Três vezes amor

Capítulo 56: Uma vez força invisível:

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Lição do dia: "Aprendi que as memórias podem ter uma presença física, quase viva." - (John Tyree).

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*Alerta: Conteúdo sensível que pode ser gatilho para algumas pessoas.

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Passagem de tempo / 10 dias depois:

Fase 3 - Agosto/21.

Dia 58 - Terça-feira:

Noah-

Abro os olhos sentindo aquela maldita letargia de sempre.

Ao ouvir o alarme sonoro, que avisa do café da manhã, meu estômago se embrulha.

Faz um bom tempo que não sei o que é comer com vontade.

Escovo os dentes de costas para o espelho minúsculo porque hoje é um daqueles dias em que não suporto a minha aparência.

Me sinto um caco, um nojo, um lixo, um nada.

Entro na primeira fila do dia. Ao final, recebo meus três comprimidos, todos com cores diferentes.

Passo pela garganta, enquanto tento me convencer de que são m&m's.

Me sirvo com o café. A refeição é a mesma de sempre: insossa, insípida, sem gosto, sem graça, sem sentido.

Não vejo motivos para me nutrir, ainda assim, mastigo o pão, evitando olhar em volta para não ter aquele momento de conscientização sobre o que me tornei.

Sigo para a área externa. Sento perto de uma árvore. Até que o dia está bonito.

Por um instante, desejo um violão para tocar algumas notas, pena que o meu é inútil aqui.

Tiro de um bolso, o caderno molenga e sem arame. O lápis do outro.

Uma das minhas tarefas, consiste em escrever num diário.

No início odiava a obrigação, agora, se tornou um dos meus refúgios para me manter presente e ter esperanças.

Sigo os passos que me foram ensinados. Item 1 - escrever como me sinto fisicamente: Garganta seca. Dores no corpo. Excesso de calor. Meio lento de raciocínio.

Item 2 - como me sinto psicologicamente: Bem, ótimo, fantástico. Mentira, me sinto como uma garrafa plástica, que estava no caminhão rumo a reciclagem e depois de uma rajada de vento, caiu na rua e perdeu a chance de virar um novo produto, com nova vida útil.

Não sei se faz sentido, escrevo mesmo assim, afinal, eu sou o único que pode falar por mim.

Item 3: minhas resoluções do dia: Sair. Eu quero deixar esse lugar e se possível, recomeçar.

Será que tem alguém disposto a me acompanhar nesse recomeço? Preciso acreditar que sim. Os olhos azuis cruzam minha mente pela milésima vez.

Acho que a mesma lufada de vento que derrubou a garrafa prestes a ser reciclada, estava disposta a me arrasar, posto que passa as páginas e me carrega de volta ao passado, para quando cheguei aqui.