Capítulo 14

692 56 20
                                    

NARRADORA

Parecendo se lembrar da lasanha que havia deixado no forno, o loiro corre até a cozinha enquanto era seguido por Carla, não demorando a encontrar a origem de tanta fumaça.

- Droga! Droga! Droga! 

Em um movimento rápido Arthur desliga o eletrodoméstico e retira a comida completamente queimada dali, a jogando na pia logo em seguida. Querendo se enterrar vivo por ter estragado o jantar, o bombeiro coloca as mãos na cabeça enquanto continuava a encarar a crosta preta que havia se formado sobre a lasanha. O homem não entendia o que estava acontecendo, já havia feito aquele prato milhares de vezes, e na primeira oportunidade que tinha para tentar impressionar Carla, havia cometido um erro "fatal" como aquele. Totalmente frustado e envergonhado Picoli volta sua atenção para a professora que continuava a analisar aquele cenário com os olhos arregalados. Arthur queria que aquele encontro fosse mágico para ambos, mas se a noite continuasse daquele jeito, tudo com certeza terminaria em desastre. Sentindo o silêncio entre eles começar a se tornar perturbador, o bombeiro respira fundo em uma tentativa desesperada de reunir toda sua coragem.

- E-Eu...

Picoli tentava encontrar as palavras certas para se desculpar por aquele acidente, mas antes que pudesse falar algo, a risada de Carla ecoa pela cozinha, o pegando de surpresa. Arthur havia temido que Diaz desistisse da chance que havia lhe dado e quisesse fugir daquele encontro catastrófico, mas ali estava ela, incrivelmente linda enquanto gargalhava divertidamente. A professora nunca havia rido tanto em sua vida, e a cada segundo que observava a lasanha tostada sobre a pia sentia sua crise de riso piorar ainda mais. O loiro a encarava completamente confuso e admirado. Já havia escutado músicas incríveis, mas a partir daquele momento a gargalhada de Carla havia definitivamente se tornado o seu som preferido em todo o mundo. Sendo contagiado pela risada da professora, Arthur se permite rir do seu próprio desastre e se diverte ao lado de Diaz.

- Eu não sei você, mas eu acho que não vamos poder comer isso! 

Carla declara com um tom de voz divertido após finalmente conseguir controlar sua crise de riso.

- Vamos nos livrar dessa coisa! 

Arthur afirma sorrindo, e concordando com a cabeça Diaz o ajuda a jogar tudo no lixo antes de voltarem a se encostar no balcão que havia na cozinha do corpo de bombeiros.

- Ainda não acredito que queimei o nosso jantar. Eu queria que tudo fosse perfeito, mas até agora a noite está sendo um desastre. Sinto muito por te decepcionar logo no nosso primeiro encontro! 

Picoli murmura coçando a nuca envergonhado.

- Ei, eu não estou nem um pouco decepcionada! Olha para esse lugar, você preparou um jantar lindo...que não deu muito certo, mas isso não importa! A sua intenção é o que vale para mim, Arthur! 

A jovem declara com um sorriso gentil nos lábios, não demorando a sentir seu coração disparar no exato momento em que seus olhos se encontram com os do bombeiro. De fato Diaz havia ficado confusa com a insistência de Viviane para lhe levar, e ainda mais surpresa ao ver que o seu primeiro encontro seria justamente na sede do corpo de bombeiros. Durante toda a tarde, Carla havia ficado dividida em uma intensa briga interna. Uma parte de si estava ansiosa por aquela momento, enquanto seu outro lado usava o seu nervosismo para tentar fazê-la desistir. Era a primeira vez que saía com um homem, e além dos medos que o seu trauma ainda carregavam, sua inexperiência a deixava completamente assustada. A loira não sabia o que deveria falar ou como deveria agir, mas agora, diante do olhar intenso de Arthur, sentia aquela preocupação boba deixar de existir. Era claro que ainda haviam limites que ela não estava pronta para ultrapassar, mas já era impossível negar o quão bem se sentia ao lado de Picoli. Toda vez que seus olhos se encontravam o tempo parecia congelar. Mas começando a se assustar com a intensidade daquele momento e dos sentimentos que passavam a crescer dentro de si, Carla desvia seu olhar do de Arthur enquanto sentia suas bochechas corarem timidamente.

Fire - CarthurOnde histórias criam vida. Descubra agora