Fire - Carthur

Capítulo 49

NARRADORA 

- Não adianta se esconder, eu vou te pegar!

Felipe cantarola com um tom de voz sombrio enquanto continuava a revistar todos os quartos atrás da criança. Alguns minutos já haviam se passado desde o momento que havia deixado Carla desacordada no andar de baixo, e mesmo sabendo que seria preso novamente, tudo o que sua mente doentia desejava fazer era terminar de marcar para sempre a pessoa "responsável" por tudo o que havia acontecido de ruim em sua vida. Havia ensaiado sua vingança diversas vezes, e a cada passo que dava, sentia que estava cada vez mais perto de finalizar o que havia começado

- APARECE LOGO, PIRRALHA! 

Lombardi grita irritado, e começando a perder a paciência o homem faz menção de abrir mais uma das portas do corredor onde estava, sorrindo maliciosamente ao perceber que a mesma estava trancada.

- Então é aqui que você estar, né, sua ratinha? 

Sem esperar nem mais um segundo o fugitivo chuta a porta com força, não demorando a começa a esmurrar o objeto com ira ao perceber que a mesma permanecia intacta.

- ABRE ESSA PORTA AGORA!

Felipe ordena começando a perder a paciência, fazendo Maria Clara se encolher assustada enquanto permanecia encolhida dentro do guarda-roupa de seu quarto. Aquele havia sido o primeiro lugar onde havia pensado em se esconder, porém, agora sabia que era questão de tempo até o monstro que perseguia seus sonhos, derrubar a porta que os separava. A criança queria acreditar que tudo aquilo não passava de mais um pesadelo, e mesmo sentindo o medo percorrer suas veias ao se imaginar sendo tocada por Felipe, seu coração batia com a esperança de que a qualquer momento seu verdadeiro pai viria lhe salvar. 

Não muito longe dali Arthur dirigia de volta para casa enquanto ouvia uma música qualquer tocar no rádio. Já havia cuidado de toda a mudança, e agora só precisava buscar suas duas meninas para finalmente darem início a mais uma fase de suas vidas. O bombeiro dirigia tranquilamente pela rua, mas antes que pudesse estacionar em frente ao local onde havia visto Carla e Maria pela última fez, Picoli sente seu coração falhar uma batida enquanto via de longe um grupo de pessoas começar a se formar em frente a sua antiga casa. Um mal pressentimento parecia ter se alastrado por todo o corpo do homem, e em um movimento rápido Arthur se apressa a sair do automóvel, não demorando a sentir seu mundo virar de cabeça para baixo ao ver a cena à sua frente. Toda a casa começava ser consumida pela fogo enquanto o andar de baixo era tomado pela chamas que em breve não demorariam a tomar conta de todo o andar superior também. Todo o corpo do jovem parecia estar paralisado, mas finalmente digerindo o que acontecia ali, Arthur sente o desespero tomar conta de si ao pensar nas duas preciosidades que havia deixado ali há algum tempo atrás.

- N-Não...CARLA! MARIA CLARA! 

Em um movimento rápido o bombeiro corre em direção ao incêndio enquanto ouvia o grito assustado das pessoas presentes no local. Para todos eles, entrar desprotegido em uma casa em chamas, era loucura, mas naquele momento o único pensamento de Arthur era tirar suas duas meninas dali. Sem ao menos hesitar, o homem chuta a porta tomada pelo fogo, com força, não demorando a ser abraçado pelo calor que tomava conta do local. Picoli se prepara para gritar o nome de sua esposa e de sua filha, mas antes que pudesse fazer isso, um latido alto chama sua atenção, o guiando diretamente até a cozinha. Sentindo seu coração bater acelerado Arthur adentra o cômodo, não demorando a ser tomado pelo desespero diante do cenário à sua frente. Carla se encontrava desmaiada no chão da cozinha enquanto Chaplin permanecia inquieto ao seu lado. Em um movimento rápido o bombeiro corre até a amada e a puxa para seus braços enquanto tentava desperta-la.

- Cá, meu amor! Fala comigo! 

O homem implora aflito, despertando somente ao ouvir o som de algo caindo no chão após ser consumido pelo fogo, lembrá-lo de que ainda estavam em meio a um incêndio.