Capítulo 26

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NARRADORA

Diaz se encontrava completamente sem palavras. Seu coração batia acelerado e seus olhos arregalados observavam o anel de safira pendurado em uma delicada corrente de ouro. Aquela era a jóia da família de Arthur, e como num piscar de olhos as palavras de Beatriz voltam a se repetir na mente da professora. Conhecia a história daquele anel, e ao mesmo tempo que se emocionava com a ideia de ser importante para o bombeiro à ponto de receber um presente como aquele, Carla também era tomada pelo pavor. Nunca havia sentido algo como aquilo antes e agora percebia como estava indo mais longe do que esperava com aquela história. No fundo a loira ainda tinha medo de muitas coisas, e uma delas era o sentimento que crescia desenfreadamente dentro de si. Parecendo retomar o controle sobre o próprio corpo, a professora se senta rapidamente e coloca a mão no rosto ainda não conseguindo esconder sua surpresa.

- Oh m-meu Deus, Arthur...eu n-não posso aceit...

A jovem começa a gaguejar nervosa, mas antes que pudesse terminar de falar, o bombeiro a interrompe.

- Só...me escuta! Antes de dirigir hoje até a casa dos meus pais eu pensei muito nisso...em nós, e quando eu cheguei lá eu tive a certeza do que eu realmente queria fazer. Pode parecer loucura, mas eu já sei o que eu quero...e eu quero você, Carla! Durante muitos anos eu ouvi as histórias que minha família contava sobre esse anel, e hoje eu entendo perfeitamente o que meu tataravô sentiu quando decidiu entregar essa jóia para a mulher que havia conquistado seu coração. Para você pode ser um passo grande demais, mas eu estou disposto a esperar por você o quanto for preciso. Eu entendo o motivo que te levou a negar o meu pedido de namoro da última vez, e como prometi, eu vou continuar aguardando o momento em que você vai estar pronta para entregar seu coração para mim, mas enquanto isso não acontece, eu vou entregar o meu para você. Nunca senti algo tão intenso em toda a minha vida, mas quero que você aceite usar esse anel envolta do seu pescoço até o dia em que eu finalmente vou poder colocar ele no seu dedo. 

O loiro declara ainda perdido nos olhos de Carla enquanto via as lágrimas banharem todo o rosto da professora. As palavras pareciam ter fugido da boca de Diaz, e mesmo sentindo que não merecia alguém como o bombeiro, uma parte de 
seu coração clamava por mais daquele sentimento.

- E-Eu não sei o que dizer...

- Diz que sim! Você pode achar que estamos indo rápido demais, mas eu prometo que vou continuar respeitando o seu tempo, e se um dia você não me quiser mais na sua vida eu vou entender sua decisão e vou embora. Eu estou nas suas mãos, Carla, e tudo bem não sermos namorados, eu não preciso de títulos...preciso de você! Não faço a mínima ideia do que vai acontecer amanhã, mas quero viver o hoje ao seu lado. Nesse exato momento eu estou te entregando o meu coração. A questão é: você aceita ele? 

Picoli questiona com um sussuro enquanto tentava controlar a ansiedade que tomava conta de si. Havia passado o dia inteiro ocupado com os preparativos para a festa de Carla, mas antes de dirigir até o pet shop onde adotou Chaplin, o bombeiro havia feito uma longa e pensativa viagem até a cidade de seus pais. Sabia que aquela era uma decisão importante, mas não havia mais dúvidas do que sentia pela loira, e sua conversa com sua mãe só havia lhe confirmado o quanto tinha acertado em sua escolha. Em apenas uma noite Beatriz havia sido capaz de notar a intensidade do sentimento que existia entre o jovem casal, e no momento em que abriu a porta para o filho teve a certeza de que a hora de passar aquele anel adiante havia chegado. Um mar de emoções transportava de dentro da professora naquele exato segundo, e com seus olhos ainda conectados aos de Arthur, a loira sente seu coração continuar a bater enlouquecido. Em toda sua vida nunca havia imaginado que um dia estaria em uma situação como aquela, mas apesar do medo que ainda sentia, as palavras de Picoli começavam a ter um efeito ainda maior sobre si. Não sabia até onde aquilo iria levá-los, mas estava disposta a tentar descobrir. Havia se arriscado muito até ali, e mesmo sabendo que estava permitindo que Arthur se aproximasse perigosamente de seu coração, Carla sentia que pelo bombeiro valia a pena se lançar no desconhecido uma vez na vida.

Fire - CarthurOnde histórias criam vida. Descubra agora