Capítulo 48

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MESES DEPOIS

ARTHUR 

Sorrio observando Carla dormir em meu peitoral enquanto meus dedos acariciavam suas costas nuas. As vezes eu ainda me pegava pensando que tudo o que tenho vivido não passa de um sonho, mas toda vez que meu olhar recai sobre a linda mulher adormecida ao meu lado, eu percebo o quanto nossa felicidade é real. Eu havia esperado pacientemente por ela, e com certeza faria tudo de novo, quantas vezes fossem necessárias. Os meses haviam se passado como num piscar de olhos, mas a cada dia que se passava eu me sentia ainda mais completo. Carla continuava a frequentar a terapia, e por mais que eu me empenhasse para curar suas feridas com o meu amor, nós dois sabíamos da importância de um acompanhamento profissional, que não demorou a se fazer presente na vida de Maria Clara também. Minhas duas meninas haviam passado por momentos terríveis, e por mais que eu quisesse voltar no tempo para tentar evitar que todo aquele pesadelo acontecesse, a única coisa que me restava fazer era dar tudo de mim para que nenhum mal voltasse a acontecer com elas. Olho para a mão de Carla repousada sobre minha cintura e sorrio ao ver nossa aliança de casamento em seu dedo. A cada dia que se passava eu a amava mais, e finalmente tê-la como minha esposa depois de tudo o que passamos para chegar até aqui, é indescritível. Eu daria a minha vida por ela sem ao menos hesitar, e com a chegada de Maria Clara em nossas vidas, esse amor parecia duplicar de tamanho todos os dias. Mesmo estando feliz com a rotina que levávamos, ainda havia algo que me afetava, e bem no fundo eu sabia que afetava à Carla também. Mesmo entendendo as experiências traumáticas que Maria Clara havia vivido com sua "família" biológica, tudo o que queríamos era ouvi-la nos chamar de pai e mãe, e mesmo estando disposto a esperar pelo tempo dela, eu não via a hora de vê-la realmente me aceitar como a pessoa que daria a própria vida para protegê-la. 

Desperto dos meus pensamentos ao ver que já se passava das 03:30 da madrugada, e já prevendo que não conseguiria voltar a dormir por agora, me levanto da cama com cuidado para não acordar minha esposa e visto uma roupa antes de caminhar para fora do quarto. Toda a casa estava cheia de caixas de papelão e em poucas horas esse deixaria de ser nosso lar. Há algum tempo atrás havíamos decidido nos mudar para uma casa maior onde poderíamos ter mais espaço para criar Maria Clara, e mesmo que eu e Carla ainda não tivéssemos entrado nesse assunto, eu sonhava com o dia em que teríamos um bebê nosso correndo por todos os lados. Eu sabia que esse era um ponto delicado após o aborto que ela havia sofrido quando era mais nova, e mesmo desejando ver o fruto do nosso amor crescer em seu ventre, eu estava disposto a tudo para fazê-la feliz, inclusive abrir mão desse sonho. Voltando a caminhar pelo corredor me direciono até o quarto de Clara e sorrio ao vê-la dormir profundamente em sua caminha. Após zelar por seu sono durante mais alguns segundos, volto a andar em direção a cozinha, não demorando a abrir a geladeira. Os minutos se passavam rapidamente, e como num piscar de olhos eu termino de preparar meu lanche da madrugada, não demorando a ouvir o som de passos se aproximarem. Sorrio acreditando ser Carla, mas assim que me viro sou pego de surpresa ao ver Maria parada na entrada da cozinha enquanto abraçava um de seus ursinhos de pelúcia.

- Ei, princesinha, o que faz acordada a essa hora?

- Eu tive um pesadelo. 

NARRADORA

A pequena murmura baixinho, fazendo Arthur suspirar antes de abrir os braços em sua direção.

- Vem cá! 

Sem demorar nem mais um segundo Maria Clara caminha até o bombeiro, não demorando a sentir o mesmo carrega-la em seus braços antes de lhe colocar sentada sob a bancada da cozinha.

- Quer me contar como foi esse pesadelo?

Em um movimento rápido a criança balança a cabeça negativamente.

Fire - CarthurOnde histórias criam vida. Descubra agora