Capítulo 18

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NARRADORA

Carla era dona de uma inteligência notável, mas naquele momento se sentia como uma criança que ainda não sabia falar. Seu corpo se encontrava totalmente paralisado, mas em contra partida seu coração batia tão acelerado que não se espantaria se Arthur conseguisse ouvi-lo. Um misto de sentimentos tomava conta da professora naquele momento, e por mais que tentasse falar algo as palavras pareciam fugir de sua boca. Picoli observava a jovem com expectativa enquanto sentia suas mãos suarem com o nervosismo. Talvez aquele não fosse um pedido formal, mas com certeza expressava seu desejo de tê-la como namorada. O bombeiro sabia que as coisas entre eles eram complicadas, porém, por mais que fosse um gesto impulsivo, aquilo só deixava claro o quanto queria estar ao lado de Carla.

- A-Arthur...você sabe que as coisas não são tão simples assim! 

Diaz sussurra ao finalmente despertar do transe em que estava, não demorando a ver o rosto do bombeiro ser tomado pela frustração.

- Eu sei, mas...nós podemos tentar fazer dar certo!

O loiro afirma esperançoso.

- Como nós poderíamos fazer isso? Arthur...e-eu ao menos consigo ser tocada por um homem! Que tipo de pessoa estaria disposta a namorar alguém assim?

- Eu! Eu estaria disposto a fazer qualquer coisa, Carla, inclusive a não encostar em um fio de cabelo seu sem a sua permissão. Meu Deus...eu não preciso te tocar para ter certeza do que sinto por você! As pessoas estão acostumadas a envolver contato físico em tudo o que fazem, mas nós podemos fazer as coisas do nosso jeito. É claro que eu quero poder te tocar, te abraçar...te beijar, mas a sua presença é o bastante para mim. Por isso se você nunca quiser que eu toque em você, eu vou resp...

Carla interrompe.

- Eu quero...

A jovem sussurra sentindo seu rosto esquentar no exato momento em que Arthur arregala os olhos em surpresa. Era difícil acreditar que estava mesmo dizendo aquilo, mas mesmo sabendo que ainda era cedo demais para conseguir superar seu trauma de forma tão repentina, estava disposta a tentar. Não entendia o efeito que Arthur tinha sobre seu coração, mas queria tê-lo ao seu lado, e com certeza queria ser capaz de senti-lo.

- V-Você quer? 

O bombeiro sussurra ainda desacreditado enquanto tentava se convencer de que aquilo não era uma alucinação.

- Ainda é complicado para mim, eu não estou pronta para dar um passo como esse, mas...e-eu também quero fazer dar certo! 

Carla confessa com as bochechas coradas, não demorando a ver Picoli abrir o maior sorriso que já havia visto em sua vida. Os olhos do bombeiro brilhavam intensamente e sua alma parecia dançar de alegria. Se controlando para não soltar um grito de comemoração Arthur respira fundo tentando acalmar as batidas do seu coração. Em um movimento rápido o loiro pega uma folha de papel que se encontrava em cima da mesa de Carla, antes de pegar a caneta de sua mão, atraindo o olhar confuso da professora.

- O que você está fazendo?

A jovem questiona com a sombrancelha arqueada enquanto observava Picoli escrever algo no papel.

- Um contrato!

- O quê?

- Aqui diz que eu esperarei o tempo que for até você estar pronta para me deixar te tocar. E quando isso acontecer, você será obrigada a aceitar ser minha namorada na próxima vez em que eu fizer o pedido.

O homem declara de forma determina e sorri ao ver os olhos de Carla brilharem enquanto a mesma gargalhava.

- Você é louco! 

Fire - CarthurOnde histórias criam vida. Descubra agora