Capítulo 29: Três vezes confuso:

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Lição do dia: "Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens. Poucas coisas são tão humilhantes, e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso." - (William Shakespeare).

Fase 3 – Junho/2021.





Dia 07 – Domingo:





Josh-




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Atenção: Play na música tema do capítulo. (Hoje vamos sofrer em português SIM).

"Não sei se mudou a estação; Sei que não é mais verão; Estou deixando o nosso ninho; Decidi voar sozinho; Vou em busca de outro amor; Não tem mais doce a nossa flor; Eu preciso de carinho; Nem que seja um pouquinho." - (Mudou a Estação - Marília Mendonça/ Henrique e Juliano).

Deixo a garagem do meu antigo prédio e piloto sem rumo definido.

Quero apenas me afastar dele e dessa sensação incômoda de familiaridade que me tomou, durante esse dia estranho.

Faz muito tempo, Josh. Você já superou. O passado está morto e enterrado.

Hoje tudo foi demais para minha própria sanidade mental e pensar que ele está na minha casa, onde inúmeras noites sofri tentando esquecê-lo, não ajuda em nada.

Sério, o que estou fazendo da minha vida? Por que fui me meter nisso? Por que essa mania de querer salvar alguém, que nem sequer sei se merece ser salvo?

Preciso, urgentemente, aprender a controlar esse apego a tudo que vivi no orfanato, antes que afunde demais.

Quanto mais confuso me sinto, mais acelero, o ponteiro do velocímetro não para de subir.

Sei que não devia fazer isso, que é irresponsabilidade da minha parte, mas uma injeção de adrenalina sempre me ajuda a esquecer, pelo menos, por um curto de período de tempo, aquilo que é necessário.

Por isso, pratico motocross, alpinismo, escalada e boxe, enquanto estou me exercitando de alguma forma, tudo se cala, inclusive a dor e o medo.

Faço uma curva rasgando, mal estabilizo a moto em linha reta, um cachorro grande e negro, atravessa na minha frente. Em segundos, tomo a decisão de desviar para não atropelar o animal, mesmo sabendo que vou sofrer uma queda.

Viro o guidão para a esquerda com tudo, encontro o asfalto primeiro, minha máquina tomba uns centímetros à frente. Ainda bem que não caiu sobre mim, seu peso quebraria alguma parte do meu corpo.

Tiro o capacete e analiso os possíveis danos. Bati o cotovelo e braço esquerdos, sinto uma dor moderada no cóccix, a perna direita lateja bastante, nada insuportável. Como consigo me levantar, concluo que não está quebrada.

Próxima etapa, checar meu bem mais querido. Arranhões na lataria aqui e ali, nada muito grave. Testo a ignição, funciona normalmente. Coloco-o de pé e uso o suporte.

Quando me abaixo para pegar de volta o capacete, noto um rasgo na manga da jaqueta de couro.

Meu autocontrole se perde de vez e no instante seguinte, me vejo abaixado, com as duas mãos nos joelhos, gritando alto, na esperança de desfazer esse nó gigante na minha garganta.

De súbito, me sinto enojado por usar suas roupas, só quero me livrar delas... e dele... de todo e qualquer vestígio em mim.

Arranco o agasalho e camiseta com pressa, coloco no baú de qualquer jeito. Tiro de lá um moletom que nem sabia que tinha. Parece sujo, mesmo assim visto. Graxa é bem melhor do que a alternativa.

Três vezes amor Onde histórias criam vida. Descubra agora