Capítulo 30

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NARRADORA

- O q-quê? Não pode ser possível! 

Tentando acreditar que tudo aquilo não passava de um pesadelo Arthur corre até o círculo de pessoas que seguravam a lona, não demorando a sentir seu coração falhar uma batida ao ver que o material realmente se encontrava rasgado. Picoli estava acostumado em enfrentar situações como aquela, mas naquele momento toda sua experiência parecia ter deixado de existir. Em toda sua vida o bombeiro nunca havia sido tomado pelo desespero daquela forma, e totalmente cegado pelo medo de perder a mulher que amava, Arthur corre até a roda gigante. Em um gesto impulsivo o loiro tenta escalar a estrutura de ferro, mas logo sente várias mãos o puxarem de volta ao ver a estrutura inclinar ainda mais rápido com o peso de seu corpo.

- ME SOLTA, EU TENHO QUE TIRAR ELA DE LÁ!

Picoli estava completamente fora de si, mas antes que pudesse tentar escalar em direção à Diaz mais uma vez, o corpo de bombeiros finalmente chega, o fazendo ver Ronan se aproximar correndo logo em seguida.

- Graças a Deus vocês chegaram!

- Ei, cara, o que aconteceu?

- A C-Carla está presa lá em cima, e e-eu...

- Arthur, você precisa manter a calma! 

Ronan tenta tranquilizar o amigo que se encontrava nitidamente abalado, não demorando a ver o loiro se exaltar ainda mais.

- A MULHER QUE EU AMO CORRE O RISCO DE DESABAR COM ESSA RODA GIGANTE, ENTÃO NÃO ME PEÇA PARA FICAR CALMO!

Picoli explode de uma vez por todas, mas antes que pudesse continuar a ser guiado pelo medo de perder Carla, a voz de Ronan volta a trazê-lo para o mundo real.

- E então, o que devemos fazer, capitão?

Como se houvesse levado um choque de realidade o bombeiro arregala os olhos e encara o amigo. Estava de folga naquele dia, mas sabia que a única pessoa que poderia fazer aquele resgate era ele. Se esforçando ao máximo para controlar todas as emoções que transbordavam de seu interior Arthur respira fundo e volta a se recompor, tomando finalmente o controle da situação.

- A direção do vento sugere que a queda acontecerá do outro lado, então esvaziem a outra área do parque e estacionem o caminhão o mais próximo possível da roda gigante. A estrutura de ferro está frágil demais e se tentarmos escalar ela vai ceder no mesmo instante. Não vai dar tempo de encher a cama de ar, vamos ter que ser rápidos. Eu vou subir no teto do caminhão e vou amortecer a queda da Carla com o meu corpo.

- Vai mesmo fazer isso?

- Sem ao menos hesitar! 

Percebendo que não conseguiria fazer o amigo mudar de ideia, Ronan respira fundo e retira seu capacete, entregando o objeto de proteção para Picoli logo em seguida.

- É você quem manda, capitão!

Sem demorar nem mais um segundo todo o corpo de bombeiros obedece as instruções de Arthur, fazendo o loiro subir no caminhão logo em seguida. Carla observava tudo do alto enquanto continua a sentir as lágrimas de desespero banharem seu rosto. A cada segundo que se passava a estrutura de ferro cedia ainda mais rápido, deixando a jovem a beira de uma crise de pânico. Diaz estava apavorada, mas logo sua atenção volta a ser direcionada até o homem que havia conquistado seu coração ferido.

- CARLA, EU PRECISO QUE OLHE PARA MIM E FAÇA O QUE EU PEDIR. VOCÊ TEM QUE PULAR DAÍ AGORA!

- N-NÃO, EU N-NÃO POSSO! 

A professora afirma completamente apavorada ao mesmo tempo em que olhava para baixo.

- EU SEI QUE VOCÊ DEVE ESTAR APAVORADA AGORA, MAS EU PRECISO QUE CONFIE EM MIM. EU JAMAIS PEDIRIA ISSO SE NÃO FOSSE NECESSÁRIO, MAS VOCÊ VAI TER QUE IGNORAR A SUA AVERSÃO POR UM MINUTO, E VAI TER QUE SE JOGAR NOS MEUS BRAÇOS. 

Fire - CarthurOnde histórias criam vida. Descubra agora