Fire - Carthur

Capítulo 16

NARRADORA

- Do que você está falando? 

Picoli questiona completamente confuso enquanto permanecia chocado com o absurdo daquela pergunta. O que começava a sentir por Carla era tão intenso que tal pensamento nunca havia sequer passado por sua cabeça. Apesar de todas as dificuldades, estava decidido a fazer de tudo para conseguir um lugar na vida da professora, e em especial, no seu coração.

- Você sabe o que eu quero dizer! Arthur, eu não sou como as outras mulheres! Eu nunca pensei que diria isso sobre um homem, mas você é uma pessoa incrível e merece alguém que não seja tão complicada como eu. Você me faz sorrir verdadeiramente e eu me sinto bem ao seu lado, mas não acho justo te prender à mim sabendo que talvez eu nunca consiga te dar aquilo que você teria com outra mulher. Há qualquer momento você pode perceber o quão problemática eu sou, e desistir agora pode ser mais fácil para nós dois. Você merece alguém muito melhor do eu, e talvez nós não devamos nos ver ma...

Antes que pudesse terminar de falar, Arthur a interrompe enquanto uma expressão quase desesperada tomava conta de seu rosto.

- N-Não! Por favor, nem termine essa frase! 

O loiro suplica, não demorando a respirar fundo antes de voltar a conectar seu olhar com o de Carla, adquirindo dessa vez um tom de voz sério.

- Quando você vai perceber que eu realmente gosto de você? Carla, desde a primeira vez que eu te vi você não sai da minha cabeça, e eu não faço questão alguma de mudar isso. Toda vez que te vejo eu sinto meu coração disparar e minhas mãos suarem. Eu sei que as coisas entre nós podem ser um pouco diferentes do que com as outras pessoas, mas eu não me importo. Se não tocar você é a condição que temos para ficarmos juntos, tudo bem, eu aceito e respeito isso. Só quero que você entenda que nada disso vai me fazer desistir de você, e que não há outra pessoa com quem eu deseja estar. Eu posso até estar parecendo um adolescente apaixonado, mas...Meu Deus, é nisso que eu estou me tornando! Não sei ao certo como aconteceu, mas eu estou me apaixonando por você, Carla! E sim, eu quero poder segurar sua mão, te abraçar e te beijar até perder o fôlego, mas eu prometo esperar o seu tempo, seja ele qual for. É com você que eu quero estar, e se talvez você nunca chegar a estar pronta para dar um passo maior, a sua presença vai ser o suficiente para mim. Eu posso ser mais insistente do que você imagina, e não vou a lugar nenhum até você me mandar embora da sua vida. Agora grave as minhas palavras e entenda o que eu estou dizendo de uma vez por todas. Eu não sei o que te fez duvidar disso, mas você vale muito à pena, Carla Diaz! 

O bombeiro coloca para fora tudo o que se passava dentro de si, não demorando a ver os olhos da professora brilharem devido às lágrimas que se acumulavam no local. Seu coração batia acelerado e as palavras pareciam ter fugido de sua boca. Durante toda a sua vida nunca se sentiu digna de provar de um sentimento tão bonito como aquele, mas agora, diante de Arthur, podia sentir a verdade daquelas palavras encherem seu coração de esperança. Não sabia o que o bombeiro havia visto nela, mas a partir daquele exato segundo uma parte de Carla começava a enxergar no homem alguém que talvez pudesse lhe ajudar a curar todas as feridas que ainda a machucavam.

- E-Eu não sei o que dizer...

A jovem sussurra com a voz falha enquanto continuava a sentir o olhar afetuoso de Picoli sobre si.

- Diz que ainda vai deixar eu tentar me aproximar do seu coração.

Arthur implora sentindo seu coração bater cheio de expectativa.

- Só se você me deixar escolher o lugar do nosso próximo encontro...

A loira murmura enxugando suas lágrimas teimosas enquanto permitia que um leve sorriso voltasse a nascer em seus lábios. Há poucos minutos atrás acreditava que manter Arthur afastado seria o melhor a se fazer, mas agora já não conseguia mais imaginar seus dias sem a presença do bombeiro. Saber que Picoli estava começando a nutrir um sentimento tão forte por alguém como ela fazia seu coração se aquecer, e o desejo de um dia ser capaz de provar tal sensação, crescer dentro de si. Finalmente digerindo a resposta que havia recebido, Arthur desperta de seus pensamentos e sorri aliviado enquanto tentava se controlar para não sair saltitando pela calçada como havia acontecido da última vez.