Três vezes amor

Capítulo 69: Uma vez procurar e achar:

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Lição do dia: "Aprendi a viver, ou conviver, com a falta, a perda, a ausência... Certas coisas, não vale a pena ter de volta." - (Querido John).
  

Fase 3 - Outubro/21.

Passagem de tempo / 3 dias depois:

Dia 105 - Domingo:

Josh-

Jogado no sofá, insisto na mesma rotina destrutiva. Tem três dias que encaro esse pedaço de papel e não consigo fazer nada a respeito.

Desde que deixei o Noah com a família na casa que aluguei, e me instalei no flat de propriedade do escritório que vou atuar, não pensei em mais nada, além dessas palavras escritas na caligrafia cuidadosa da Nour.

Ando de um lado para o outro na sala, até ficar tonto e perder mais ainda o rumo.

Faço uma lista mental de prós e contras. As fileiras ficam iguais no tamanho e na irrelevância.

Relembro um dos ditados que o Padre recitava todos os dias no orfanato: "quem procura, acha."

Perco alguns minutos refletindo sobre o assunto. Achar não é precisamente o objetivo? Por que seria tão ruim atingir o resultado pretendido desde o início? Essa porra não faz sentido!

De súbito, tomo uma decisão... Eu preciso saber, ou passaria o resto da vida me fazendo as mesmas perguntas.

Pego as chaves do carro alugado, enfio a carteira no bolso. Tranco tudo e caminho para a garagem.

Levo alguns segundos me convencendo a girar a ignição e ligar o motor. O medo que passeia desenfreado pelo meu corpo, se instala nos membros, me incapacitando.

Digito o endereço no GPS. 20 minutos de distância. Respiro fundo e conduzo no trajeto indicado pelo navegador.

De fato, estou em busca de um encerramento, mas seria hipocrisia fingir que não gostaria de um recomeço.

Quem sabe um primeiro passo deva ser dado para que coisas melhores aconteçam na sequência? Estou disposto a tomar essa iniciativa.

Antes que me dê conta, estaciono em frente a casa certa.

É impressionante como o tempo passa rápido quando se está atolado em dúvidas.

Olho na direção do imóvel e ele é igualzinho ao que fantasiava na minha infância, motivo pelo qual, tenho de lutar contra a repentina vontade de chorar.

Você não é mais um garotinho assustado, Josh. Você já cresceu. É um homem feito. Nenhum monstro que esteja atrás daquela porta, pode te machucar.

Imbuído desses pensamentos realistas, desço do veículo e dou passadas aceleradas, não porque tenho pressa, mas porque se eu repensar minha decisão um segundo a mais, vou mudar de ideia e sair daqui correndo a toda velocidade.

Com a ponta dos dedos, tateio o acessório guardado no meu bolso direito. Ele pesa mais de uma tonelada e me puxa para baixo... bem baixo...

Em pé na varanda e sem alternativa melhor, aperto a campainha. Seria patético chegar tão perto e desistir, certo?

Acho que preciso disso para tocar minha vida. Chega de ser escravo do passado e dar àquele abandono, tanto poder sobre mim.

22 anos atrás, alguém tomou uma decisão que tem interferido diretamente em quem sou, e na maioria dos meus caminhos.