Capítulo 71: Uma vez emergência:

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Lição do dia: "Se há uma coisa que aprendi na vida é o poder de usar a própria voz." - (Michelle Obama).

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Atenção: Play na música tema do capítulo:

"Será que é tempo; Que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo; Pra perder? E quem quer saber?A vida é tão rara; Tão rara." - (Paciência - Lenine).

Fase 3 - Outubro/21.





Dia 105 - Domingo:





Josh-





Após eliminar quase 70% da água que tinha no meu corpo, consigo me acalmar sozinho.

Analiso minhas mãos e procuro a origem do sangramento. Encontro um corte de uns cinco centímetros na palma esquerda. É fundo, vou precisar de pontos.

Levanto muito rápido e fico tonto, não sei se pela quantidade de sangue que perdi, ou por ter colocado tudo que comi para fora.

Durante alguns segundos, tudo escurece e temo perder a consciência. Um pensamento horrível cruza a minha mente. Não quero morrer na sarjeta de uma cidade que nem conheço, longe da minha casa e da minha família. Balanço a cabeça para espantar toda essa negatividade. Eu vou ficar bem.

Me apoio no carro, olho para cima, a chuva que ainda não deu trégua, cai direto nos meus olhos, causando incômodo.

Assim que me sinto um pouco melhor, tiro a camisa e uso para varrer os cacos de vidro do banco, que forro com o tecido para previnir novos machucados.

Checo o painel e percebo como ficou totalmente destruído, preciso refletir sobre a explicação que darei na seguradora. Nem imagino quanto meu descontrole vai custar.

Logo, foco em coisas mais importes, preciso impedir o líquido vermelho, que continua escorrendo pelos meu braço. Tiro do porta-malas uma flanela, amarro firme na mão ferida para estancar o sangue. Acho que vai servir até chegar em um hospital.

Procuro no celular o pronto-socorro mais próximo. Encontro um a oito minutos de distância. Coloco o endereço no GPS e dirijo com cuidado redobrado porque a pista está molhada.

Só me lembro que estou ensopado quando começo a tremer de frio. Pego um moletom no banco traseiro, visto. Ligo o ar quente e a sensação aconchegante me invade.

Decorrido o tempo previsto, estaciono e entro pela emergência. Mal cruzo a porta e desfaleço, como se meu corpo soubesse o momento exato para sucumbir.

Não chego a desmaiar, duas enfermeiras me amparam, um segurança traz uma cadeira de rodas.

Estar nesse ambiente estéril me faz sentir falta das minhas amigas, principalmente da Hina, que sempre fazia questão de nos acompanhar em qualquer atendimento médico, mesmo cansada de um plantão ou cirugia. A simples presença dela, sem interferir em nada, era reconfortante ao ponto de tornar a experiência menos desagradável.

Queria que ela estivesse aqui comigo, não porque tenho medo de injeção, mas porque me sinto terrivelmente solitário, como não ficava há muito tempo.

Faço um Raio X para identificar possíveis fraturas. Tomo anestesia localizada e cinco pontos. Recebo toalhas para me secar e uma camisola hospitalar, que revela boa parte da minha retaguarda. Cubro como posso, com meu moletom semi-seco.

Três vezes amor Onde histórias criam vida. Descubra agora