta de seu coração, mas a decisão de Carla estava acima de tudo, e por mais que lhe magoasse, estava disposto a respeitar a resposta da professora, mesmo que fosse um não. Diaz andava apressadamente pela rua enquanto tentava digerir tudo o que estava acontecendo. As palavras de Arthur se repetiam milhares de vezes em sua cabeça enquanto a disputa entre sua razão e o sentimento que começava a crescer dentro de si continuava a todo vapor. A professora havia crescido fazendo de tudo para manter o gênero masculino longe de si, mas a cada dia que se passava, a vontade de permitir que Picoli se aproximasse de seu coração, aumentava. Isso deveria ser o suficiente para que a loira concedesse uma chance a Arthur, mas quando o assunto era Carla, nada era tão fácil como devia ser. Havia um motivo por trás de seu trauma, e se imaginar novamente na situação que um dia enfrentou, a impedia de abrir a guarda e confiar em alguém que não fosse ela mesma. A mente da professora estava um caos, e antes que percebesse suas pernas já a guiavam até o lugar que havia se tornado seu porto seguro, não demorando a ver a porta de madeira tão familiar se abrir diante de si.
- Oh querida, que surpresa boa! Eu acabei de fazer aquela torta que você tanto gost...Cá, está tudo bem?
Mara questiona preocupada ao finalmente perceber os olhos cheios de lágrimas da jovem, e sabendo o que viria a seguir a mais velha abre os braços a tempo de ver a loira desabar em seu colo.
- Venha, minha criança! Eu vou cuidar de você!
A mulher sussurra acariciando os cabelos da jovem, sentindo Carla lhe apertar com mais intensidade. Aquelas haviam sido às mesmas palavras usadas por Mara no dia em que a encontrou jogada pela rua. Naquele tempo, Diaz não possuía nenhum bem material, e após dias sem comer a jovem estava prestes a abrir um dos sacos de lixo em procura de comida quando um anjo cruzou seu caminho. A loira não passava de uma criança assustada e traumatizada, e após duas horas tentando convencer Carla a aceitar sua ajuda, Mara finalmente conseguiu se aproximar. A mais velha a cobriu com seu casaco, a levou para casa, lhe deu de comer, e naquele mesmo dia Diaz se tornou sua filha...
A sua eterna criança.
Ainda abraçando Carla, Mara fecha a porta da casa e a guia até o sofá, não demorando a aconchega-la ainda mais em seus braços.
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Fire - Carthur
Fanfiction"O amor é mais do que o toque" No auge dos seus 29 anos, Arthur nunca imaginaria que viveria na pele o sentido de uma frase tão intensa. Apesar da pouca idade, Picoli havia lutado para conquistar seu lugar na profissão que havia sonhado desde crian...