Fire - Carthur

Último Capítulo

NARRADORA

Um zumbido fino parecia ter tomado conta dos ouvidos da professora, e como em câmera lenta a jovem sente seu corpo desabar no chão enquanto chorava copiosamente. A estrutura havia sido completamente destruída pelo fogo, e a cada segundo que se passa, a esperança de encontrar Arthur e Maria Clara com vida, diminuía.

- N-NÃO!! 

Um grito carregado de dor ecoa pela garganta de Carla, fazendo a jovem ser amparada novamente pela amiga. Seu coração parecia ter sido arrancado de seu peito, enquanto tentava se convencer de que tudo aquilo não passava de um pesadelo. Durante toda sua vida Carla acreditou ter provado da maior dor que uma mulher poderia sentir, mas o sofrimento que provava naquele instante lhe passava a certeza de que nunca havia sentido tanta dor como agora. A jovem estava completamente desolada, mas antes que pudesse continuar a gritar toda sua dor, a voz de Viviane volta a ecoar de forma desacreditada enquanto encarava algo além delas.

- O-O que é aquilo? 

Em um movimento automático Carla ergue sua cabeça em direção à casa destruída, não demorando a sentir seu coração falhar uma batida ao ver uma silhueta romper a tensa cortina de fumaça. Obrigando seu corpo a reagir, a loira se levanta em um pulo, não demorando a permitir que as lágrimas, agora de alívio, banhassem todo seu rosto diante da cena a sua frente. Por um momento Arthur chegou a acreditar que após sobreviver a tantos perigos, o dia de sua morte havia chegado, mas bastou olhar para a menininha em seus braços para encontrar a motivação que precisava para continuar lutando. Maria Clara ainda teria muitas coisas para viver, e jamais permitiria que a vida de sua filha fosse ceifada daquela forma. Se recusava a abandonar Carla, e reunirmos todas as duas forças o bombeiro havia quebrado uma das janela antes de sair da casa, à tempo de ver toda a estrutura desabar.

- MAMÃE!

Sentindo seu corpo finalmente voltar a reagir, Carla foge do aperto de Viviane e corre até sua família, não demorando a envolver seu marido e sua filha em um abraço desesperado enquanto ainda tentava digerir o que havia acabado de ouvir.

- O-Oh meu Deus, eu achei que havia perdido vocês, e-eu...

As mãos da professora tremiam na medida em que acariciava todo o rosto da dupla à sua frente, na tentativa de se certificar de que aquilo era real e que eles estavam realmente vivos.

- Ei, meu amor, nós estamos bem, o susto já passou!

Arthur sussurra depositando um selinho nos lábios da esposa enquanto via Maria Clara se lançar no colo da mãe.

- O papai está certo, nós estamos bem, mamãe!

- Minha filha, minha menina, meu amor! 

Com o rosto ainda banhado em lágrimas, Carla volta a abraçar Maria de forma emocionada. Todo aquele pesadelo parecia ter finalmente acabado, mas antes que pudesse continuar a aproveitar do alívio que lhe envolvia naquele momento, a loira sente o desespero voltar a tomar conta de si ao ver Arthur cair de joelhos de repente enquanto colocava as mãos sobre a barriga. A jovem se preparava para perguntar o que havia acontecido, mas antes que o pudesse fazer, Picoli retira as mãos local, fazendo os olhos de Carla se arregalarem ao verem uma tesoura encravada na barriga banhada em sangue do bombeiro. Durante a briga com Felipe, seu corpo tomado pela adrenalina não havia o feito perceber o exato momento em que o presidiário havia tirado uma tesoura pontiaguda escondida em seu macacão antes de "esfaquear" o loiro, mas passada a agitação, a dor começava finalmente a ser sentida. Todo o corpo de Arthur doía, e sentindo suas forças irem embora o homem desaba no chão à tempo de ouvir a voz desesperada de Maria Clara e Carla ecoarem de forma aflita.